SANTA RITA DE CÁSSIA
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A vida de Santa Rita de
Cássia: |
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O nascimento: Santa
Rita nasceu em um pequeno povoado chamado Rocca Porena, situado na região de Cássia, na
província da Úmbria, no centro da Itália. Na Úmbria nasceram muitos filhos ilustres,
entre eles São Francisco de Assis, São Bento e Santa Clara, além de Santa Rita.
Os pais de Santa Rita, Antonio Mancini e Amata Serri, formavam um casal exemplar e eram
conhecidos pelos seus concidadãos como "pacificadores de Jesus Cristo". Gozavam
de imenso prestígio e autoridade no meio daquela gente, por suas virtudes. Sua ocupação
diária era visitar os vizinhos mais necessitados, levando a eles ajuda espiritual e
material.
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Para que sua felicidade fosse completa, porém, faltava
ao casal um filho que estreitasse ainda mais o seu amor. Apesar da idade avançada de
Amata (62 anos), nem por isso deixavam de confiar em Deus e foi assim Deus atendeu às
suas preces: conta a história que um anjo apareceu a ela e lhe revelou que daria à luz
uma menina que seria a admiração de todos, escolhida por Deus para manifestar a todos os
seus prodígios. A 22 de maio de 1381, nasceu esta admirável criatura, que foi batizada
em Santa Maria dos Pobres, em Cássia, porque o pequeno povoado de Rocca Porena somente
passou a ter uma pia batismal em 1720. O nome de Rita, diminutivo de Margarida
(Margherita, em italiano) foi revelado pelo anjo, com o qual a Santa se tornou conhecida
para sempre.
Quanto Antonio e Amata iam trabalhar nos campos, colocavam sua filhinha em um cestinho
de vime, que levavam consigo, e abrigavam-na à sombra das árvores.
Um dia, enquanto lavradores e pássaros cantavam em uníssono, a
criança sonhava, com os olhos voltados para o céu azul, quando um grande enxame de
abelhas brancas a envolveu, fazendo um zumbido especial. Muitas delas entravam em sua boca
e aí depositavam mel, sem a ferroar, como se não tivessem ferrões. Nenhum gemido da
criança para chamar seus pais; ao contrário, dava gritinhos de alegria.
Enquanto isso, um lavrador que estava próximo feriu-se com uma foice, dando um grande
talho na mão direita. Dirigindo-se imediatamente para Cássia, a fim de receber os
necessários cuidados médicos, ao passar perto da criança viu as abelhas que zumbiam ao
redor de sua cabeça. Parou e agitou as mãos para livrá-la do enxame. No mesmo instante,
sua mão parou de sangrar e o ferimento se fechou. Deu gritos de surpresa, o que chamou a
atenção de Antonio e Amata, que acorreram ao local. O enxame, por poucos instantes
disperso, voltou ao seu lugar e mais tarde, quando Rita foi para o mosteiro de Cássia, as
abelhas ficaram nas paredes do jardim interno.
Este fato é relatado por todos os biógrafos da santa e transmitido pelas tradições e
pinturas que a ele se referem. A Igreja, tão exigente para aceitar as tradições, insere
esta circunstância nas lições do Breviário. Tendo atribuído o nascimento de Rita a um
milagre, seus pais também atribuíram este acontecimento a um prodígio divino.
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Infância e JuventudeRita era para seus pais um precioso
dom concedido à sua fé e orações, e assim eles se esmeravam em educar a sua filha nos
sentimentos religiosos. Analfabetos, procuravam transmitir à criança seus conhecimentos
da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Santa Virgem Maria e dos santos populares. Apenas
chegara à idade da razão, apareceram em Rita os primeiros sinais de virtude que, sob
influência da graça divina, ia-se desenvolvendo em sua bela alma.
Rita era um anjo, dócil, respeitosa e obediente para com seus velhos pais, a quem amava
com delírio. Os ensinamentos que seus pais lhe davam levaram-na a decidir, aos 8 anos de
idade, a consagrar a sua virgindade a Jesus, esposo das virgens.
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Gostava tanto da vida retirada que seus pais lhe
permitiram ter um oratório dentro de casa; ali passava os dias meditando no amor de
Jesus, castigando seu inocente corpo com duras penitências. Aos 16 anos, pensava no
modo de confirmar definitivamente sua consagração a Jesus Cristo por meio dos votos
perpétuos. Rita chegou a pedir, de joelhos, licença para entrar no convento. Seus pais,
porém, com a idade avançada e guiados pelo amor natural, não querendo deixá-la só no
mundo, resolveram casá-la com um jovem que pedira sua mão. Não se sabe exatamente qual
a idade de Rita nessa época; certos autores dizem que tinha 18 anos.
Que lutas, que dores para o coração dessa jovem, entre o amor à virgindade e a
obediência devida a seus pais! Não tinha coragem de dar a um homem o coração que desde
a infância consagrara a Deus e, por outro lado, causavam-lhe piedade seus velhos pais,
muito idosos, aos quais se acostumara a obedecer nas mínimas coisas.
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O Casamento:
O jovem que pedira a mão de Rita era Paulo Fernando, descrito como um homem
pervertido, de caráter feroz e sem temor a Deus, com o qual não se podia discutir e que
seria capaz de provocar um verdadeiro escândalo se Rita e seus pais não consentissem
nesse casamento. Foi assim que Rita se viu obrigada a esse casamento.
Quanto padeceu ela no longo período de 18 anos que viveu com seu esposo! Injuriada sem
motivo, não tinha uma palavra de ressentimento; espancada, não se queixava e era tão
obediente que nem à Igreja ia sem a permissão de seu brutal marido.
A mansidão, a docilidade e prudência da esposa, porém, suavizaram aquela rude
impetuosidade, conseguindo transformar em manso cordeiro aquele leão furioso. Fernando
não pôde resistir a tanta abnegação e mudou completamente de vida, tornando-se um
marido respeitoso.
Rita sentia-se muito feliz por ver o seu marido convertido ao bom caminho. Não se
cansava de dar graças a Deus por tamanho benefício. Sentia-se feliz por educar nos
princípios da religião os dois filhinhos que o céu lhe dera: João Tiago e Paulo Maria.
Mas durou pouco tempo aquela felicidade de santa esposa e mãe! Quando menos esperava,
tudo mudou, e de um modo muito violento e trágico: seu marido foi ferozmente assassinado
pelos inimigos que fez em sua vida de violência. Rita tomou todas as providências para
um sepultamento digno para seu marido, multiplicando suas orações e penitências em
sufrágio da sua alma. Praticou, ainda, o supremo ato heróico de perdoar os seus
assassinos.
Refeita da primeira dor causada pela morte do marido, a piedosa mulher concentrou toda
sua atenção e solicitude em seus dois filhos. A mãe atenta percebia que os dois jovens
apresentavam sintomas de desejos de vingança, o que ela não podia aceitar. Rita percebeu
que seus filhos não mais a escutavam com a mesma docilidade e que a voz do sangue os
arrastaria mais tarde ao mal.
Quando se viu em tal situação, a mãe dedicada tomou uma resolução heróica e pediu
a Jesus Crucificado que levasse os seus filhos inocentes, se fosse humanamente impossível
evitar que se tornassem criminosos.
Um após outro, caíram doentes os meninos e Rita os tratou com o máximo cuidado,
velando para que nada lhes faltasse, procurando todos os remédios necessários para lhes
conservar a vida, mesmo à custa dos maiores sacrifícios.
Sabia que era seu dever socorrê-los e queria cumprir generosamente esse dever. Os meninos
morreram, com pequeno intervalo, um após o outro, cerca de um ano depois da morte de seu
pai. Rita depositou os corpos de seus filhos ao lado de seu marido e ficou só no mundo;
só, mas com seu Deus.
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Em busca do antigo sonho:
Desligada dos laços do matrimônio e dos cuidados maternais pela morte do esposo e
filhos, Rita passou a se dedicar com afinco à prática das virtudes, às obras de
caridade e à oração. A caridade para com o próximo era inesgotável. Não se
contentando em dar o que tinha, trabalhava com suas próprias mãos para poder dar mais, e
convidava suas amigas e conhecidas para que fizessem o mesmo.
Tudo isto, porém, não bastava para aquela alma inflamada pelo amor divino. Em seus
sonhos de menina, Rita sempre tinha aspirado ao claustro como a um asilo de paz para sua
alma. Quando ia à cidade, ao passar diante das portas dos mosteiros onde teria podido
servir a Deus com todas as suas forças, parecia-lhe que uma força interior e poderosa a
atraía, e ela experimentava uma santa inveja das virgens que ali estavam encerradas.
Mas, que abismo entre os seus primeiros anos e seu estado atual! Embora a voz que a
chamava ao estado religioso continuasse forte, poderosa e insistente, Rita sabia que não
podia mais levar o frescor virginal de sua vida de menina e achava-se indigna de viver
entre as virgens consagradas a Deus. Rita encorajou-se, porém, e resolveu fazer uma
tentativa.
Bateu à porta do convento das agostinianas de Santa Maria Madalena e expôs à
superiora o seu ardente desejo. Seu aspecto humilde e piedoso causou excelente impressão
na religiosa; mas o convento, que somente recebia jovens solteiras, jamais havia aberto
suas portas a uma viúva, e a pobre mulher se viu rejeitada. Imaginem em que estado de
alma Rita voltou a Rocca Porena. Voltou às suas orações, às mortificações, às boas
obras e, tendo retomado a confiança, voltou ainda por duas vezes à porta do mosteiro de
Santa Maria Madalena, sofrendo duas novas rejeições. Rita se abandonou à vontade de
Deus, recomendando-se mais do que nunca a seus santos protetores.
Quando Deus a viu perfeitamente resignada e confiante, teve compaixão dela e, uma noite,
quando estava em oração, ouviu chamar: "Rita! Rita!". Ela não viu
ninguém e, pensando ter se enganado, voltou às suas orações. Mas, pouco depois, ouviu
novamente: "Rita! Rita!". Desta vez, teve a certeza de que não se
enganara. Levantando-se, abriu a porta e foi à rua. Eram 3 homens e Rita não tardou a
reconhecê-los: eram seus protetores São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de
Tolentino, que a convidaram para segui-los.
Em êxtase, como num sonho, ela os seguiu e em pouco tempo estava em Cássia, diante do
convento de Santa Maria Madalena. As religiosas dormiam e a porta esta bem trancada. A
mesma porta que por três vezes se fechara diante dela, a porta que lhe era a entrada do
paraíso terrestre. Era impossível abrir essa porta por meios humanos, mas os santos que
Deus enviara para acompanhá-la fizeram com que ela se encontrasse no interior do
mosteiro.
Quando as religiosas desceram para se reunir no coro, ficaram estupefatas ao encontrar
a santa mulher que tinha sido insistentemente rejeitada. Como entrara ela, se o mosteiro
estava completamente fechado e não havia sinal algum de abertura ou arrombamento? As
freiras se impressionaram com o relato que Rita fez do acontecido e, diante de um milagre
tão estupendo, reconheceram os desígnios de Deus e admitiram jubilosas em sua companhia
aquela criatura mais angelical que humana.
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A vida no convento: A primeira coisa que Rita fez, ao ser
admitida no convento, foi repartir entre os pobres todos os bens que possuía. Livre dos
empecilhos terrenos, admirável era a sua obediência, profunda era a sua humildade,
grandes eram as suas mortificações e penitências.
Para colocar à prova a obediência da noviça, a superiora do convento ordenou-lhe que
regasse de manhã e à tarde um galho seco, provavelmente um ramo de videira ressequido e
já destinado ao fogo. Rita não ofereceu dificuldade alguma, e de manhã e de tarde, com
admirável simplicidade, cumpria essa tarefa, enquanto as irmãs a observavam com irônico
sorriso. Isso durou cerca de um ano, segundo certas biografias da santa. |
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Um belo dia, as irmãs se assombraram: a vida reapareceu naquele galho ressequido,
surgiram brotos, apareceram folhas e uma bela videira se desenvolveu maravilhosamente,
dando a seu tempo deliciosas uvas. E essa videira, velha de cinco séculos, ainda hoje
está viçosa no convento.
Em 1443, veio a Cássia para pregar a Quaresma, São Tiago de La Marca. O sermão da
paixão de Nosso Senhor sensibilizou profundamente Rita, que compareceram com as outras
religiosas para ouvir a pregação. Voltando ao convento, profundamente emocionada com
o que ouvira, prostrou-se diante da imagem do crucifixo que se achava em uma capela
interior, e suplicou ardentemente a Jesus que lhe concedesse participar de suas dores. E
eis que um espinho se destacou da coroa do crucifixo, veio a ela e entrou tão
profundamente em sua testa que a fez cair desmaiada e quase agonizante. Quando voltou a
si, a ferida lá estava, atestando o doloroso prodígio.
Enquanto as chagas de São Francisco e de outros santos tinham a cor do sangue puro e
não eram repugnantes, a de Rita se converteu numa ferida purulenta e fétida, de maneira
que a pobre vítima, para não empestear a casa, teve de ser recolhida a uma cela
distante, onde uma religiosa lhe levava o necessário para viver. Ela suportou a ferida
durante 15 anos.
Em 1450 foi celebrado o jubileu em toda a Cristandade e como algumas irmãs estavam se
preparando para ir a Roma, Rita manifestou um ardente desejo de as acompanhar, mas seu
estado de saúde estava se agravando devido a ferida que o espinho havia deixado em sua
testa.
Sendo assim as irmãs acharam que Rita não deveria ir, então ela
pedindo a Deus para a ferida desaparecer foi mais uma vez atendida e conseguiu acompanhar
as irmãs agostinianas a Roma, com grande proveito para sua alma. Mas logo que voltou da
viagem a ferida reapareceu e também uma enfermidade incurável que lhe causava um grande
sofrimento.
Incapaz de se alimentar, durante os últimos dias de sua vida Rita alimentava-se apenas
da santa comunhão. Em meio as dores, que cruciavam seu corpo, ela conservava a alegria do
espírito e um sorriso encantador brilhava constantemente em seu rosto.
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A morte de Santa Rita:No
último período de sua vida, aconteceu um fato, que era a prova do carinho que Deus
dispensava a sua Serva. Durante um rigoroso inverno , pessoas de Roca Porena, descobriram
na horta de Rita uma roseira coberta de lindas rosas e uma figueira com frutos maduros e
saborosos. Rita, ficou feliz com esta maravilhosa notícia e sentiu-se profundamente
consolada, louvava cada vez mais a Deus. |
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Explicam esses fatos o piedoso costume de enfeitarem a imagem da Santa,
particularmente no dia de sua Festa, com rosas, figos, cachos de uvas e abelhas. A Santa
Igreja mesma parece querer perpetuar o milagre das rosas, aprovando a Bênção das Rosas
que se faz no dia da Festa ou no dia 22 de cada mês, para alívio dos enfermos.
A doença da Santa estava cada dia piorando e as dores tinham se tornado insuportáveis.
Com orações e santas aspirações ela se preparou para receber os sacramentos e entre
expressões de amor a Jesus e Maria sua alma se libertou dos vínculos que a prendiam á
terra. Finalmente, com 78 anos de idade e 40 de vida religiosa, faleceu Santa Rita em
Cássia, no velho Convento das Agostinianas, no dia 22 de maio de 1457, recreada com
visões celestiais e depois de ter recebido com muita piedade os últimos sacramentos.Neste
momento mãos invisíveis tangeram os sinos do convento e da vila de Cássia, entoando um
hino triunfal das esposas eternas, convidando a comunidade e a população para fazer um
coro na glorificação da alma daquela que viveu e morreu na santidade...
A morte de Rita foi acompanhada de muitos milagres. A cela onde ela faleceu, apareceu
uma luz de grande esplendor e um perfume especial se fez sentir em todo o mosteiro, e a
ferida do espinho, antes de aspecto repugnante tornou-se brilhante, limpo, cor de rubi.
Centenas de pessoas compareciam ao convento para ver a "Santa", cujo cadáver
ficou em exposição além do tempo legal. As religiosas, cantavam hinos de agradecimento
a Deus, por ter exaltado no céu e na terra sua serva.
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Beatificação e
Canonização: O culto à bem aventurada da vila de Cássia rapidamente se
estendeu sobre a Itália e as nações de Portugal e Espanha, onde por causa dos milagres
obtidos por sua intercessão o povo lhe deu o nome de " Santa das Causas
Impossíveis"
Em 1628 Urbano VIII lavrou o decreto de beatificação da Santa com um especial indulto
do Papa Bento XIII de 1727.
Muitos contratempos fizeram com que se protelasse a canonização, que só aos 24 de
Maio de 1900 se realizou sob o pontificado de Leão XIII. Contudo, já em 1577 se erguia
em Cássia uma igreja à Santa das causa desesperadas e impossíveis. |
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E o Brasil não foi das últimas nações em
cultuá-la, porque a atual matriz de Santa Rita da arquidiocese do Rio de Janeiro, data da
era remota de 1724, além desta, existem no Brasil outras igrejas dedicadas a Santa Rita,
que provam que ela recebe grande veneração no coração do povo Católico Brasileiro. |
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