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Luis Fernando Veríssimo: O
PROFETA Não.
Não se trata de mais uma crônica do meu queridíssimo
autor. Trata-se de uma profecia.
Surpresa, não
imaginava isto quando distraidamente deixo entre minhas
mãos, cair da estante da biblioteca um livro do
Veríssimo.
Imaginei: Depois de uma
semana inteira de chuvas, e agora uma semana toda de sol
sem trégua, nada como Histórias
Brasileiras de Verão - as melhores crônicas da vida
íntima, do (óbvio) Veríssimo.
Não resisti e acabei
pegando também Os Meninos da Rua Paulo, de Ferenc
Molnár. Aliás, um título atraente para qualquer
paulista que já ligou o rádio um dia e ouviu uma
música do roqueiro grupo Ira!. E certamente, nunca mais
a esqueceu. São inesquecíveis.
Mas não vim falar de
rock. Vamos ao que interessa.
Fui à biblioteca
devolver o incansável (quem sabe alguém lê isso e
toma coragem pra ler?) Os Sertões, de Euclides da
Cunha. De praxe, pego outro livro qualquer. Não importa
o tamanho, assunto ou interesse. Só para não perder o
costume de ler. Só para não me enfurnar em casa, sem
ter desculpas para ver a cara do sol ou do pessoal da
biblioteca, que merece só elogios...
Até aí, tudo bem.
Eu, julgando o livro do
Veríssimo uma literatura leve (bem mais leve que Os
Sertões, com certeza absoluta), no mesmo dia, assim que
voltei da biblioteca e depois de ter almoçado um
almoço sem muita criatividade (por causa do calor),
abri o livro e o engoli, entornando frase após frase,
goela abaixo (ou poderia dizer olhos abaixo...), quando
lá no finzinho do livro, leio o seguinte trecho:
Múltipla
escolha (página 251)
(...)
3)
Você não passa no vestibular. você: (olha
que opção! E eu que antes de ontem acabei de saber que
não passei no vestibular...)
a)
pensa em se matar, pensa em se dedicar ao crime,
finalmente decide fazer um curso técnico, torna-se
líder sindical, depois entra na política, acaba sendo
o segundo torneiro mecânico eleito presidente na
História do Brasil: (isso
me deu um estalo! Como podia o Veríssimo saber em 1999,
ano da publicação do livro, que um torneiro mecânico,
é claro que estou falando do presidente Lula, viria a
ser presidente da república em 2003???)
b)
tenta de novo, e de novo, e de novo e acaba casando com
uma viúva rica que é, inclusive, dona de uma
universidade. (seja
como for, nesta crônica, acabei ficando com a segunda
alternativa, excluída a viúva...ou poderia ser
viúvo?)
Mas
ficou totalmente sem importância depois que li mais à
frente outra crônica, PURFAS, na página 259, e vi o
quanto eu era arcaica, retrógrada, atávica.
Era
apenas uma crônica de auto-crítica do autor, que se
achava meio por fora das tecnologias e linguísticas
atuais. ele fala dessa coisa de digitalizar tudo. De
não se comprar mais um livro: downloadear.
Ri de
mim mesma.
Ninguém
sabe que tudo que coloco no meu site é antes, tudo
feito à mão. Papel, canetinhas coloridas... e pasme!
Todos os textos antes são escritos à máquina de
escrever. Isso mesmo: Aquela geringonça barulhenta,
pesada, sem auto- correção ou fontes bonitinhas. Tudo
varia entre maiúsculas e minúsculas, e entre o preto e
o vermelho. Só. E sem Arrobas (@)...
Agora
compreendo claramente os porquês que nunca iria me
acostumar com a alta tecnologia: gosto de livros,
revistas, jornais de papel, dos vinis e das fitas k7, da
minha querida máquina de escrever (que mesmo sobre
extenso apagão, não pára de trabalhar) e (claro!)
tudo de mais interessante captado na Internet, impresso
em papel, devidamente arquivado, ali, ao lado dos
jornais...
Ainda
me pergunto por quê não me livrei do celular...
De
qualquer modo, mantenho meu site assim, devidamente
atualizado.
Ah,
esses jovens de hoje! Vai entender...
Lu
(prestes a fazer 22 aninhos em um dia destes de
março...)
PASSEI AQUI EM 2020 PRA DIZER QUE VOU TIRAR A POEIRA DAQUI.
:)
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