1. Genealogia da Família Gurgel do Amaral (abaixo) 2. Genealogia da Família Barros Leal 3. Genealogia da Família Castro Alves 4. Genealogia da Família Holanda no Ceará 5. Genealogia da Família Moreira de Azevedo 6. Genealogia da Família Lopes, de Sobral 7. Lista dos Primeiros Colonizadores Portugueses no Ceará 1700-1800 8. Os Cristãos Novos no Ceará 9. Links |
A Família Gurgel originou-se no século XVI, ou mais precisamente no ano de 1595, no Rio de Janeiro, quando lá chegou o jovem Toussaint Gurgel. Veio comandando algumas naus a fim de reforçar o contingente francês que lutava desde Villegaignon, na tentativa de fundar a França Antarctica.
Toussaint desembarcou em Cabo Frio, praça forte da resistência francesa, onde pouco tempo depois travou-se o combate decisivo em que as forças portuguesas foram vitoriosas.
Ao ser aprisionado pelo comandante João Pereira de Souza Botafogo, Toussaint entregou sua espada, declarando-se natural da Alsácia, filho de mãe francesa e pai alemão da Baviera. Estudara no Liceu Strasburg, tendo concluído curso de Hidrografia e Ciências Náuticas em Saint Malo, na Normândia, França.
Ao passar do tempo, graças ao seu relacionamento com o seu captor acima aludido, e à consideração desfrutada junto ao então Governador do Brasil Colônia, Salvador Correa de Sá Benevides, foi-lhe concedida menagem do Rio de Janeiro.
Iniciou, na ocasião, seu plano de explorar o comércio de pesca da baleia, cuja indústria, dentro de poucos anos, rendeu-lhe substancial fortuna.
Naquela época, os brancos predominavam sobre as raças, face à sua superioridade cultural, econômico e social. Por isso, no afã de estabelecer chácaras, fazendas e latifúndios, foram pouco a pouco penetrando no interior, descobrindo a fertilidade da terra paradisíaca, desenvolvendo dessa forma a vida agrícola dos primeiros tempos.
Toussaint era jovem, esbelto, de olhos azuis, forte, valente e bastante bafejado pela sorte. Vivia feliz, mas o espírito da aventura tentava-o à descoberta de novas plagas, onde certamente, aumentaria seu cabedal, o que levou a partir para novas conquistas, tendo conseguido resultados compensadores.
Por volta de 1598, casou-se com Domingas de Arão do Amaral, filha de D. Antônio Diogo do Amaral e de D. Michaela de Jesus Arão, ambos portugueses, de cujo consórcio se originou uma das mais importantes famílias que povoaram o Rio de Janeiro, conforme consta da publicação de “O Globo”, de 6 a 27 de julho de 1965, de autoria do Dr. Carlos Rheingantz.
Pode-se afirmar com certeza que o Dr. Cláudio Gurgel do Amaral, neto de Toussaint e Domingas, foi um cidadão de inconteste valor. Exerceu no decorrer de sua vida importantes cargos na administração pública do Rio de Janeiro. Foi Procurador da Fazenda Real e da Corôa, Escrivão e Vereador da Câmara, Provedor da Santa Casa de Misericórdia, além de militar dos mais honrados. Proprietário de extensas glebas no Rio e dotado de grande tato comercial, amealhou vultuosa fortuna. Dentre suas propriedades estavam as terras do Morro do Desterro (atual Morro do Castelo), Morro de Santa Teresa, Outeiro da Glória e adjacências, Campos do Irajá, Mata Porcos (Riachuelo), Campo Grande, além de inúmeras chácaras, casas de residências, fazendas, e numerosa quantidade de serviçais que cuidavam da agricultura e da criação de gado.
O seu espírito de liderança gerou, no entanto, muitas inimizades no decorrer de sua vida. Por conta de discórdias políticas com o então Governador do Rio de Janeiro, Francisco Xavier de Távora, Cláudio foi forçado se retirar de cena para permanecer sob a proteção e guarda do primo Francisco do Amaral Gurgel, proeminente cidadão de Cataguás, região das Minas Gerais. A morte de sua esposa, Ana, o fez dedicar-se à vida religiosa, ordenando-se padre no ano de 1699.
Era o ano de 1716. José Gurgel do Amaral, filho de Cláudio, tal como o pai, era uma pessoa comprometida com a política de então. Ferrenho opositor de Távora, respondeu às provocações e ofensas morais sérias de seus oponentes políticos, que culminaram em embate fatal por parte dos ofensores, causando ira ao Governador do Rio. Este, por sua vez, pronunciou sumariamente sentença capital para José e determinou sua busca imediata. Enquanto isso, Cláudio, de regresso de Minas, teve sua vida barbaramente ceifada por correligionários do Governador, em ação violenta de desforra aos trágicos acontecimentos.
A família tomou o rumo das Alagoas, supostamente levada pelas mãos de Maria Gurgel do Amaral, filha de Cláudio, que se fazia acompanhar do esposo Davi Lopes de Barros. Foi lá, em São Miguel dos Campos e Ilha do Ouro, localidades próximas ao Rio São Francisco, que se estabeleceram e constituiram família. O neto de Maria e Davi, também chamado José Gurgel do Amaral, nascido cerca de 1735 em Penedo, Alagoas, partiu para o Ceará, onde herdara sesmaria da família de sua esposa Cosma. Era a Fazenda Porteiras, na localidade de Vila de Santa Cruz do Aracati. José Gurgel do Amaral, que possuia as mesmas características genéticas da família, era homem de profunda estima, possuidor de grande tino administrativo. Engrandeceu o seu patrimônio, mesmo diante dos desafios da seca de 1777 a 1779, quando superou a crise salvando o gado da desidratação e das doenças que assolavam o interior naquele árduos anos, levando os animais para as terras do Sítio Cabaças onde o solo era bom e havia água em quantidade suficiente para a manutenção do rebanho remanescente.
O filho de José e Cosma, José Gurgel do Amaral Filho, não obstante as agruras das secas, também soube administrar com muita habilidade o patrimônio da família, desfrutando de um período de fartura advinda dos negócios da pecuária e das operações agrícolas de suas propriedades. Os tempos pródigos corriam e a família prosperava. Considerado o Patriarca de Aracati, José Gurgel do Amaral Filho constituiu naquelas terras, numerosa prole à qual definitivamente fincou no Ceará e estados circunvizinhos o ramo dessa importante família.
Toussaint Gurgel nasceu provavelmente em 1567, na Alsácia, filho de alemão e mãe francesa. Como professor de primeiras letras, Gurgel teve um padre que lhe incutiu as idéias e a religião de Calvino. Desde cedo, Gurgel mostrou-se apaixonado pela vida do mar a que se dedicou, tão logo completou seus estudos no Liceu de Strasburgh. Na Escola de Construção Naval e de Hidrografia de Saint Malo, cidade em que nasceram Duguay Trouin e Chateaubriand e que se tornou também famosa por seus corsários que levaram as insignias da cidade pelo mundo afora, Gurgel realizou o sonho de ser um marinheiro. Dois anos depois, encontrava-se em Paris, onde ainda se comentava o fracasso da Franca Antártica, ambicionado anelo de Villegaignon, Coligny e de Calvino, despertando gerais desejos de desforra que encobriam, na verdade, novos apetites de ganho fácil com o contrabando de madeiras de lei e, especialmente, de pau brasil.
Em 1568, batidos definitivamente pelos portuguêses, os franceses remanescentes de Villegaignon e de Bois le Comte deixaram a sonhada Henriville e foram, com os tamoios seus aliados, fixar-se em Cabo Frio, onde reataram negócios com os traficantes franceses e holandeses que ali aportavam amiúde. Em dezembro de 1595, largaram de Saint Malo duas náus com destino ao Brasil, sob o comando de Toussaint Gurgel que, apesar de môço, era consumado navegante, tendo velejado por todo o Mediterrâneo. Todavia, Gurgel nessa viagem não foi feliz, posto que nela tivesse encontrado sempre o mar remansoso e ventos favoráveis, pois achou Cabo Frio em pé de guerra, com o gentio temeroso e arredio e os franceses também receiosos de novas investidas dos portuguêses, o que de fato aconteceu dias depois.
Numa sortida organizada e dirigida por João Pereira de Souza Botafogo, que tivera a incumbência de desalojar de vez os franceses de Cabo Frio, Toussaint Gurgel, que comandava um troço de marinheiros franceses e tamoios, foi feito prisioneiro, embora se tivesse batido valentemente contra forças superiores em número e melhor armadas. Finda a batalha Gurgel, “por ser pessoa de trato e de cabedal” e “cabo de toda a armada inimiga” foi trazido preso para o Rio de Janeiro, tendo depois a cidade por menagem.
Toussaint Gurgel era homem de cerca de 27 anos quando chegou ao Rio de Janeiro. Alto, esguio, alourado, olhos azuis, inteligente, bom causeur, “verdadeiro fidalgo no trato e no espirito.” Gurgel trajava-se com apuro, não dispensando de portar, cruzada nas costas, a espada de lâmina afiada com os copos no lado direito e a ponta transparecendo na extremidade da capa, elegantemente dobrada ao ombro esquerdo. Em pouco, o nobre francês foi conquistando a sociedade local, dela participando afinal por seu casamento, tempos depois, com a carioca Domingas de Arão Amaral. Toussaint Gurgel conquistara, também, pelo denodo com que se batera em Cabo Frio, as boas graças de seu captor, o Coronel João Pereira de Souza Botafogo que vivia na intimidade do Governador Salvador Corrêa de Sá. Por isso, em pouco, Gurgel tornou-se um apaniguado, dedicando-se com êxito à pesca da baleia e seu aproveitamento industrial, mercê de um contrato assinado com o governo. “As baleias eram então frequentes na Guanabara, maximé nos meses frios” e sua pesca altamente rendosa, já que o povo consumia a carne do cetáceo cujo azeite, barbatanas e gordura eram exportados para o Reino, por bom preço.
Mas, conquanto feliz no lar e nos negócios, Gurgel sentia saudades da pátria distante e ele, que conhecera e vivera em Paris, não se podia conformar com aquele burgosinho pobre que era o Rio de Janeiro de 1600. Para esquecer, Gurgel passou a dedicar-se ao prazer da caça e da pesca, viajando pelo interior a dentro, sempre acompanhado de amigos, escravos e de indios mansos. E nessa diversão ficava as vêzes, semanas e semanas inteiras, com grande inquietação de seus familiares. Mas, só depois da morte de Gurgel, ocorrida em 1651, é que se descobriu que, não somente aqueles esportes, o levavam ao interior. Choraram junto ao esquife, a morte do valente francês, não só os seus sete filhos havidos de seu casamento com Domingas, como também, filhos outros nascidos de suas aventuras nos ínvios e pestilentos sertões de além da lagoa de Santo Antonio. Daí terem existido Gurgeis dolicocéfalos de olhos verdes ou azuis, lábios finos, cabelos alourados mas lisos e grossos, narizes achatados, cheios de corpo, meãos de altura e de tez amorenada e, outros mais que, da raça tamoia, não tinham apenas o talhe e o nariz chato. Toussaint Gurgel morreu aos oitenta e poucos anos, já viúvo, com netos e bisnetos, tendo visto a familia que ele e Domingas constituiram, multiplicar-se a mais de cem pessoas e estender-se por São Paulo, Minas Gerais, Estado do Rio e Bahia.
DESCENDENTES DE TOUSSAINT GURGEL |
1. TOUSSAINT GURGEL, nasceu cerca de 1567 na Alsácia, França, e faleceu em 1651 no Rio de Janeiro, Brasil. Casou-se com DOMINGAS DE ARÃO DO AMARAL, filha de D. ANTONIO DIOGO DO AMARAL e MICHAELA DE JESUS ARÃO, nascida no Rio de Janeiro, Brasil.
Filhos de TOUSSAINT e DOMINGAS:
2. ANGELA DO AMARAL GURGEL nasceu em 9 de novembro de 1616, e faleceu em 6 de novembro de 1695. Casou-se com JOÃO BATISTA JORDÃO, filho de ANTONIO NUNES DA SILVA e MARIA JORDÃO. Ele nasceu cerca de 1605 em Azinhaga, termo de Santarém, Portugal.
Filhos de ANGELA e JOÃO BATISTA:
3. CLÁUDIO GURGEL DO AMARAL, nasceu cerca de 1654 no Rio de Janeiro, e faleceu em 17 de abril de 1716 no Rio de Janeiro. Casou-se com ANA BARBOSA DA SILVA, filha de TOMÉ DA SILVA e ANTONIA DE OLIVEIRA). Ela nasceu em 25 de março de 1684.
Filhos de CLÁUDIO e ANA:
4. MARIA GURGEL DO AMARAL, nasceu cerca de 1694 no Rio de Janeiro. Casou-se com DAVI LOPES DE BARROS.
Filhos de MARIA e DAVI:
5. JOÃO LOPES DE ALENCASTRO, nasceu no Rio de Janeiro. Casou-se com ISABEL DE JESUS BEZERRA, filha de MIGUEL DE PONTES e ADRIANA DE JESUS BEZERRA. Ela nasceu em São Miguel dos Campos, Alagoas.
Filhos de JOÃO e ISABEL:
6. JOSÉ GURGEL DO AMARAL, nasceu cerca de 1735 em Penedo, São Miguel dos Campos, Alagoas. Casou-se com COSMA NUNES NOGUEIRA, filha de TEODÓSIO DA COSTA NOGUEIRA e COSMA NOGUEIRA. Ela nasceu cerca de 1750 em Russas, Ceará.
Filhos de JOSÉ e COSMA:
7. JOSÉ GURGEL DO AMARAL FILHO, O Patriarca do Aracati, nasceu em 28 de janeiro de 1784 na Fazenda Porteiras, em Aracati, Ceará, e faleceu na Fazenda Porteiras, em Aracati, Ceará. Casou-se em primeiras núpcias com QUITÉRIA FERREIRA DE BARROS, filha de JOSÉ DE BARROS FERREIRA e CAETANA MARIA MICHAELA. Ela nasceu em 1792 na Fazenda Porteiras, Aracatí, Ceará, e faleceu em 5 de agosto de 1831 na Fazenda Porteiras, Aracati, Ceará. Casou-se em segundas núpcias com MARIA JOAQUINA DE MOURA FERREIRA, prima de Quitéria.
Filhos de JOSÉ e QUITÉRIA (Primeiras núpcias):
Filhos de JOSÉ e MARIA JOAQUINA (Segundas núpcias):
8. VICENTE GURGEL DO AMARAL, nasceu em 15 de julho de 1812 na Fazenda Porteiras, em Aracati, Ceará, e faleceu em 13 de fevereiro de 1872 na Fazenda Porteiras, em Aracati, Ceará. Casou-se com ANA CAROLINA RABELO, filha de VICENTE FERREIRA RABELO e TERESA DE JESUS RABELO. Ela nasceu em 20 de dezembro de 1813 em Aracati, Ceará.
Vicente foi proprietário rural e comerciante naquela cidade, onde também exerceu o posto de Ten. Cel. da Guarda Nacional. Era homem respeitado e de palavra. Foi chefe da conceituada firma GURGEL & IRMÃOS, na rua Cel. Alexanzito, onde posteriormente foi a loja de José Felismino, marido de Úrsula, filha de seu irmão Delfino.
Filhos de VICENTE e ANA CAROLINA:
9. DR. BEMVINDO GURGEL DO AMARAL, nasceu em 24 de abril de 1835, em Aracati, Ceará, e faleceu em 20 de fevereiro de 1891 no Rio de Janeiro. Casou-se com JOANA AMÉLIA GURGEL DO AMARAL, filha de DELFINO GURGEL DO AMARAL e ÚRSULA MALAQUIAS DE OLIVEIRA. Ela nasceu em 10 de maio de 1842 em Aracati, Ceará.
Bemvindo foi negociante naquela cidade, emigrando para Recife, onde estabeleceu seu comércio. Posteriormente formou-se em Direito. Foi Procurador Fiscal da Tesouraria do Ceará e Secretário do Govêrno do Pará. Auditor do Min. da Guerra. Radicou-se depois no Rio de Janeiro, onde tinha banca de Advogado, lá falecendo.
Filhos de BEMVINDO e JOANA AMÉLIA:
10. TERESA BEMVINDA GURGEL DO AMARAL, nasceu em 10 de janeiro de 1874, em Aracati, Ceará, e faleceu em 21 de abril de 1913 em Quixeramobim, Ceará. Casou-se com o Dr. JOÃO PAULINO DE BARROS LEAL FILHO, filho de JOÃO PAULINO DE BARROS LEAL e JACINTA PIMENTEL. Ele nasceu em 7 de setembro de 1864 em Quixeramobim, Ceará, e faleceu em 11 de setembro de 1939.
Filhos de TERESA BEMVINDA e JOÃO PAULINO FILHO:
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