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"NO MUNDO DO EXISTENCIALISMO"

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Bem-vindo à esta página, meu nome é Marco Antonio do Nascimento Sales, Psicólogo e Psicoterapeuta Existencial. Desde que me graduei na faculdade, tenho trabalhado na área clínica. Atualmente estou executando minhas tarefas profissionais no meu consultório, situado à Rua Maria Campos de Carvalho nº 17 - Centro - Nova Iguaçu - Rio de Janeiro - Brasil - CEP: 26.215-140 - Telefone: (021) 667-3533 - Bip: 537-3737 ou 537-7676 Código 7070. Além disso, sou professor-assistente da Sociedade de Análise Existencial e Psicomaiêutica, ministrando duas disciplinas: Filosofia Existencialista e Prática de Psicoterapia Existencial. Gostaria que todos aqueles que visitassem este site, pudessem dar um retorno do que acharam ou mesmo fazer sugestões. Coloco-me à disposição dos interessados para falar mais sobre a minha abordagem psicoterapêutica. Confira o meu E-mail: lypum_sho@yahoo.com . Gostaria de receber seu e-mail, suas dúvidas e suas sugestões. Deixo aqui uma introdução sobre o existencialismo, para que seja iniciado conhecimento sobre o Mundo do Existencialismo. ____________________________________________________________________________ O REINO DO EXISTENCIALISMO Eu me meti na existência. Ela não parecia a nada. Onde estou? O que é essa coisa chamada mundo? Quem é esse que me atraiu para ela, e agora deixa-me aqui? Como eu vim a esse mundo? Por que não fui consultado? –– Soren Kierkegaard O que é existencialismo? O que é fenomenologia? Temas básicos do existencialismo A consciência americana Mundo, limites, existência Eu penso que nós apenas devemos ler o tipo de livros que nos fere e ofende. Nós precisamos de livros que nos afetam como um desastre, que nos façam sofrer profundamente, como a morte de alguém que nós amamos mais do que a nós mesmos, como ser banido para florestas longe de todos, como um suicídio. Um livro deve ser como uma fenda num mar congelado dentro de nós. –– Franz Kafka Karl Barth Andre Malraux Simone de Beauvoir Abraham H. Maslow Nikolai Berdyayev Friederich Nietzche Martin Buber Jose Ortega y Gasset Rudolf Bultmann Blaise Pascal Albert Camus Maurice Merleau-Ponty Fiodor Dostoievski Rainer Maria Rilke Martin Heidegger Jean Paul Sartre Karl Jaspers Paul Tillich Franz Kafka Miguel de Unamuno Soren Kierkegaard Eliezer Wiesel Citações existencialistas Eu não quero acreditar que a morte é a passagem para outra vida. Para mim ela é uma porta fechada. Eu não digo que ela é um passo que todos nós devemos tomar, mas que é uma horrível e sórdida aventura. - Albert Camus O teatro do absurdo Página de Assim falou Zarathustra EXISTENCIALISMO DEFINIDO Existencialismo é o nome popular de uma posição filosófica originalmente associada ao pensador do século XX Jean Paul Sartre, mas com uma história que remete ao filósofo dinamarquês do século XIX Soren Kierkegaard. O nome em si foi cunhado por Sartre, embora a expressão ‘existência filosófica’ tivesse sido usada inicialmente por Karl Jaspers, que pertencia à mesma tradição. Os existencialistas diferiam amplamente entre eles em muitos pontos filosóficos básicos, mas compartilhavam uma preocupação com a liberdade humana e a responsabilidade pessoal, e insistiram na importância da necessidade individual para fazer escolhas. Outros que colaboraram para modelar o ponto de vista existencialista foram Friederich Nietzsche, Martin Heidegger, Albert Camus e Maurice Merleau-Ponty. Kierkegaard é o expoente do existencialismo religioso; uma abordagem muito pessoal da religião que enfatiza fé e compromisso, e tende a minimizar a teologia e o lugar da razão na religião. Kierkegaard atacou os teólogos de sua época por tentarem indicar que o cristianismo foi uma religião totalmente racional, sustentando, em troca, que a fé é importante exatamente porque é irracional, e até mesmo absurda. O importante, argumentou, não é a questão objetiva de se Deus de fato existe, mas a verdade subjetiva de um compromisso próprio diante de uma incerteza objetiva. Embora a obra de Kierkegaard tenha inspirado uma influente escola de existencialistas religiosos do século XX (incluindo Paul Tillich, Martin Buber, Karl Barth e Gabriel Marcel), a postura existencialista é talvez mais freqüentemente associada com pensadores ateus, para quem a crença religiosa parecia um ato de covardia, ou como chama Camus, um "suicídio filosófico". O ataque de Nietzsche ao cristianismo e à moral cristã é baseado em sua desconfiança de que esses seriam, na verdade, muletas para a fraqueza, instrumentos para o fraco e o medíocre contra o forte e o auto-confiante. Eles são produtos do que chama de "rebanho"; o legado de uma moral escrava que prefere abrigo e segurança à dignidade pessoal e honra. Apesar de Nietzsche poder ser oposto a Kierkegaard (nenhum deles jamais leu o outro), esses dois existencialistas do século XIX dividiram uma linha essencial de abordagem. Ambos acusaram o cristianismo de sua época de ser hipócrita, insistindo que ele foi uma expressão do instinto de rebanho e da fraqueza pessoal. O fato de Kierkegaard ter solicitado uma reforma da fé cristã, enquanto Nietzsche desejou eliminá-la, talvez seja menos significativo de um ponto de vista filosófico do que suas insistências comuns na importância da paixão individual contra as calmas declarações públicas da razão e do conformismo. O existencialismo do século XX é amplamente definido –– mais em sua forma do que em sua expressão –– por um movimento conhecido como fenomenologia, originado por Edmund Husserl e perseguida no domínio existencial por seu aluno, Martin Heidegger. Muito da própria filosofia de Husserl esteve restrita a questões abstratas e impessoais na teoria do conhecimento e princípios da matemática. Seu método, enunciando simplesmente, era encontrar e examinar as estruturas essenciais da experiência, com o intuito de estabelecer verdades universais para a consciência básica. Heidegger tomou emprestado o método fenomenológico e aplicou-o mais a problemas pessoais –– questões sobre como os seres humanos deveriam viver, o que eles são, e o sentido da vida e da morte. Seu trabalho Ser e tempo (1927; tradução inglesa, 1962) é nominalmente preocupado com a metafísica, mas de fato é uma contribuição radical do que isso significa para existir como um ser humano. Heidegger rejeita o conceito cartesiano clássico de consciência (penso, logo existo) e coloca, em seu lugar, o neologismo ‘Dasein’, um mundo que literalmente significa ‘estar lá’. Em sua visão, não há separação entre mente e corpo, não há consciência separada do mundo. Encontra a si mesmo no mundo ‘desamparado’. O problema é encontrar o que fazer consigo mesmo ou, como diz Nietzsche, como tornar-se. Fenomenologia, para Heidegger, torna-se um método para "descobrir o seu ser", um caminho para enxergar o que é essencial para si mesmo. Sartre combinou o existencialismo com o marxismo. Seguindo Husserl e Heidegger, ele utilizou o método fenomenológico para defender sua tese central na qual os seres humanos são essencialmente livres, livres para escolher (contudo não-livres para não escolher) e livres para negar as características dadas pelo mundo. Pode-se ser covarde ou desconfiado, mas pode-se sempre resolver mudar. Pode-se ter nascido judeu ou negro, francês ou aleijado; essa é uma questão aberta que cada um fará para si mesmo, se essas serão desvantagens ou vantagens, desafios a serem superados ou desculpas para não fazer nada. Camus emprestou de Heidegger a idéia de ser abandonado pelo mundo, e dividiu com Sartre a idéia de que o mundo não dá sentido aos indivíduos. Visto que Sartre juntou-se a Heidegger na insistência de que se deve construir sentidos para si mesmo, Camus concluiu que o mundo é ‘absurdo’, um termo que foi (erroneamente) utilizado para representar todo pensamento existencialista. Para Sartre, como sempre, o coração do existencialismo não é a tristeza ou a falta de esperança, mas uma renovada confiança no significado do ser humano. Quando Sartre morreu em 1980 o existencialismo morreu com ele, mas a ênfase existencialista no indivíduo, na pessoa, e a importância na liberdade e responsabilidade continuam a representar um ingrediente essencial no pensamento filosófico. BARRET, Willian. Homem irracional (1958) GRENE, Marjoire. Introdução ao Existencialismo (1959; repr. 1984) SOLOMON, Robert. Do Racionalismo ao Existencialismo (1972; repr. 1985) WARNOCK, Mary. Existencialismo (1970). Robert C. Solomon FENOMENOLOGIA DEFINIDA Fenomenologia é uma escola da filosofia cujo principal propósito é estudar os fenômenos, ou indícios, da experiência humana enquanto empenho de suspender todas considerações de sua realidade objetiva ou associação subjetiva. Os fenômenos estudados são aqueles experimentados em vários atos da consciência, principalmente atos cognitivos ou perceptivos, mas também em atos como os de avaliação e apreciação estética. A fenomenologia tomou sua forma atual no começo do século XX com os escritos de Edmund Husserl. Husserl pretendeu desenvolver um método filosófico que foi destituído de todos pressupostos e que descreveria os fenômenos enfocando exclusivamente neles, pela exclusão de todas questões de suas origens causais e seu status exterior, o ato de sua própria consciência. Seu objetivo era descobrir as estruturas essenciais e relações dos fenômenos, como também os atos de consciência nos quais os fenômenos apareciam, e, daí, por uma exploração tão fiel quanto possível, estruturada em pressupostos científicos ou culturais. Na concepção original da fenomenologia de Husserl está a idéia de uma ciência sem pressupostos de valor construída para rejeitar todos os compromissos anteriores às teorias do conhecimento, formalmente desenvolvidos como sistemas filosóficos que permeiam nosso pensamento comum (a ‘atitude natural’). Ele tentou, pela suspensão, ou equiparação de extremos compromissos ir além das escolhas usuais de idealismo e realismo, "as próprias coisas". Em seu último trabalho, contudo, Husserl expandiu seu método fenomenológico para incluir o que ele chamou de "redução fenomenológica". Em sua redução, não apenas a opinião alheia, mas também todas as crenças sobre a existência exterior de objetos de consciência estavam equiparadas. Essa suspensão de toda referência à realidade da coisa experimentada deixa o filósofo com nada mais que a experiência própria, que Husserl dividiu em "noesis" (ato de consciência) e o ‘noema" (objeto de consciência). Aqui a linha entre idealismo e fenomenologia começa a se atenuar, embora a suspensão da crença na realidade de um objeto de consciência não seja a mesma coisa que negar o que existe. Existe uma considerável diversidade no uso que os sucessores de Husserl fizeram de seu método. Max Scheler, um primeiro assistente de Husserl, adaptou-o à experiência religiosa e à ética, e Martin Heidegger, um aluno de Husserl, aplicou seu método às experiências como pavor e medo gerando, desse modo, o que hoje é conhecido como fenomenologia existencial. Os filósofos franceses Jean Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty também empregaram os métodos da fenomenologia em seus projetos, como fez o filósofo alemão Karl Jaspers. Através desses filósofos, especialmente Jaspers, o método fenomenológico influenciou o pensamento psicológico, particularmente certos psiquiatras europeus, como Ludwig Binswanger. A fenomenologia também influenciou o pensamento religioso neo-tomista. Embora obviamente relacionada, a fenomenologia deve ser distinguida do fenomenalismo, a visão que o conhecimento humano é limitada pelos fenômenos. EDIE, J. M., A fenomenologia de Edmund Husserl (1987) ELLISTON, F. A. e McCORMICK, P. (eds.) Husserl: exposições e apreciações (1977) FARBER, Marvin. A fundação da fenomenologia, 3ed. (1967) GROSSMAN, R. Fenomenologia e existencialismo (1984) HUSSERL, Edmund. Idéias: Introdução geral à pura fenomenologia (1931) NATASON, M. A. (ed.) Fenomenologia e ciências sociais, 2 vols. (1973) SOLOMON, R. C. (ed.) Fenomenologia e existencialismo (1972) SPIEGELBERG, Herbert. O movimento fenomenológico (1982) ZANER, Richard. O caminho da fenomenologia (1970) Thomas E. Wren TEMAS DO EXISTENCIALISMO 1) Primeiro, existe um ponto de vista básico existencialista; a existência precede a essência, está primeiramente sobre a essência. O homem é um sujeito consciente, ao invés de uma coisa a ser prenunciada ou manipulada; ele existe como um ser consciente, e não em acordo como nenhuma definição, essência, generalização, ou sistema. O existencialismo diz que o homem não é nada mais que sua existência consciente. 2) Um segundo tema existencialista é o da angústia, ou o sentimento de aflição, uma generalizada inquietação, um medo ou pavor na qual não é direcionada a um objeto específico. A angústia é o medo do vazio da existência humana. Esse tema é tão antigo quanto Kierkegaard no existencialismo; é um reivindicação de que a angústia é a fundamental, totalmente permeável, condição universal da existência humana. O existencialismo concorda com certas correntes do pensamento judaico e cristão, nos quais observa a existência humana como desgraçada, e a vida humana como vivida no sofrimento e no pecado, culpa e ansiedade. Essa imagem negra da vida humana leva os existencialistas a rejeitar conceitos como felicidade, otimismo esclarecido, um senso de bem-estar e a serenidade do estoicismo, já que esses aspectos podem refletir apenas uma compreensão superficial da vida, ou um caminho ingênuo ou tolo da negação do desespero; aspecto trágico da existência humana. 3) Um terceiro tema do existencialismo é o absurdo. Certamente, diz o existencialista, eu sou minha própria existência, mas essa existência é absurda. Existir como um ser humano é inexplicável, e totalmente absurdo. Cada um de nós apenas está aqui, lançado nesse tempo e espaço –– mas por que agora? Por que aqui? Kierkegaard perguntou. Por nenhuma razão, sem uma conexão necessária, apenas contingencialmente, e então minha vida é um fato contingente absurdo. Expressivas do absurdo são as palavras de Blaise Pascal, um matemático francês e filósofo do tempo de Descartes, que era também um dos primeiros precursores do existencialismo. Diz Pascal: "Quando eu considero a curta duração de minha vida, engolida na eternidade anterior e posterior, o pequeno espaço que ocupo, e mesmo o que eu posso enxergar tragado na infinita imensidão do espaço no qual eu sou ignorante e que me ignora, fico horrorizado, atônito por estar aqui mais do que lá; por que agora ao invés de depois?" 4) O quarto tema que permeia o existencialismo é a não-existência ou o vazio. Se nenhuma essência me define, e se, então, como um existencialista, rejeito todas as filosofias, ciências, teorias políticas, e religiões que fracassam em refletir minha existência como ser consciente e empenhado em impingir uma estrutura essencialista específica sobre mim e meu mundo, então não há nada que estruture meu mundo. Eu tenho sido guiado por Kierkegaard. Eu tenho me despido de toda estrutura plausível, as estruturas do conhecimento, valor moral, e relação humana, e eu me encontro na angústia, à beira do abismo. Eu sou minha própria existência, mas minha existência é uma não-existência. Eu vivo, então, sem nada para estruturar meu ser e meu mundo, e questiono a fatuidade e o vazio, hesitando sobre o abismo no medo e no estremecimento, vivendo uma vida terrível. 5) Relacionado com o tema da não-existência está o tema existencialista da morte. O nada, na forma de morte, que é meu nada final, pende sobre mim como uma espada de Democles em cada momento de minha vida. Eu fico repleto de ansiedade em momentos em que eu me permito estar ciente disso. Nesses momentos, diz Martin Heidegger, o mais influente dos filósofos existencialistas alemães, a totalidade de meu ser parece ser levada para o nada. O sujeito inconsciente tenta viver como se a morte não fosse atual, tentando escapar à sua realidade. Mas Heidegger diz que minha morte é meu mais autêntico e significante momento, minha potencialidade pessoal, na qual eu sozinho devo padecer. E se eu tomar a morte em minha vida, admitindo-a e enfrentando-a francamente, me libertarei da ansiedade da morte e da insignificância da vida --–– e somente então estarei livre para me tornar eu mesmo. Mas aqui o existencialista francês Jean Paul Sartre pede uma distinção. O que é a morte, ele pergunta? A morte é minha total não-existência. A morte é tão absurda como o nascimento –– não é o momento final e autêntico de minha vida, não é nada mais que o aniquilamento de minha existência como ser consciente. A morte é apenas outra testemunha do absurdo da existência humana. 6) A alienação ou separação é um sexto tema que caracteriza o existencialismo. A alienação é um tema no qual Hegel abriu para o mundo moderno muitos níveis e muitas formas sutis. Assim, o Absoluto é separado de si mesmo como se existisse apenas no desenvolvimento do espírito finito no tempo histórico. Mas o espírito finito também vive na alienação de sua consciência verdadeira de sua própria liberdade, na qual progride apenas vagarosamente na dialética da história. Há também a alienação que existe na sociedade: a alienação individual dos seres humanos que perseguem seus próprios desejos na separação dos verdadeiros trabalhos institucionais de sua sociedade, onde são controlados pela Astúcia da Razão. Alienados do sistema social, eles não sabem que seus desejos são determinados pelo sistema assim como o determinam. E essa é a alienação daquela que não é identificada com as instituições de sua própria sociedade, que a encontra vazia e sem sentido. E há também, para Hegel, a alienação que se desenvolve na sociedade civil entre a pequena classe rica e o crescente descontentamento de uma grande classe de trabalhadores empobrecidos. A mais profunda de todas as alienações no pensamento de Hegel é a alienação ou separação entre minha consciência e seus objetivos, na qual eu estou ciente da alteridade do objetivo e procuro, numa variedade de caminhos, superar sua alienação, dominando-a, trazendo-o de volta a mim de alguma maneira. Como para Marx, observamos que, na dissidência entre os dois marxismos, o jovem Marx se concentra sobre o conceito de alienação econômica. Como um trabalhador, eu estou alienado de mim mesmo, do produto do meu trabalho, da sociedade que cultua o dinheiro, de todas as instituições sociais –– família, moral, lei, governo –– que me coagem a serviço do Deus-dinheiro e que me mantém alienado diante da descoberta da potencialidade criativa humana. Como, então, os existencialistas utilizam o conceito de alienação? À parte de meu próprio ser consciente, todo o resto, eles dizem, é alteridade, da qual eu estou separado. Nós somos confinados por um mundo de coisas que são obscuras a nós e as quais nós não podemos compreender. Além disso, a própria ciência nós alienou da natureza, pelo extravasamento da alta especialização e conceitos matematizados, leis, teorias, e tecnologias que são ininteligíveis ao não-especialista e ao leigo; esses produtos da ciência agora posicionam-se entre nós e a natureza. E a Revolução Industrial alienou o trabalhador do produto de seu trabalho, transformando-o num componente mecânico no sistema produtivo, como nos disse Marx. Nós também somos separados, dizem os existencialistas, das instituições humanas –– burocratização governamental nos níveis federal, estadual e local, partidos políticos nacionais, gigantescas corporações comerciais, organizações religiosas nacionais –– todos esses parecem ser imensos, origens impessoais de poder que detém a vida em seus domínios. Como indivíduos, nós tampouco sentimos que somos parte deles ou que podemos compreender seu funcionamento. Nós vivemos na alienação de nossas próprias instituições. Além disso, dizem os existencialistas, nós somos excluídos da história. Não temos mais o sentido de termos raízes num passado significativo ou não nos vemos movendo-nos para um futuro significativo. Como resultado, nós não pertencemos ao passado, ao presente ou ao futuro. Finalmente, e talvez mais tristemente, os existencialistas apontam que todas nossas relações humanas estão envenenadas pelos sentimentos da alienação de qualquer "outro". Alienação e hostilidade surgem entre a família, entre pais e filhos, entre o marido e a mulher, entre as crianças. A alienação afeta todas relações sociais e de trabalho, e, mais cruelmente, domina o relacionamento amoroso. Esses são os perturbadores e provocativos temas que podem ser encontrados no existencialismo contemporâneo. Mas agora nós devemos questionar: se essa é de fato a condição humana, se esse é um retrato real do mundo no qual o sujeito humano absurdamente se encontra, como é possível continuar a viver nela? Não há saída da ansiedade e do desespero, esse nada e absurdo, essa fixação sobre a alienação, essa hesitação à beira do abismo? Há algum existencialista que possa nos dizer como viver em tal mundo absurdo e sem esperança? Há uma ética existencialista, uma moral filosófica para nos dizer o que é bom, o que pode ser dito como certo ou errado nesse mundo sem sentido? T. Z. Lavine CONSCIÊNCIA AMERICANA Os existencialistas invadiram a consciência americana como um elefante entra num quarto escuro: houve uma súbita interrupção e as pessoas de dentro naturalmente não perceberam a natureza da intrusão. O que seria isso? Um motor de destruição, talvez? Um tanque deixado após a guerra? Depois de um tempo as luzes foram acesas e foi possível ver que se tratava "apenas" de um elefante; todos riram e disseram que o circo devia estar passando pela cidade. Mas não. Logo eles perceberam que o elefante tinha vindo para ficar, e, olhando mais de perto, perceberam que embora ele fosse um recém-chegado, então alguém peculiar, ele não era um estranho: eles o conheciam desde sempre. Isso foi em 1946 e 1947. Em nenhuma outra época o existencialismo tornou-se um termo comum. Não houve questões sobre o que ele significava; ele significava a vida ressurgindo depois da guerra nos cafés da rive gauche –– jovens de má reputação vestindo jeans desbotados, e seus camaradas, garotas sem maquiagem que fumavam em excesso envolvidas sabe-se lá com que loucuras. E seu líder, aparentemente, era o companheiro Sartre, que escreveu livros com títulos repugnantes como A Náusea e As Moscas. Que tolice!, concluíram as cabeças pensantes. Era perfeitamente seguro descartá-lo como uma moda passageira, muito parecida a uma brincadeira. Enquanto isso, nos centros sérios de pensamento, textos existencialistas, especialmente os de Sartre, foram sendo traduzidos e estudados, gerando um profundo choque no grupo intelectual hegemônico americano. De um lado, os neo-tomistas e outros filósofos morais ficaram alarmados com o desdém existencialista pelas formas tradicionais de valor. De outro, os positivistas e filósofos analíticos ficaram ultrajados pela propensão existencialista em abandonar categorias racionais e confiar no processo não-mental da consciência. Notadamente, violentos ataques foram lançados de ambos os lados; todos respondidos veementemente com entusiasmo, em toda parte, por pequenos grupos acolhedores de vanguarda. No entanto, não estando os anfitriões melhor informados sobre o existencialismo que seus agressores, isso não ajudou muito. Porém, o existencialismo, gradualmente, e mais rapidamente, ganhou aderentes, pessoas que o levaram a sério. Alguém disse que o existencialismo é uma filosofia –– se há filosofia –– que foi independentemente inventada por milhões de pessoas simplesmente para responder à emergência da vida no mundo moderno. Tomar contato pela primeira vez com trabalhos de Sartre, Jaspers ou Camus é freqüentemente como ler, página a página, a pensamentos e sentimentos íntimos, expressos com nova precisão e concretude. Existencialismo é uma filosofia, como uma questão de fato, porque foi extensamente prenunciada por homens instruídos em disciplinas filosóficas; mas foi também, e mais fundamentalmente, uma mudança nas atitudes comuns humanas que alteraram por sua vez todo aspecto da vida de nossa civilização. Hayden Carruth MUNDO, LIMITES, EXISTÊNCIA O mundo Outro grande tema é o próprio mundo –– especificamente o que pode ser conhecido sobre ele. Um escritor pre-existencialista, o romancista Dostoievski, disse que o universo não faz sentido. Não há modelos pressupostos que podem ser apreendidos por todos, na base da qual concordam: "É disso que se trata o mundo". A vida e o mundo em si são imprevisíveis e caprichosos. Todos esforços para encontrar ou impor uma ordem no mundo fracassarão porque nenhuma mente, de um só homem –– e nem mesmo todas as mentes humanas juntas –– pode suficientemente perceber todos os fatos possíveis, fazer sentido a eles e colocá-los numa plano ordenado. Se houve uma ordem ou plano isso significa que tudo é determinado como é para a flor ou o peixe. Os humanos não teriam, pois, livre escolha; estariam fadados a qualquer rumo que suas vidas tomassem. Essa incapacidade de compreensão do mundo é composta pela incapacidade individual de alcançar uma perfeita compreensão de outra pessoa ou até deles mesmos. Os significados de seus processos mentais, emoções e motivações nunca estão inteiramente claros a eles como tentam fazer parecer a si próprios e ao mundo nos quais eles vivem. Se há uma medida da verdade fora deles mesmos, eles devem escolhê-la e com ela se comprometer. Entretanto, eles são incapazes de provar a certeza dessa verdade. Os limites Outro tema é o dos limites. Os indivíduos estão inseridos na existência por apenas um curto tempo. Eles estão presos ao que o teólogo existencialista Karl Barth chamou de "situação limite". Eles vêm ao mundo num tempo específico e o deixam em outro. Sobre isso não há escolha. Por ser limitado, o tempo exige que decisões sejam feitas. As pessoas são livres para fazê-las em bases que, quaisquer que sejam os fatos, elas estão disponíveis. Mas os fatos mesmos são uma questão de escolha. Os indivíduos escolhem os critérios nos quais eles decidem o rumo de suas vidas ou empreendimentos particulares. Existência O grande tema do existencialismo, é claro, é a própria existência. As flores, os animais, as pedras; tudo existe. Mas as pessoas existem de uma forma diferente. Os indivíduos são únicos –– capazes de pensar sobre eles mesmos, sobre o mundo no qual eles se encontram e de fazer escolhas. Eles podem escolher porque são livres e as escolhas feitas estabelecem o futuro no qual eles se projetam. Enciclopédia Compton

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