DAS CAVERNAS PARA AGRICULTURA IRRIGADA 1. COLONIZAÇÃO E OS PRIMEIROS POVOADOS A pré-história na Mesopotâmia para fins deste estudo começa no sexto milênio, ou a sete mil anos atrás, ao aos 5.000 anos Antes da Nossa Era, onde pouco a pouco, de norte a sul, as terras baixas situadas entre os rios Tigre e Eufrates começa a ser povoada. Não se sabe ao certo quantos grupos étnicos chegaram à região a partir do leste e do norte. Entretanto, sabe-se com certeza que estes grupos incluíam semitas que vinham da região norte do deseto da Arábia e da Síria. Em arqueologia, a Pré-História ou Idade da Pedra, divide-se tradicionalmente em três períodos distintos, chamados de Paleolítico, Mesolítico e Neolítico (Idade do Bronza), sendo que o período Paleolítico teve maior duração. Estamos falando, portanto de tempos bem anteriores à urbanização (que começa a cerca de 3200 Antes da Nossa Era), quando as primeiras grandes civilizações tiveram sua origem nas bacias dos grandes rios da Mesopotâmia, ou seja, ao longo das bacias dos grandes rios da Mesopotâmia, ao longo do Nilo no Egito e do Ganges na Índia. Neste relato, veremos de forma breve como estas civilizações começaram. Civilização aqui deve ser entendido no seu sentido literal, do latim civitas ou cidade: dentro do desenvolvimento de cidades-estado, que pode ser chamado de revolução urbana. Primeiramente, em termos geológicos, a Mesopotâmia não é uma terra antiqüíssima. Ela começou a emergir apenas depois de algums milênios depois do período glacial europeu, ocorrido a cerca de 12,000 anos Antes da Nossa Era. À medida em que ocorreu redução na precipítação (chuvas) e a quantidade de umidade do ar, a Era Glacial começou a apresentar efeitos na região do antigo oriente. A vasta extensão de terras aluviais até então formava um imenso rio, e aos poucos foi deixando entrever terras e elevações. O que permanece deste grande rio inicial ainda está conosco como os rios Tigre e Eufrates. Os primeiros habitantes da região foram gradualmente se revelando no sexto milênio o mais tardar, provavelmente vindos das montanhas do nordeste, norte e leste, sendo sem dúvida de etnias variadas. Não sabemos quase nada a respeito deles, a não ser por esparsos vestígios de suas vidas, que arqueólogos tiveram a sorte de descobrir aqui e ali. Estes fragmentos não são capazes de nos dar uma idéia precisa ou mesmo revelar aspectos sociais importantes, como a religião de nossos antepassados mesopotâmicos, o que os inspirava em termos de pensamentos e ação, etc. De fato, apenas com a ajuda de nossa imaginação podemos fazer conjecturas a respeito de tempos tão antigos.Podemos, entretanto, dizer que à medida em que estes colonizadores se estabeleceram na região, eles trouxeram consigo seus instrumentos rudimentares, plantas, animais domésticos e forma de viver a vida. Lentamente, podemos também conjecturar que à medida com que o tempo passava, alguns grupos prosperaram e cresceram, enquanto que outros desapareceram. No momento, entretanto, não temos conhecimento de como tais grupos possam ter interagido no passado, ou se por acaso ocorreu ou não tal interação. MESOLÍTICO é o período de transição entre o Paleolítico e o Neolítico, ou Nova Idade da Pedra. No período Mesolítico, os povos da região em termos de alimentos, juntavam/coletavam alimentos, caçavam e tinham uma pequena produção de ferramentas, feitas de pedra. Remanecentes de Tell Mureybet (8,600-7,300 Antes da Nossa Era), excavado por arqueólgos franceses, localizado numa curva do Eufrates, mosta uma ocupação contínua por 1,300 anos da área datando dos tempos mesolíticos. A fase 1 desta colônia era provavelmente um acampamento de caçadores e pescadores, usando um tipo de pedra, Natufian, na manufatura de suas ferramentas, bastante comum em toda Síria e Palestina. Na fase II, Tell Mureybet já se transformou numa vila com casas de forma arredondada, de areia comprimida. Na fase III, estas casas tinham sido parcialmente substituídas pr casas maiores, de várias peças, construídas de pedras calcáreas. Foram encontrados restos de cabras e ovelhas, e toda caça vinha de animais velozes das redondezas. Estes acampamentos ou povoações estavam isolados uns dos outros antes de 9000 anos Antes da Nossa Era. O período Neolítico (Nova Idade da Pedra) coincide com uma nova era geológica. Nesta fase, temos os períodos culturais da Idade do Bronze e Idade do Ferro. Estas eras são caracterizadas pelo uso de certos implementos e minerais. 2. A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA OU O COMEÇO DA AGRICULTURA Depois de séculos de estagnação, começam a ser discernidas mudanças no início do quarto milênio, ou a cerca de 5.000 anos Antes da Nossa Era, ou 7.000 anos atrás. Devido a falta de detalhes disponíveis, especialmente para esta fase, devemos sempre optar por uma faixa de tempo bastante ampla. Dois eventos maiores, cujos detalhes são inacessíveis para nós, marcam entretanto de forma indelével a história desta região: a revolução agrícola com o surgimento da irrigação, e a chegada dos Sumérios ao sul da Mesopotâmia. Em primeiro lugar, começa uma lenta, mas irreversível mudança nos métodos de coleta de alimentos pela caça, pesca e coleta de plantas/frutas. Estes foram gradualmente sendo substituídos pela criação de animais domésticos e pela agricultura. Esta mudança ocorre juntamente com a alteração do modo de vida nômade para uma vida sedentária. O Neolítico é visto como uma época relativamente pacífica, pois não existem fortificações ao redor das vilas e habitações. Os primeiros povoamentos isolados (5000-3000 anos Antes da Nossa Era) são encontrados nos vales de pequenos rios nas montanhas de Zagros e nas pequenas planícies também de vales. Novas povoações parecem-se com comunidades de vilarejos, próximas umas às outras, em locais onde os rios correm para vales maiores e onde os rios são mais fáceis de serem controlados. O clima mais seco (começando em cerca 3500 ANTES DA NOSSA ERA) faz com a irrigação comece a desempenhar seu papel na agricultura. 2.1 O PRINCÍPIO DA AGRICULTURA IRRIGADA Plantar e colher passa a ocorrer em muitos lugares e em vários períodos, sendo que os primeiros tipos de grãos foram provavelmente a cevada e uma variedade do trigo (espelta). A seleção de grãos também deve Ter sido descoberta de início, de forma quase automática, pois grãos soltos caem na terra quando da colheita. Apesar do desperdício, aqueles grãos que eram levados para casa e que eram plantados novamente davam origem a grãos mais fortes do que os perdidos, e este fato não deve Ter passado desapercebido pelos mesopotâmicos. Plantar também em terra fértil estimula novas e melhores variedades, e todos estes fatos passaram a ser levados em conta pelos primeiros agricultores. O problema principal da agricultura na Mesopotâmia era a falta de precipitação ou chuvas, a estação das chuvas sendo a de inverno. Além do mais, os afluentes do Tigre e do Eufrates não eram muito caudalosos. As terras, eram devotadas à criação de ovelhas e à plantação em larga escala de grãos. Para melhor aproveitar então suas terras férteis, os mesopotâmicos então inventaram métodos para irrigar artificialmente seus campos, tendo se dado conta de que poderiam expandir o território irrigado pelos rios e portanto aumentar a produtividade, através da excavação de canais, ramificano-os a partiir de fontes de água já existentes. Melhor controle sobre a colheita e a criação de animais domésticos, bem como o uso intensivo da agricultura aumentou a produção de alimentos, fazendo com que maiores comunidades passassem a existir. A proximidade dos vilarejos tornava mais fácil a comunicação e a interação entre as mesmas. Isto estimulou o intercâmbio cultural e econômico, mas também trouxe a possibilidade de conflitos. O surgimento de regras e acordos para evitar ou resolver conflitos surge como um fator importante no processo da civilização, sendo considerados mais importantes do que a necessidade administrativa de maior cooperação nos trabalhos de irrigação. Ou seja, fundamentalmente, o sucesso da agricultura irrigada com maior produção de cereais e alimentos criou uma população melhor alimentada, tornando indispensável a manutenção de uma organização acima de tudo centralizada, energética e disciplinada, administração esta que teria de ser mantida pelo menos para os trabalhos de irrigação das terras, sob a forma de vilas e povoaçoes que até então tinham sido independentes e tinham sobrevivido isoladas umas das outras. Dependendo de como foi ocupada, sem dúvida, em geral por pequenos grupos espalhados, a terra se adaptou gradualmente àquele tipo de regime, formando as primeiras cidades, sob as ordens de uma administração forte, com grande concentração de força. Em mitologia, é citado que "as cestas [de estocagem de alimentos] criaram as cidades" (The Creation of the Pickax). Da administração forte das primeiras cidades, temos a origem, provavelmente, do sistema monárquico. O povoamento das planícies do extremo sul da Mesopotâmia ocorre mais tarde. A irrigação destas planícies, como o sabemos segundo textos babilônicos posteriores, com seus longos canis e falta de água suficiente, exige um sistema de administração de recursos eficiente, o que ocorreu em épocas mais avançadas no tempo. O problema de estocar alimentos foi reduzido com o uso da cerâmica, pois apesar de seguir princípios simples, uma boa colheita exige a solução de muitos problemas de ordem prática. Um dos grandes problemas com relação ao sedentarismo refere-se a onde estocar os alimentos para preservá-los. A torração de grãos era algo feito com freqüência de acordo com achados em escavações, pois impede a germinação prematura e facilita o processo de peneiragem dos grãos. Uma inovação técnica, o uso da cerâmica, surgiu, para proteger os alimentos de ratos e outros animais. Da cerâmica, eram feitos recipientes para guardar alimentos. Temos evidência deste fato, porque as primeiras construções que podem ser descritas como celeiros eram pequenas ou baixas demais para serem classificadas como moradias. .2.2 A CHEGADA DOS SUMÉRIOS O segundo fator extremamente importante para determinar o sucesso da Mesopotâmia antiga acredita-se ter ocorrido na mesma época em que se deu a chegada dos Sumérios na região. Não somos capazes, e talvez nunca o seremos, de identificar de forma satisfatória esta população, cujas origens são nebulosas, ou ligá-la a qualquer grupo étnico, cultural ou lingüistico. Alguns estudiosos vêem os Sumérios como descendentes de grupos que já habitavam a terra por muitos anos. Esta hipótese parece colidir, entretanto, com a lendária tradição dos Sete Sábios segundo a população do Sul, que havia sido iniciada nas artes da civilização por seres estrab=nhos vindos do mar. Podemos inferir daí, uma vez vez que todo mito contém uma semente de verdade, que o mito dos Sete Sábios descreve um certo tipo de imigração pacífica, que deve ter introduzido uma população culturalmente superior, e que esta elevou o nível cultural dqueles habitantes locais que aderiram a esta nova cultura. Parece-nos mais fácil crer que estas pessoas chegaram à Mesopotâmia por via marítima, seguindo talvez as costas do Golfo Pérsico, onde teriam se estabelecido na Baixa Mesopotâmia. Só podemos, entretanto conjecturar a respeito de onde, na realidade vieram os sumérios, mas sua chegada mudou a região para melhor. 3. CERÂMICA Não se sabe ao certo quando foram feitas as primeiras cerâmicas, mas provavelmente isto se deu ao redor de 6000 ANTES DA NOSSA ERA. Por cerca de 5000 ANTES DA NOSSA ERA o uso da cerâmica era bastante difundido. O tipo de argila ou lama, o uso de elementos decorativos e acabamento são sinais usados por arqueólogos para datar estes artefatos e identificar suas distribuições geográficas. A distribuição também indica sinais de comércio por distâncias maiores, mesmo nos tempos iniciais. Cerâmica de Halaf : Encontrada em Tell Halaf, ou Tell Halif, no Norte da Síria é uma das primeiras a ser identificada. O período de Halaf ocorre a cerca de 4000 ANTES DA NOSSA ERA. É uma cerâmica delicada e indica o começo da especialização dos artesãos. O número pequeno destas cerâmicas indica que eram também consideradas artigos de luxo. O Período de Ubaid-(4000-3500 ANTES DA NOSSA ERA): Período chamado assim pela cerâmica encontrada no local chamado de Tell el-Ubaid no sul do Iraque. As características desta cerâmica são formas concêntricas e onduladas. O uso deste modelo por outras regiões indica uma economia semelhante e alto grau de profissionalismo. A roda do oleiro (introduzida na transição do Período de Uruk) passa a ser encontrada apenas nas regiões mais desenvolvidas. A roda do oleiro exigia uma argila melhor de ser trabalhada, que é obtida com a adição de elmentos especiais, ou seja, como por exemplo, óxido de ferro, que confere uma cor marrom-avermelhada típica ao produto. 3.1 CIDADES NEOLÍTICAS DE EXCEÇÃO DO SEXTO E DO QUINTO MILÊNIO Há exceções ao modelo padrão recém descrito para a Mesopotâmia. Houveram excepcionais cidades neolíticas datadas do sexto e do quinto milênio antes da nossa era, como Jericó (vale da Jordânia) e Catal Höyük na Turquia, que mostram grande diversidade nas formas de habitação. Mas estas cidades não são a regra para o desenvolvimento da região, tendo em vista o grande período de tempo transcorrido entre o desenvolvimento das construções e a época áurea de desenvolvimento das cidades-estado mesopotâmicas, que deu-se por volta de 3000 ANTES DA NOSSA ERA. 4. CALCOLÍTICO A primeira metade do quarto milênio (4000-3500 ANTES DA NOSSA ERA) é algumas vezes chamada de Calcolítico (Idade da Pedra e do Bronze). 4.1. USO DE METAIS Metais e minérios de metais já são usados e colecionados no período Neolítico, principalmente como uma curiosidade, por ser esteticamente simples e atraente: eles são raros e bonitos. Como outras pedras preciosas, tem sido encontrados metais no período Neolítico em locais bem afastados dos ambientes no qual ocorrem normalmente, também como presentes funerários. Eles eram objetos atraentes, conferindo status ao seu possuidor. Apreciados em especial eram a prata e o ouro. A Indústria de mineração: É conhecida desde o final do Paleolítico e uma indústria bem desenvolvida no período Neolítico. O cobre, fácil de ser trabalhado, começa a ser usado, e se descobre que o calor pode recuperar as propriedades do metal, em caso de quebras ou lascas. Simples artefatos de cobre foram encontrados em vilas da Turquia, trabalhados com o uso do martelo, a cerca de 7000 Antes da Nossa Era. Metalurgia: Os principais metais trabalhados são o cobre, o chumbo, a prata e o bronze. REFERÊNCIAS: 1. ROUX, Georges (1992) Ancient Iraq. Penguin BooksL London, New York. 2. Bottéro, Jean (2001) Religion in Ancient Mesopotamia. Chicago University Press, London, Chicago. 3. Extratos da Seção 2, Cap. 2 do livro de John Heise' `Akkadian language' sobre Pré-História na Mesopotâmia. |