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O RENASCIMENTO NEO-SUMÉRIO (2100-2000 ANTES DA NOSSA ERA)

No último século de terceiro milênio, consolida-se a herança da cultura suméria dos séculos precedentes. Este período é algumas vezes chamado de Renascimento Neo-Sumério. O termo não significa um renascimento dos sumérios, mas um renascimento da cultura e principalmente literatura sumérias.

O idioma falado é o acádio. Sumério está se tornando uma língua morta. Entretanto, sumério neste período era a única linguagem escrita, tal qual o Latim bem depois da queda do Império Romano. Durante o último século do milênio, não tinha sido produzida nenhuma nova literatura. Portanto, a consolidação da literatura suméria avançou e foi promovida pelos monarcas da Terceira Dinastia de Ur (ou Ur-III, de acordo com a Lista dos Reis Sumérios). Ur está situada no extremo Sul da Mesopotâmia.

Os reis da Terceira Dinastia de Ur, ou Ur III, como é chamado este período criaram outro estado centralizado, que se estendia da Suméria e Ágade, do Golfo Pérsico a Jezirah, no sul, e grade parte das áreas oeste das montanhas e planícies iranianas, bem como o vale do Tigre e seus afluentes até Nínive.

Muitos arquivos de tábuas de argila foram encontrados em vários locais da Mesopotâmia datados deste período. Grandes arquivos foram escavados nas ruínas de Uma, Pezrichdagan e Girsu, portanto o período da Terceira Dinastia de Ur é bastante conhecido. Como os burocratas do período da Terceira Dinastia trabalhavam dentro de uma estrutura hierárquica que possibilitava o desenvolvimento da carreira dos bons profissionais, podemos ter uma idéia mais próxima de detalhes importantes, tais quais contratos de trabalho, tarefas executadas, suprimento de rações, nomes de pessoas empregadas, e em algumas ocasiões, dados sobre número de membros de uma família e costumes locais.


A TERCEIRA DINASTIA DE UR

Ur-Nammu é o fundador da Terceira Dinastia de Ur. Segundo suas próprias palavras, ele obteve este título do governante local chamado Utuhengal de Uruk. Utu-khegal (possivelmente seu irmão) escolheu Ur-Nammu como governador de Ur, rebelando-se contra e subseqüentemente derrotando Utu-khegal, bem como o rei Nammahani de Lagash. Entretanto, como monarca Ur-Nammu mostrou-se excelente administrador, construtor de templos e de infraestrutura para a Suméria, tendo estabelecido a última importante Dinastia Suméria, chamada de Terceira Dinastia de Ur, ou Ur III. Ur-Nammu também foi um talentose líder militar e um magistral administrador. Ele também promulgou o primeiro código de leis na história da humanidade. Ur-Nammu criou um eficiente sistema administrativo, no qual as cidades eram governadas por governadores provinciais, ensis, escolhidos pelo rei. Ur-Nammu pode ter expandido seu controle pelas regiões fronteiriças, pois ele "endireitou as estadas das terras baixas às terras altas". Cedo, em seu reinado, ele estabeleceu um registro de navios que comerciavam com Magan para assegurar a segurança destes de assaltantes dos pântanos do sul. Ur-Nammu morreu em batalha com os gucianos, que infelizmente continuaram a infernizar a Suméria durante toda Ur III. Morte em batalha não era comum para um rei piedoso. Um hino descreve o retorno do corpo de Ur-Nammu a Ur para um grandioso funeral e dá detalhes da visão suméria do Submundo ou Mansão dos Mortos.

Portanto, com Ur-Nammu, a Suméria e Acádia novamente juntas. Ur-namu foi bem sucedido, construindo pela última vez na construção de um império bem organizado, onde Suméria e Acádia foram novamente unificadas. Ur-namu lutou para a obtenção da ordem e da lei vigentes no passado. Apesar de colocar ênfase numa autoridade central, ele reforçou os interesses locais das cidades e suas divindades, começando no início de seu reinado um programa de construção de templos nas cidades sob seu domínio. Em geral, novos governantes, nos primeiros anos de seus reinados estavam mais ocupados com expansão militar, devotando apenas tempo para construções no final de seus governos. Ur-namu construiu zigurates com um sistema em três andares, com um templo no andar mais alto.

Diferentes tipos de terraços altos faziam parte de muitos templos nas cidades babilônicas desde o período de Ubaid. Eram usados tijolos de argila, cada um estampado com o nome da cidade, da divindade e o nome do templo. As inovações feitas por Ur-namu na construção de templos seriam seguidas por meuitos anos depois. A legendária torre de Babel (600 ANTES DA NOSSA ERA, e portanto 15 séculos depois de Ur-namu) foi uma construção do tipo favorecido por Ur-namu. Ur-namu reconstruiu e ampliou um dos mais famosos templos da antigüidade, o templo de Enlil em Nipur, chamdo E-Kur. A morte de Ur-namu foi cantada em hinos e lamentações, mostando também um tipo de poesia da corte comum naquela época.

Ur-Nammu foi sucedido por seu filho Shulgi (2094-2047 Antes da Nossa Era), que começou uma grande reorganização do estado de Ur, além de ter aumentado o império. Ele apontou pessoal de seus exércitos para governar as províncias fronteiriças.Ele foi um patrono das artes do idioma sumério, promovendo a canonização da literatura suméria (o idioma do período é chamado Novo Sumério). Seu reinado durou 48 anos. Na metade de seu reinado, ocorreu um aumento dramático na quantidade de textos usados para fins administrativos e econômicos. Milhares de tábuas de argila escritas por ano mostram uma reorganização dos métodos administrativos: tudo sendo registrado, possivelmente devido a uma escassez de água que ocorreu em cerca de 2000 ANTES DA NOSSA ERA. Este fato é comprovado pelo número de obras de irrigação que foram feitos nas áreas que dela faziam uso. Novas instalações foram construídas com novos nomes. A força de trabalho envolvida em trabalhos de manutenção do sistema de irrigação torna-se muito importante.

Perto do final de seu reinado, uma outra ameaça veio do oeste, de tribos nômades que vieram atacar o império. Shulgi constrói uma muralha para proteger as fronteiras de seu reino. Suas ações sempre foram motivadas por preocupações com a economia. Ele queria recuperar as rotas de comércio a nordeste de Ur, que davam acesso ao lápis-lazuli e ao zinco (para manufatura do bronze).

Shulgi foi sucedido por dois de seus filhos, Amar-Sin (2046-2038 Antes da Nossa Era) e Shu-Sin (2037-2029 Antes da Nossa Era), cada um sendo divinizado ao subir ao trono. O primeiro filho de Shulgi provavelmente morreu por envenenamento. Durante o reinado de Shu-Sin, os Amoritas dos desertos da Síria e da Arábia fizeram seu primeiro e grande ataque na Mesopotâmia, e para isto foi construída a muralha defensiva.

Em 2.100 Antes da Nossa Era, textos de Umma e Lagash mostraram os amoritas como perfeitamente aculturados ao modo de vida civilizado, totalmente assimilados ao modo de vida e cultura da Mesopotâmia. Os textos neo-sumérios os haviam mostrado de forma diferente, como selvagens, que comiam carne crua, não sabiam enterrar seus mortos, etc.

As inscricões de Shu-Sin predisseram o desastre que iria cair sobre seu filho e sucessor, Ibbi-Sin (2028-2004 ANE). As ameaças combinadas de invasões pelos amoritas e elamitas provaram ser a desgraça para e levaram ao colapso do Império. Os elamitas, entretanto, cercaram Ur, uma vez que não podiam capturá-la. O tempo passou, e a fome tomou conta de seus defensores, que em desespero, abriram as portas da cidade para os elamitas, para serem brutalmente assassinados, com lares saqueados e templos profanados. O "Lamento sobre a destruição de Ur" registra esta tragédia.

Final da Terceira Dinastia de Ur: O final da Terceira Dinastia de Ur deveu-se por um ataque dos Elamitas em 2004 ANTES DA NOSSA ERA, e provavelmente ajudado por desavenças internas. Com a ajuda de semi-nômades do Oeste, os Elamitas capturam a capital Ur e exterminam com seu último governante. A tragédia está relatada na célebre composição Lamento pela cidade de Ur.

Sore Lamentos sobre a perda de cidades importantes: Lamentos sobre cidades destruídas transformaram-se num gênero da literatura suméria, que eram recitados em ocasiões importantes, em geral quando as cidades destruídas já haviam sido remodeladas. Com relação a Ur, a queda da Terceira Dinastia significou o final deste grande centro de poder no sul da Mesopotâmia. Ur foi o centro mais culto do período Antigo Babilônico e preservou sua fama mesmo com a perda de sua influência política.

A região, agora dominada por cassitas, foi reconstruída por estes governantes invasores, que no entanto, mantiveram a herança luminosa de Ur. Ur é um dos melhores exemplos que mostra a tenacidade da Mesopot^mai em preservar seus valores e tradições. Ur sobreviveu à destruição dos elamitas por ter o sistema mais centralizado e bem-sucedido do Antigo Oriente.

 

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