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Olá Prezado(a) Internauta Obrigado por acessar está página, meu nome é Marco Antonio do Nascimento Sales, sou psicólogo e psicoterapeuta existencial. O meu sincero desejo é que você explore todos os recursos deste site e, na busca de um crescimento pessoal, que você possa tirar as suas próprias conclusões sobre a NITROSOFIA, a explosiva filosofia do existencialismo. Boa viagem! "O Humano e a Questão da Verdade" No momento atual pelo qual o país atravessa, uma das palavras mais em voga é a verdade, ou melhor dizendo, a tentativa de busca e encontro da verdade. Presenciamos a instauração de várias Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), que procuram achar a verdade sobre os bancos, sobre a ação dos juízes, sobre o uso das forças armadas pelos narcotraficantes, enfim, achar qual seja a verdade desse país chamado Brasil. Mas será que obter a verdade, ou mesmo, trazê-la à baila é um processo que se firma nesses passos? A verdade é única ou existem as verdades? Afinal o que é a verdade? Comecemos a nossa reflexão, procurando primeiramente, o sentido original da palavra verdade. Como ponto de partida, tomarei como básica, a interpretação dos nossos pais culturais, os gregos, cujo entendimento do substantivo VERDADE ou (aletheia), denotava algo que é, que está além das aparências; algo que é absoluto para além do mundo material e temporal; algo que não se pode ocultar. Na sua formação, a palavra no grego vem de (lethõ) ou (lanthaõ) que significa escapar a atenção ou fazer esquecer, que adicionada do prefixo privativo a(alpha), que forma o negativo da idéia no seu original, ou seja, ALETHEIA ou verdade é para os gregos aquilo que não pode escapar a atenção do indivíduo; aquilo que a pessoa não pode esquecer. Porém, até que ponto podemos usar aquela conceituação grega sobre a verdade? No olhar do filósofo Tales de Mileto, isso era até bem simples, pois a verdade poderia ser demonstrada através de uma fórmula matemática, algo incontestável, que não se pode negar. A verdade, então, torna-se perene, eterna, suprema e irrefutável. Mas isso é a verdade? No Século IV a.C. o pensador Heráclito de Éfeso, disse que nada no mundo era imutável, estático, parado, sem movimento. Nem mesmo a verdade. Tudo permanecia num constante VIR-A-SER ou DEVIR, como nas suas próprias palavras ele bem descrevia: As coisas são como um rio, não há nada permanente. Inclusive a verdade! Aos poucos a verdade sai do campo das evidências, como hoje vemos no olhar da polícia, para uma busca mais interiorizada. Com o filósofo Sócrates, este aspecto da verdade ganha impulso. Aquele pensador não se con-formava com as evidências, com o aparente, com o observável, com o convencional, com as pregações e apologias inflamadas dos sofistas, que tinham somente um objetivo: Capturar os incautos. É interessante notar, que para Sócrates o princípio básico para se achar a verdade, vinha justamente do reconhecimento de não se saber nada sobre ela, ou seja, de re-conhecer a própria ignorância. Dizia Sócrates: Uma coisa sei é que nada sei. Se posso parafrasear o grande pensador ateniense, falaria Uma verdade sei, que não sei de verdade nenhuma. Por que Sócrates agia assim? Porque, ele entendia que os indivíduos estão grávidos das suas próprias verdades, bastando apenas, dar a luz às mesmas, repelindo aquilo que o outro tentava vender como sendo a única verdade. Muito tempo depois, Nietzsche, de certa forma re-afirmava a perspectiva dada por Sócrates, pois na medida em que o filósofo alemão contestava o espírito de rebanho, no qual o homem se lança, tomando para si o dever de obedecer o outro e negar a si mesmo. Mostra-se ao homem, como este ignora a si mesmo e valida as ações dos seus opressores. Nietzsche na Genealogia da Moral, fala como a pessoa se intoxica com as verdades colocadas por quem lidera o rebanho. Como lhe é ensinada a se comportar no sentido de desviar o seu olhar de si mesmo e recolher toda miséria que sente em sua vida até o ponto do apequenamento e igualamento, onde o indivíduo vive a adaptação, o distanciamento de si e a negação de tudo que é. Pois, a mensagem que é passada pelo dominador, segundo o filósofo seria: Esqueça-te de quem tu és e torna-te igual a todos. Essa forma de aprisionamento que muitas pessoas vivenciam pode ser superada como disse Sartre, quando o ser humano se apropria da sua liberdade, pois a engabelação só se dá quando o indivíduo abre mão da sua liberdade, quando ele escolhe enganar-se, quando opta por não ser um eu de sua própria invenção, porque como nos ensinou o filósofo francês o fundamento da verdade é a liberdade. O Homem, portanto, pode escolher a não verdade. Esta não verdade é ignorância ou mentira. A ignorância é a decisão de deixar o ser desmoronar. A ignorância desejada não é sequer recusa de compreender e de ver. Ela é a recusa de compreender e de ver o que é neste momento e o que seria. Tomar a verdade alheia como absoluta, como eterna, abandonando a si próprio às ondas que a vida lhe proporciona, é um posicionamento temerário no ser humano. É a recusa de compreender o seu presente, e também, renunciar o seu projeto de futuro. É deixar o seu barco a deriva no oceano da existência para que possa livremente esbarrar nos recifes e um dia afundar. É a síndrome de Kamikase, onde o objetivo último é o próprio aniquilamento. Por isso, na busca da verdade, é muito bom lembrar o grande Maluco Beleza, Raul Seixas, quando dizia: Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo, Eu quero dizer, Agora o oposto do que eu disse antes, Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo... Se você se agarra a verdades perenes, e ainda, não descobriu a sua, cuidado, talvez você possa estar sendo alguém que você não gostaria de ser. Não vislumbrando a perspectiva apaixonante de ser UMA METAMORFOSE AMBULANTE.