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A imigração para Santa Catarina


O que é migração   Você deve conhecer, com certeza, alguém que não mora na cidade em que nasceu. Pois quem não mora no lugar onde nasceu é um migrante.
A migração pode ser definida como o movimento da população pelo espaço. Esse movimento relaciona-se às transformações econômicas, sociais e políticas que ocorrem nos diferentes lugares.
A migração não é um fenômeno atual. Em cada momento histórico, as condições que levam o indivíduo a deixar um lugar por outro são diferentes, relacionadas ao desenvolvimento de cada sociedade. Por isso dizemos que a migração é um fenômeno histórico e social.

Por que ocorreu a imigração
 estrangeira para o Brasil ?   Dentre os países americanos, o Brasil é um dos que mais receberam imigrantes estrangeiros. Mais do que ele, somente os Estados Unidos, o Canadá e a Argentina.
A saída de um país é chamada de migração externa. Quando o deslocamento populacional ocorre dentro das fronteiras de um país, ele é chamado de migração interna.
O grande crescimento da imigração estrangeira para o Brasil deu-se do século passado até o início do atual. Ele é explicado por muitos autores, basicamente por três motivos:

1. para a efetiva ocupação do Sul do país;
2. para o desenvolvimento de uma agricultura voltada ao mercado interno;
3. para a constituição de um mercado de trabalho para a cafeicultura.
 

Emigração e imigração
Quando o migrante deixa seu lugar de origem ou de nascimento, ele está emigrante daquele lugar, não importando se dentro de um mesmo país, ou se de um país para outro. Agora, quando ele chega ao seu lugar de destino, ele está imigrando para aquele lugar. Neste caso, também tanto faz: pode ser de um país para outro ou de uma cidade para outra de um mesmo país. Em síntese, a emigração (saída) e a imigração (entrada) fazem parte do chamado fenômeno migratório.

O fenômeno migratório no Brasil
No Brasil, o processo migratório pode ser analisado subdividindo-o em dois momentos distintos, de acordo com o tipo de migração. O primeiro é o das migrações estrangeiras ou externas, intensificadas a partir do século passado, e que contribuíram, pela grande quantidade de imigrantes no país , para o seu crescimento populacional, principalmente até a década de 20 do nosso século.
O segundo pode ser datado a partir de 1930, com o aumento das migrações internas, principalmente das correntes vindas do Nordeste para o Sudeste. Isso não significa, porém, que não tenha existido movimentos populacionais importantes dentro do próprio Sudeste, inter e intra-estaduais. Além disso, fluxos importantes para outras regiões também ocorreram, como o do Nordeste para o Norte, na época do auge da extração da borracha na Amazônia.

A sociedade brasileira no século XIX
A partir de meados do século XIX, a sociedade escravocrata estava terminando. A Lei de Terras, de 1850, instituiu a propriedade privada da terra. Foi uma medida que facilitou o término da escravidão. Com a Lei de Terras só teria acesso à propriedade aqueles que tivessem como adquiri-la no mercado de terras.
Os negros libertos, não tendo condições para compra-las, teriam de continuar nas fazendas, trabalhando para os antigos senhores, os quais estavam liberados dos encargos com o sustento do escravo, acarretados pelo regime de escravidão.

A imigração e a colonização
do Sul no início do século XIX   Ainda em 1806, antes mesmo da abolição da escravatura, intensificou-se a imigração estrangeira para o Brasil.
Essa intensificação significa que foi estabelecida ema corrente imigratória para o Brasil, relacionada às condições econômicas, sociais e políticas, tanto do Brasil como dos países de origem desses imigrantes.
A política de imigração e colonização para o povoamento do Sul vinha se desenvolvendo durante o período colonial, a fim de garantir a posse do território para a Coroa Portuguesa, “defendendo” a região dos espanhóis e “protegendo” dos ataques indígenas o caminho que as tropas com a produção do Sul deveriam fazer para chegar até São Paulo.
As migrações significam uma redistribuição espacial da população, que se adapta às condições ou  às transformações econômicas que ocorrem no espaço geográfico.

Como se desenvolveu a colonização do Sul
Essa política, iniciada no fim do período colonial, com a “abertura dos portos às nações amigas” realizada por D. João VI em 1808, só se efetivou depois de 1850, com a promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos para o Brasil. A imigração estrangeira fora facilitada por um decreto de D. João VI, que permitia a estrangeiros o acesso à terra no Brasil. Foi proibida, entretanto a utilização da mão-de-obra escrava em áreas de colonização. Pretendia-se garantir a organização da atividade agrícola em pequenas propriedades, produzindo para o mercado interno. A compra de escravos demandava grandes investimentos, incompatíveis com a pequena produção. Além disso, o capital para essa atividade, subsidiado pelo governo, não poderia ser utilizado na compra de escravos.

A atuação do poder público
Dessa forma, você está percebendo que as migrações nem sempre são espontâneas. O poder público tem importante participação como agente provocador de fluxos migratórios. Isso ocorre quando o governo tem interesse em criar condições para as transformações nas formas de ocupação e aproveitamento econômico de determinados espaços. Por exemplo apartir do povoamento de regiões com baixas densidade demográfica, o governo procura formar a força de trabalho necessária para o surgimento e desenvolvimento de novas atividades econômicas e ampliar as possibilidades de acumulação de capital. Ao mesmo tempo, ele procura atingir outro objetivo, relacionado à efetiva incorporação desses territórios ao espaço nacional.

A emigração alemã   Os maiores fluxos de imigração estrangeira para o Brasil datam do fim do século XIX e início do XX. Entretanto, entre 1800 e 1850 formaram-se alguns núcleos esparsos de povoamento estrangeiro, com açorianos, principalmente, e em menor número alemães e suíços, distribuídos no Espirito Santo, no Rio de Janeiro e em Santa Catarina.
No Sul do país, nesse período, a imigração que mais se destacou foi a alemã. Desde o inicio do século XIX, a Alemanha vivia um processo de desintegração de sua estrutura feudal, paralelamente à uma revolução agrícola : aumento da produtividade das terras com o emprego de menos mão-de-obra. Ao mesmo tempo, ocorria maior concentração de terras, isto é, diminuía o números de proprietários e aumentava o número de terras que cada um possuía. Os pequenos produtores rurais, os servos da gleba do período feudal, perderam o direito de trabalhar a terra e de sobreviver com esse trabalho.
Essas são algumas das condições internas da Alemanha que estimularam a emigração para outros países. Mais tarde, com a industrialização, ocorreu a ruína da pequena indústria doméstica dos artesãos, o que era necessário para formar um exército de mão-de-obra assalariada para a indústria nascente.
Muitos desses ex-artesãos, para fugir do assalariamento e da proletarização, preferiram emigrar e tentar a sobrevivência em outros países, mantendo a sua autonomia relativa na condição de pequenos proprietários rurais
 

A imigração alemã para o Sul
Alguns alemães que migraram para o Brasil , fundaram em l829, a cidade de São Pedro de Alcântara, em Santa Catarina.
Em 1848, intelectuais alemães da revolução liberal foram forçados a emigrar. Fundaram em Santa Catarina a Colônia Dona Francisca, atual Joinville.
Em 1850, é fundada em Santa Catarina, no Vale do Itajaí, a cidade de Blumenau, recebendo o nome de seu fundador, Hermann Blumenau, funcionário da Sociedade de Proteção ao Imigrante Alemão, de Hamburgo.
Como você pode perceber, a heterogeneidade cultural dos alemães que vieram para o Brasil era muito grande : lavradores, artesões e intelectuais. A maioria radicou-se no Rio Grande do Sul e, em menor número, em Santa Catarina e no Paraná.

A política oficial brasileira para a imigração alemã
Os colonos viriam para o Brasil com a passagem paga, teriam lotes gratuitos demarcados e subsídios, tanto em dinheiro como em instrumentos de trabalho.
São Leopoldo foi a única colônia que teve todas as promessas cumpridas. Os núcleos mais afastados ficaram no mais completo abandono, sem as mínimas condições de sobrevivência. As vias de acesso não foram abertas, eram constantemente atacadas pelos índios, não foram construídas escolas, igrejas... a política oficial, enfim, falhara.

A mudança na política oficial brasileira
Para que esse fluxo imigratório não fosse interrompido, o governo teve de mudar sua política de imigração. Os colonos passaram a arcar com os custos da viagem e da compra dos lotes. Pretendia-se, assim que a imigração fosse mais selecionada, que viessem para o Brasil somente aqueles que tivessem condições econômicas para se estabelecer como pequenos proprietários rurais.
As companhias de colonização, criadas para promover a colonização, passaram a comprar terras baratas a partir de 1854, revendendo-as muito mais caras aos colonos. Assim, os proprietários da companhias enriqueceram rapidamente, enquanto os colonos se endividavam, não conseguindo sobreviver com a pequena propriedade. Muitos deles retornaram, então a Alemanha. Algumas colônias, contudo, sobreviveram, de início precariamente, retornando formas de vida primitivas, já abandonadas na Alemanha.
Com isso, foi se organizando na Alemanha um forte movimento contra a emigração para o Brasil, o que forçou o governo alemão a proibi-la, a partir de 1859.

A imigração
italiana para o Sul   Essa corrente intensificou-se depois que a Alemanha proibiu a imigração para o Brasil. Assim, o imigrante italiano acabou substituindo o alemão na colonização do Sul.
Desenvolvimento da pequena propriedade, produzindo alimentos para o mercado interno continuava como um dos objetivos da colonização do Sul do país. Como os alemães, os italianos estabeleceram-se em núcleos coloniais com organização espacial semelhante, assentada na pequena propriedade.

Os motivos da vinda para o Brasil
Os italianos que migraram para o Brasil perseguiram o sonho de continuar a sobreviver como pequenos produtores rurais, condição que não conseguiram mais manter em seu país.
A Itália era um país agrícola bastante atrasado. A expansão do capitalismo ocorreu principalmente no norte, mas não conseguiu mudar a situação de pobreza de sua agricultura. Não possuindo recursos minerais importantes para o desenvolvimento industrial, como o carvão e o ferro, a Itália teve de se limitar a uma industrialização mais modesta, baseada na indústria têxtil. Com isso, a maior parte da mão-de-obra continuava ocupada na atividade agrícola, tanto no latifúndio do sul, como na pequena propriedade do norte. A emigração passou a ser encarada por muitos como a solução para a crise econômica, social e política.

As colônias italianas em Santa Catarina
Para promover a imigração, foram criadas as já mencionadas companhias de colonização e contratadas empresas comerciais, que introduziam os colonos nos núcleos. Os colonos viajavam na companhias de navegação italianas, que lucravam muito com o empreendimento.
Os imigrantes italianos que vieram para Santa Cataria, eram em menor número. Desenvolveram a policultura e fundaram as cidades de Nova Trento, Nova Veneza e Uruçanga (veja o mapa a seguir) entre outras.

Essa política de colonização não tinha o apoio dos cafeicultores paulistas, que apenas defendiam uma política de imigração. A colonização italiana do Sul é anterior à “grande imigração” italiana para o estado de São Paulo. Serviu como propaganda para introduzir os italianos na lavoura cafeeira paulistas. Muitos dos imigrantes que foram para São Paulo achavam que estavam se dirigindo para os núcleos coloniais das províncias sulinas.

Conseqüências da
colonização do Sul   O desenvolvimento da pequena propriedade no Sul possibilitou uma divisão inter-regional do trabalho, com a área cafeeira produzindo para o mercado externo, enquanto a zona colonial produzia para o interno (gêneros alimentícios) nas áreas de produção camponesa do Sul.

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