Cadernos de Literatura Brasileira
Com um número dedicado ao poeta pernambucano João
Cabral de Melo Neto, o Instituto Moreira Salles lançou em março de 1996
os Cadernos de Literatura Brasileira, publicação semestral que a cada
edição trata da vida e da obra de um autor nacional. Do ponto de vista
editorial, os Cadernos situam-se entre a revista e o livro didático.
Em sua vocação jornalística, a publicação é marcada pelo esforço em
oferecer ao leitor a maior gama possível de material inédito: originais,
entrevistas, depoimentos. Além disso, uma atenção especial é dada à
edição fotográfica. No plano de estudos, os Cadernos trazem sempre ensaios
sobre o escritor-tema e um guia de serviços bibliográficos.
Os
Cadernos fazem parte do projeto do IMS de valorização do autor nacional,
integrando-se à série "O escritor por ele mesmo", que promove encontros
de grandes nomes da ficção e da poesia do país com seu público.
A
publicação do IMS pode ser encontrada nas principais livrarias do país,
nas lojas dos centros culturais do Instituto Moreira Salles e dos Espaços
Unibanco de Cinema e em Portugal. O exemplar dos Cadernos custa 30 reais.
Para assinar, clique
aqui ou disque (0 XX 11) 3371-4455.
Com entrevista realizada por Rinaldo Gama e Antonio Fernando De Franceschi,
depoimentos de Lygia Fagundes Telles, Carlos Vogt e Caio Fernando Abreu
- além das fotografias de Eduardo Simões (veja algumas nesta
página) - o Caderno sobre a escritora Hilda Hilst foi publicado
em Outubro de 1999.
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Trecho
da Entrevista
Cadernos:
Noutras palavras, a sua poética, de certo modo, sempre foi a do desejo?
Hilda
Hilst: Daquele suposto desejo que um dia eu vi e senti em algum lugar.
Eu vi Deus em algum lugar. É isso que eu quero dizer.
Cadernos:
E a importância de Deus diminui também agora?
Hilda
Hilst: Não preciso mais falar nada, entende? Quando a gente já conheceu
isso, não precisa mais falar, não dá mais pra falar.
Cadernos: É, portanto, um esgotamento da linguagem, um impasse, digamos,
"expressivo", que leva ao silêncio?
Hilda
Hilst: É verdade. Leva ao silêncio. Eu fui atingida na minha possibilidade
de falar. Lá do alto me mandam não falar. Por isso é que estou assim.
Cadernos:
Sua obra, no fundo, então, procura...
Hilda
Hilst: Deus.
Cadernos:
Ele não significava o Outro, o outro ser humano?
Hilda
Hilst: Deus é Deus. O tempo inteiro você vai ver isso no meu trabalho.
Eu nem falo "minha obra" porque acho pedante. Prefiro falar "meu trabalho".
O tempo todo você vai encontrar isso no meu trabalho.
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(Cadernos
de Literatura Brasileira - Hilda Hilst / Instituto Moreira Salles - São
Paulo - SP: Outubro de 1999.)