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Abro
agora o livro de minhas lembranças.
Vejo cenas, por mim, há
muito esquecidas.
Algumas ainda, muito tristes,
trazem cicatrizes até os dias de hoje. Feridas que sangram, apesar
dos longos anos que se passaram. Percebo que algumas mágoas
apenas adormecem, mas que jamais morrem por completo.
E, que dentro de nossa alma, transformam-se em um tipo de câncer,
que cria raízes e percorre todas as artérias
do nosso corpo.
Hoje, somente hoje posso dizer o quanto é difícil relembrar. O quanto dói trazer o passado de volta. Viver por alguns instantes o que já não existe de fato, mas que dentro da gente nunca se apaga por completo. Os meus temores mais antigos estão de cara comigo. Parece que vejo minha imagem refletida no espelho do tempo. E o tempo cobra o que deixei esquecido em seu colo. O tempo traz, como numa rajada de vento, tudo o que um dia rejeitei. Como é triste perceber que crescemos para não sermos nós mesmos. E quando chega o momento de olharmos para trás, buscando a essência do que nascemos, deparamo-nos com a situação infeliz de descobrirmos que já não podemos encontrar quem fomos e lembrar todos os ideais que um dia tivemos. O futuro, quando chega, apenas nos mostra as marcas doloridas do passado e coloca sob o alcance de nossa memória, somente os momentos mais cruéis, dos quais havíamos forjado esquecimento completo. E as poucas boas lembranças que temos estão tão distantes do nosso presente que nunca mais estaremos certos de que tenham, algum dia, sido verdades em nossa vida.(parte do meu livro:Um Sonhador) |