A VIDA DAS ABELHAS
Inseto
laborioso, disciplinado, a abelha convive num
sistema de extraordinária organização: em cada colméia existem
cerca de 80.000 abelhas e cada colônia é constituída por uma única rainha,
dezenas de zangões e milhares de operárias.
A
rainha é personagem central e mais importante da colméia. Afinal, é dela
que depende a harmonia dos trabalhos da colméia, bem como a reprodução da
espécie.
A rainha é quase duas vezes maior do que as operárias e sua única função do ponto de vista biológico, é a postura de ovos, já ela é a única abelha feminina com capacidade de reprodução
A
rainha consegue manter este estado de harmonia segregando uma substancia
especial, denominada ferormônio,
a partir de suas glândulas mandibulares, que é distribuída a todas as
abelhas da colméia. Esta substância, além de informar a colônia da presença
e atividade da rainha na colméia, impede o desenvolvimento dos órgãos
sexuais femininos das operárias, impossibilitando-as, assim de se
reproduzirem. É por esta razão que uma colônia tem sempre uma única
rainha. Caso apareça outra rainha na colméia ambas lutarão até que uma
delas morra.
A
rainha nasce de um ovo fecundado, e é criada numa célula especial, diferente
dos alvéolos hexagonais que formam os favos. Ela é criada numa cápsula
denominada realeira, na qual é alimentada pelas operárias com a geléia
real, produto riquíssimo em proteínas, vitaminas e hormônios sexuais. A geléia
real é o único e exclusivo alimento da abelha rainha, durante toda sua vida.
A
abelha rainha leva de 15 a 16 dias para nascer e, a partir de então, é
acompanhada por um verdadeiro séqüito de operárias, encarregadas de
garantir sua alimentação e seu bem-estar. Após o quinto dia de vida, a
rainha começa a fazer vôos de reconhecimento em torno da colméia. E a
partir do nono dia, ela já esta preparada para realizar o seu vôo nupcial,
quando, então, será fecundada pelos zangões. A
rainha escolhe dias quentes
e ensolarados, sem ventos fortes, para realizar vôo nupcial.
Para
atrair os zangões de todas as colméias próximas, a rainha libera em pleno vôo,
um ferormônio sexual que é captado pelos machos a quilômetros de distância,
e como voa em alta velocidade e grandes altitudes, a maioria dos zangões não
consegue acompanha-la. Assim, ela faz uma seleção natural, pois somente os
machos mais fortes e rápidos conseguem segui-la.
Quando
finalmente os zangões conseguem alcança-la, há o momento da cópula
nupcial, onde a rainha prende o testículo do zangão, que morre gloriosamente
após fecunda-la... E aí esta o grande segredo da rainha, pois ela recebe
milhões de espermatozóides do zangão que ficarão em um reservatório de sêmen
de seu organismo, chamado espermateca. Nesta fase a rainha fica na condição
de hermafrodita (fêmea e macho ao mesmo tempo) fecundada para o resto de sua
vida. Ela poderá, excepcionalmente, nesta época de fecundação, realizar
outros vôos nupciais, caso a sua espermateca não esteja completamente
lotada.
O Vôo nupcial que a rainha faz é o único em sua vida. Ela jamais sairá novamente da colméia, a não ser para acompanhar uma enxameação, isto é, parte de um enxame que abandona uma colméia, para formar uma nova colônia.
Ao
retornar à colméia, a rainha passa a ser tratada com atenção especial por
parte das operárias, que a alimentam com geléia real, limpam seus
excrementos, cuidam de sua higiene. Assim, ela sua única preocupação e a
postura de ovos, para nascerem mais abelhas. Em condições favoráveis de
clima e alimento (Florada),
uma rainha pode botar cerca de três mil ovos por dia.
Caso a rainha morra ou seja removida da colméia, toda a colônia imediatamente perceberá sua ausência, justamente pela interrupção da produção do ferormônio que induz as abelhas ao trabalho e que informa da presença da rainha na colméia.
Se a rainha tem como única obrigação à postura de ovos, a única função dos zangões é a fecundação das rainhas virgens. O zangão é o único macho da colméia, não possui ferrão e, nasce dos ovos fecundados depositados pela rainha num alvéolo maior que os das abelhas operárias.
Por não possuir órgãos de trabalho, o zangão não faz outra coisa a não ser voar à procura de uma rainha virgem para fecunda-la.
Os zangões nascem 24 dias após a postura do ovo e atingem a maturidade sexual azo 12 dias de vida. Vivem de 80 a 90 dias e dependem única e exclusivamente das abelhas operárias para sobreviver: são alimentados por elas, e por elas são expulsos da colméia nos períodos de falta de alimento – normalmente no outono e no inverno – morrendo de fome ou frio.
Quase duas vezes maiores do que as operárias, a presença de zangões numa colméia é sinal de que há alimento em abundância, ou se muito MEL.
Apesar de não possuir órgãos de ataque, defesa ou de trabalho, o zangão é dotado de aparelhos sensitivos excepcionais: podem identificar, pelo olfato ou pela visão, rainhas virgens a dez quilômetros de distância.
Os zangões costumam agrupar-se em determinados locais próximos às colméias, onde ficam à espera de rainha virgens. Quando descobrem a “princesa”, partem todos em perseguição à rainha, para copular em pleno vôo, o que acontece sempre acima dos 11 metros de altura. No vôo nupcial, uma média de oito a dez zangões conseguem realizar a cópula, ou seja os mais fortes e Vigorosos. Eles pagam um preço muito alto pela proeza: após a cópula, seu órgão genital é rompido, ficando preso à câmara do ferrão da rainha. Logo após, o zangão morre.
A abelha operária é uma verdadeira “carregadora de piano”. Afinal ela é responsável por todo trabalho realizado no interior da colméia, exceção feita à postura de ovos, atividade exclusiva da rainha. As abelhas operárias encarregam-se da higiene da colméia, garantem o alimento e a água de que a colônia necessita, coletando pólen e néctar, produzem a cera com a qual constroem os favos, alimentam a rainha, os zangões e as larvas por nascer e cuidam da defesa da família. Além destas atividades, as operárias ainda mantêm uma temperatura estável, entre 33º e 36ºC, no interior da colméia, produzem e estocam o MEL que assegura a alimentação da colônia, aquecem as larvas (crias) com o próprio corpo em dias frios e elaboram a PRÓPOLIS, substância processada a partir de resinas vegetais, utilizadas para desinfetar favos, paredes , vedar frestas e fixar peças, na colméia.
As abelhas operárias nascem 21 dias após a postura do ovo e podem viver até seis meses, em situações excepcionais de pouca atividade. O seu ciclo de vida normal não ultrapassa os 60 dias.
Mas apesar de curta, a vida das operárias é das mais intensas. E esta atividade já começa momentos após seu nascimento, quando ela executa o trabalho de faxina, limpando, alvéolos, assoalho e paredes da colméia. Daí a denominação de faxineira. A partir do quarto dia de vida, a operária começa a trabalhar na “cozinha” da colméia com o desenvolvimento de suas glândulas hipofaríngeas, ela passa a alimentar as larvas da colméia e sua RAINHA. Chamadas neste período de sua vida, que vai do 4º ao 14º dia, de nutrizes, essas abelhas ingerem pólen, mel e água, misturando estes ingredientes em seu estômago. Em seguida, esta mistura que passou por uma série de transformações químicas, é regurgitada nos alvéolos em que existam larvas. Esta mistura servirá de alimento às abelhas por nascer.E, com o desenvolvimento das glândulas hipofaríngeas, produtoras de geléia real, as operárias passam a alimentar também a RAINHA, que se alimenta exclusivamente desta substância.
De nutrizes, as operárias são promovidas a engenheiras, a partir do desenvolvimento de suas glândulas cerígenas, o que acontece por volta do seu nono dia de vida. Com a cera produzida por estas glândulas, as abelhas engenheiras constroem os favos e paredes da colméia e operculam, isto é, fecham as células que contêm MEL maduro ou larvas. Além deste trabalho, estas abelhas passam a produzir Mel, transformando o néctar das flores que é trazido por suas companheiras. Até esta fase, as operárias não voam, e ficam somente na colméia.
A partir do 21º dia de vida, as operárias passam por nova transformação: elas abandonam os trabalhos internos na colméia e se dedicam à coleta de água, néctar, pólen e própolis, e à defesa da colônia. Nesta fase, que é a última de sua existência, as operárias são conhecidas como campeiras.