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Pais e educadores

 

Como conseguir que se portem bem!

 

A família está reunida à volta da pia baptismal: os pais, os avós, os padrinhos, as crianças Victor e Daniel e a irmãzinha de ambos, que dentro de momentos será baptizada com o nome de Irene. A mãe retira-lhe a touca e alisa o seu vestido comprido. Quando o sacerdote está pronto a pronunciar as solenes palavras «Eu te baptizo em nome do Pai», de repente, ouve-se uma voz divertida: «Olha, tem pernas!».

«Quase desmaiei», recorda a mãe, «Ali estavam os meus filhos mais velhos, de três e quatro anos, com os seus elegantes fatos e umas enormes manchas de pó nos joelhos. Haviam gatinhado para verificar se debaixo do hábito o sacerdote possuía pernas, tal como os restantes mortais.»

As crianças são imprevisíveis e ninguém sabe o que se passa nas suas cabecinhas, aparentemente angelicais. Isto fica absolutamente patente nas grandes celebrações. Ainda que os vista como os adultos, é pouco realista esperar que se comportem como tal.

É claro que nem todos se portam da mesma maneira, há variações. Que uma menina de quatro anos se sinta incomodada com os sapatos novos e termine a festa descalça, é o menos, e também se compreende que um menino de dois anos, durma durante todo o sermão nupcial, mas, como nos sentiríamos sendo pais de um menino que no silêncio de um enterro, perguntasse em voz alta: «Que está dentro dessa caixa negra?»

Remédio: contratar uma baby-sitter e deixá-los em casa? Pensamos que isso não seria a solução ideal.

É bom que as crianças participem nos rituais

Assistir a uma celebração que reuna familiares e amigos é benéfico para as crianças, porque lhes demonstra que fazem parte de uma grande teia de pessoas ligadas entre si através de várias gerações.

A sensação de pertencer a algo maior do que o pequeno grupo familiar dá-lhes segurança, já que a criança percebe que, em caso de necessidade, todas estas pessoas estariam à sua disposição para a ajudar. Outra característica importante das celebrações consiste nos rituais. Entendemos por ritual uma cerimónia, religiosa ou mundana, que decorre segundo determinadas regras e preceitos sempre iguais. Uma missa é um ritual, mas também o é a colocação de uma medalha ou o entrega de um prémio. Todas as culturas seguem rituais para acompanhar momentos importantes.
Nos rituais colectivos, o eu pessoal perde relevo e substitui-se por um enorme nós, efeito que confere união, consolo e solidariedade, sensação cuja força também é notada pelas crianças.

Por todas estas razões, os maiores de 3 anos - se se trata de uma reunião familiar, inclusivamente os mais pequenos - deveriam tomar parte nas celebrações.

Antes da festa, os pais terão de prever bem e avaliar os possíveis percalços: o seu filho ficará cansado, não quererá cumprimentar os estranhos, negar-se-á a comer, quererá modificar o ritual segundo o seu gosto?

Algumas dicas úteis:

· A criança não tem de assistir à festa desde o início até ao final. Qualquer celebração que dure mais de duas horas é excessiva para uma criança de três anos, por isso será bom avaliar se não será melhor, assistir à celebração propriamente dita, mas não ao posterior banquete ou o inverso. Os mais crescidos aguentam mais, mas também suportam mal ultrapassar a sua hora habitual das refeições e da sesta. Antes de nos defrontarmos com uma criança chorando de verdadeiro cansaço, é melhor levá-lo a casa ou ao hotel, onde o atenderá uma baby-sitter contratada previamente.

· Convém explicar-lhes em que consiste a cerimónia. Teresa, de quatro anos, é a encarregada de levar as alianças ao seu tio Miguel. Vestida a rigor e com uma coroa de flores no cabelo, está à espera da entrada dos noivos no templo. Ao ver a noiva agarrada ao braço de um senhor e o noivo acompanhado de uma senhora, a menina perguntou em vos alta: «E eu? Com que menino vou entrar?». Em seguida, senta-se na sua cadeira e nega-se a levantar. Menos mal que o avô tinha humor e presença de espírito para adiantar-se e dizer: «Eu sou o teu par, vais entrar comigo». Com o que a cerimónia seguiu o seu curso.
Para evitar estes percalços inesperados convém explicar às crianças muito bem em que consiste o acto, inclusivamente treinando-o como se fosse um jogo. Por exemplo, antes de um casamento, dir-lhe-emos: «Primeiro vestimos a nossa roupa melhor, depois vamos à igreja e escutamos o senhor padre, que perguntará aos noivos se querem amar-se sempre. É um momento muito importante para os dois. Por isso, depois vamos celebrar todos com uma grande festa.

· Devem saber quem são os convidados principais. Para que as crianças reconheçam os convidá-los e os cumprimentem sem excessiva timidez, dir-lhe-emos como se chamam, onde vivem e que meio de transporte utilizaram. «O tio Jaime é o que dá grandes gargalhadas e veio no jeep, também já uma vez te ofereceu um grande crocodilo verde. Já te lembras da senhora de branco que chegou no avião de Paris? É a irmã do avô Luís?». Também, se tivermos, lhes podemos mostrar antecipadamente fotografias dos convidados.

· É melhor evitar a roupa incómoda. Não é demais fazer um ensaio na semana anterior. Se durante uma hora a criança se sente a seu gosto com o seu fatinho e com os sapatos de festa, provavelmente também se sentirá bem na cerimónia. Caso contrário, façamos as alterações oportunas.

· Uma pequena refeição prévia compensará os possíveis atrasos. Todos sabemos quão insuportável se pode tornar uma criança com fome. Por outro lado, existe sempre o perigo de que num banquete sirvam lagostas, lavagantes ou outros monstros que lhes põem os cabelos em pé. Como prevenção, até que lhes sirvam o conhecidíssimo bife com ovo a cavalo de substituição, e antes de ir para a cerimónia, devemos dar-lhe algo para entreter o estômago.

Uma criança ocupada porta-se melhor

Em quase todas as cerimónias há momentos de espera ou de conversação adulta. Nas primeiras comunhões, as crianças tardem em formar-se e a entrar na igreja ; nos casamentos é tradição que a noiva chegue atrasada; no restaurante, os convidados aparecem gota a gota?

Para os mais pequenos ou na idade pré-escolar são momentos de tédio e, portanto, propícios para que comecem a choramingar, a fazer uma birra ou algum disparate. Podemos preveni-lo, levando um caderno de desenho e lápis de cor ou um pequeno puzzle. Às crianças um pouco mais crescidas, pode dar-se-lhe uma simples máquina fotográfica e pedir-lhes que façam fotografias dos convidados.
Caso o banquete tenha lugar na própria casa, as crianças da casa podem ocupar-se de pequenas tarefas, como, por exemplo, abrir a porta ou lavar as crianças convidadas a sentar-se na mesa das crianças.

Tanto em casa como no restaurante, deve prepara-se sempre uma mesa para as crianças, presidida por um adulto com jeito para as crianças. Os mais velhos ficam agradecidos e também as próprias crianças, que se sentem melhor se não lhes ralharem de comer com as mãos e não tiverem de ouvir as aborrecidas conversas dos adultos.

Para além disso, por mais solene que seja a cerimónia, convém conservar o sentido de humor. Uma tarde por onde já passaram uns dedinhos infantis deveria provocar umas saudáveis gargalhadas, nunca um ralho de um pai aborrecido.

Revista "Bebé d'Hoje"

 

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