Divórcio
O divórcio, tão comum nos dias de hoje, para além de afectar duas pessoas que optam por pôr fim a uma relação e seguir o seu caminho separadamente, atinge principalmente a criança que se sente desamparada e cheia de dúvidas perante esta atitude dos pais.
A atitude dos filhos face ao divórcio é aparentemente negativa, mesmo quando sabem que os pais não são felizes no casamento. Efectivamente, para os filhos o divórcio envolve a mudança para uma situação de desiquilíbrio e desorganização, associada com a separação e a reorganização/construção de um novo equilíbrio na casa de um só pai.
A experiência do divórcio vai implicar uma série de alterações na vida dos filhos. Mudanças no estatuto económico, implicando uma diminuição do poder de compra familiar e provavelmente a necessidade da mãe trabalhar e, consequentemente, exigir um papel mais activo dos filhos na partilha de responsabilidades domésticas, diminuição na interacção com o pai que revela uma decrescente disponibilidade, especialmente para os filhos do sexo oposto, e mudanças significativas na relação com a mãe, cuja utilização de métodos mais restritivos e de sanções negativas aumenta, eventualmente pelo acumular de stress que experiência. As mães divorciadas tendem a ser mais exigentes face à maturidade e autonomia dos filhos, o que pode ser especialmente positivo para os adolescentes, mas demasiado desafiante para os filhos mais novos.
Dependendo da sua idade, a sua dor, a sua tristeza, a sua ira, podem manifestar-se com atitudes regressivas, como voltar a chupar o dedo ou a fazer chichi na cama, com um comportamento agressivo, ou pelo contrário, com um comportamento exageradamente exemplar, na verdade porque está “morta” de medo: sabe que os pais deixaram de se amar e teme que possa acontecer o mesmo com ela.
Algumas crianças sentem-se culpadas e convencem-se que os pais se separaram por sua culpa. Sentimentos de traição e ansiedade podem desencadear perturbações graves ao nível comportamental e afectivo, pois a incoerência percebida nos pais põe em causa a filosofia de vida até agora defendida e valorizada. Não deixa de ser triste que, por um mal-entendido ou por uma suposição absurda, as crianças tenham que sofrer tanto. O melhor seria que os pais explicassem logo de início aos seus filhos que eles não têm nada a ver com a sua separação, ainda que eles não comentem essa questão.
Normalmente os filhos amam tanto o pai como a mãe e não querem acreditar que o papá e a mamã nunca mais vão voltar a viver juntos.
É frequente que as crianças não falem dos seus sentimentos e se sintam demasiado confusas com a situação por a qual estão a passar e não compreendem porque é que alguém que amam já não vive com elas, será que o seu amor não é recíproco?
Nestes casos o melhor é que os ex-cônjuges distingam os seus papéis de antigos companheiros dos papéis de pais e aprendam a estabelecer uma relação, e, se não se conseguirem relacionar como amigos, então que se relacionem como dois sócios de um negócio cujo fim comum é a educação de seus filhos. Esta será sem dúvida a maneira mais correcta de poder resolver o dilema do divórcio, sem que para isso tenha de se afectar a educação da criança.
As crianças devem sentir que os pais as amam tanto quanto dantes e que os podem amar sem barreiras. É importante que os pais não percam o contacto com os seus filhos, lhes dêem amor e atenção e principalmente que, tanto o pai como a mãe, não falem mal um do outro aos seus filhos. Só assim a criança encontrará harmonia e aprenderá a aceitar a sua nova situação.