ENTREVISTA:
MILTON CÉLIO DE OLIVEIRA FILHO
Milton é um dos poucos criadores de jogos profissionais do Brasil. Desenvolveu dezenas de jogos desde que começou, há quase 20 anos.
SUA HISTÓRIA
Nascido em 1953, Milton estudo Direito tornando-se advogado, profissão
que exerce até hoje. Passou por algumas outras áreas: foi professor de português
de turmas de colegial, foi escritor (tendo ganho inclusive prêmios literários)
e até autor de letras de música.
Há quase 20 anos iniciou sua carreira como criador de jogos. Após
muitas dificuldades, que o levaram até a abandonar a criação de jogos por algum
tempo, conseguiu se estabelecer pouco a pouco, tornando-se um dos poucos criadores
de jogos profissionais do Brasil.
Há 10 anos trabalha regularmente com isso, tendo desenvolvido jogos
para diversas empresas, entre elas as maiores do mercado. Hoje cria jogos com
exclusividade para a Grow. Via de regra as caixas dos jogos criados por ele
levam o nome de sua empresa, a Cia. de Jogos.
Milton advoga apenas meio período, dedicando-se no restante de seu tempo à criação
de jogos. Ele conseguiu reservar esse tempo aos jogos após anos onde os criava
em fins de semana e madrugadas.
O MERCADO DE JOGOS NO BRASIL
O mercado tem crescido. O ano de 99 foi especialmente bom para os
jogos.
A maior parte dos lançamentos é voltada ao público infantil. Nesse
ponto, a qualidade de criação dos jogos brasileiros não deixa nada a desejar
à de outros países. Mas o espaço para jogos de adultos é pequeno no Brasil.
Em outros países, pode-se gastar 2 ou 3 anos no projeto de um jogo,
o que faz com que haja jogos para adultos de alto nível. Alguns dos jogos para
esse público que fizeram sucesso aqui vieram de fora.
Mas no Brasil há pouco consumo nesse segmento do mercado e por isso
não se investe tanto nessa direção. Vários fatores podem ser responsáveis por
essa diferença. Entre eles os invernos rigorosos e férias prolongadas em alguns
países, que fazem com que neles haja muito tempo destinado ao lazer. Além do
poder aquisitivo mais alto, pois esses jogos costumam ser mais caros.
CRIADORES DE JOGOS
No Brasil, há muitos criadores de jogos. Mas muito poucos são criadores
profissionais. Há apenas 2 ou 3 pessoas que criam jogos profissionalmente. Os
outros são em sua maioria estudantes que tiveram uma boa idéia de jogo. E às
vezes é realmente uma boa idéia. Mas mesmo quando conseguem lançar o jogo, sua
carreira para por aí. Criador profissional é aquele que trabalha regularmente
com isso, o que significa fazer jogos sob encomenda. Os fabricantes dizem qual
o tema, o personagem, o público alvo. Não há muito espaço para inventar um jogo
e levar a um fabricante, especialmente jogos de adultos.
Um criador profissional trabalha sob encomenda. É quase um emprego.
E é bem mais difícil. Tem que se adequar ao tema, ao personagem, ao briefing.
E com prazos curtos, às vezes de um fim de semana. Não pode demorar mais que
15 dias para fazer um jogo.
O QUE É UM BOM JOGO
Hoje, um jogo não deve durar mais que 40 minutos ou 1 hora. Tem
que ser veloz. Antigamente era mais tolerado um jogo que levasse dias. Mas não
hoje. Para os padrões atuais, um jogo do tipo do War poderia ser considerado demorado e complexo.
Além disso, o número de jogadores que costumava ser 6, tende a ser
reduzido a 4 ou mesmo 2. Não apenas pelo tempo, mas também porque é mais difícil
hoje juntar muitas pessoas para jogar.
Há 2 coisas importantes para que um jogo seja bom:
1. Que haja competição, que o jogo seja estimulante.
2. Que haja chance para que todos compitam. O que sabe menos com
o que sabe mais, o pai com o filho. E que todos tenham chance. É difícil juntar
muitas crianças e muitas vezes os pai têm que jogar com os filhos. É importante
que eles também possam se divertir. E que a criança tenha chance, para o pai
não ter que deixar ela ganhar. As crianças percebem esse tipo de coisa. E percebem
quando o pai não está se divertindo.
Jogos que ele recomenda
Entre os seus próprios
PASSALETRA (Grow, 8 anos): é uma espécie de jogo da forca para 4
pessoas. Foi lançado em 95 e ainda está no mercado. Um jogo adulto interessante.
JOGO RUGRATS – Os Anjinhos (Grow, 4 anos): Foi um desafio fazer,
um jogo que se adequasse aos personagens. Milton encontrou essa solução do equilíbrio.
JOGANDO PARA O ALTO – Turma da Mônica (Grow, 7 anos) : Um resgate
do jogo dos saquinhos. Com o mesmo sistema lúdico de base e alguns mecanismos
a mais que dão novo sabor ao jogo. O jogo dos saquinhos é algo que hoje não
se conhece. Exige habilidade motora e os pais podem se divertir com os filhos.
Eles precisam se esforçar para não perder das crianças. Milton acredita que
tem algo quase poético aí. Nesse resgate de um jogo tradicional.
AVENTURA NA SELVA (Grow, 7 anos): Achou estimulante fazer. Foi desenvolvido
a partir de uma idéia sua.
RESPOSTA MÁGICA (Grow, 4 anos): Um dos seus jogos de maior sucesso.
Tornou-se praticamente um clássico, coisa difícil hoje em dia. Deu origem a
uma série de jogos Foi um enorme desafio fazer. Um computador sem pilha. Funciona
com ímãs.
De outros criadores
MUTAÇÃO (Grow, 10 anos): é um jogo de origem estrangeira muito interessante,
leve e muito inteligente.
PERFIL (Grow, 14 anos): é um jogo fascinante.
SCOTLAND YARD (Grow, 10 anos): Legal pelo aspecto da criação.
WAR (Grow, 10 anos): Milton tinha 18 anos em 1971 quando o jogo
foi lançado. No Brasil o jogo alcançou muito a juventude. Virou um fetiche na
geração estudantil. Um dos símbolos de uma época. O primeiro jogo de estratégia.
Xadrez estava na moda na época (era a época de Mequinho e Fischer) e War era
uma espécie de xadrez num outro cenário.
FLASH: inspirado no Stop (não se encontra mais em catálogo)
GANGUE DAS TOUPEIRAS (não se encontra mais em catálogo): um jogo
diferente com soluções muito inusitadas.
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