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ANGER

Já não é muito comum para uma editora 
assinar contrato com uma banda com base na 
força de um único espectáculo. Mas foi o que 
aconteceu com os Anger, quarteto de power metal
 de Aveiro após o seu primeiro concerto no 
Johnny Guitar, em Outubro de 1995. A força 
descarregada naquele palco foi suficiente para
 despertar o interesse da Nortesul e após um segundo espectáculo naquela mesma sala de Lisboa, em Abril de 1996, todas as "suspeitas" se confirmavam: os 
Anger sabiam escrever canções e executá-las
 e para lá do seu formato de eleição - 
o metal regado com muito power - ficavam as
 capacidades de criação demonstradas em canções que, apesar de absolutamente novas para os ouvidos
 que se deslocaram à sala do Johnny, 
conquistaram tudo e todos ao mesmo tempo que
 não deixavam pedra sobre pedra. Ao segundo 
concerto dos Anger no Johnny Guitar seguiu-se 
um convite para a gravação de uma maquete num dos
 estúdios da Valentim de Carvalho. E novas 
"suspeitas" se confirmavam: a banda de Pedro Pereira (voz), Lino Vinagre (guitarras) e Afonso Corte-Real (bateria) conseguia na perfeição passar
 a energia libertada em palco para fita.
 Condição essencial para se gravar um disco. 
Na época, os Anger contavam ainda com a prestação de António Viegas no baixo, entretanto já substituído. Francisco Martins, foi então o homem convidado 
a traduzir em estúdio toda a força e emoção presentes nos espectáculos ao vivo. Com um currículo que o 
coloca mais próximo de outras áreas de música, 
demonstrou no entanto ter toda a sensibilidade
 necessária para empreender a missão de registo do 
álbum de estreia dos Anger. Pré-produção no estúdio próprio de Chico Martins seguida, mais tarde, de 
passagem para o Aura Estúdio em Paços de Brandão 
(onde os Xutos acabavam de gravar o seu novo álbum) 
foram os passos dados. O cruzamento com os Xutos
 resultou ainda num pormenor importante: 
Ronnie Champagne, produtor dos Xutos que já 
antes havia desempenhado idênticas funções
 com os Blind Zero, apaixonou-se pelas maquetes resultantes da pré-produção dos Anger e 
ofereceu os seus serviços. São dele, 
e de Francisco Martins, as misturas do álbum 
de estreia desta banda de Aveiro - o toque de 
mestre final num som duro e maduro que promete surpreender. Os Anger constroem canções onde 
os riffs de guitarra comandam um som coeso 
feito de uma poderosa secção rítmica com a 
força de uma locomotiva. Por cima, supremo,
 Pedro Pereira faz soar a sua voz, ora gritada ora cantada, mas sempre com uma segurança 
extrema. Canções pessoais que falam da vida
 e dos seus destinos, os temas dos Anger respiram imaginação: "Low Life", "Liar", "Bring in the Pain", "Awaked Unconsciousness", "Lost Soul" ou 
"Careless Toys" são alguns dos pontos altos 
de um álbum que, na verdade, não nos dá descanso:
 pela força e pela criatividade aí investidas. 
Preparem-se pois para algumas supresas:
 como a colaboração de Ronnie Champagne num tema 
(com a voz e não, como se poderia pensar, com guitarras...) ou Rui Vaz na manipulação de samplers.

 Como dizia John Lydon:

ANGER IS AN ENERGY... 


anger@mail.telapac.pt

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