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Reflexões sobre a Bibliolatria

É preciso começar a meditar sobre o que eu chamo de "bibliolatria",isto é
> ,"está na Bíblia, vale e de forma indiscutível".
>
> Para começar é preciso ver o contexto em que ela foi escrita. Assim, em
> muitas partes ela contem conceitos carregados de preconceitos e
> autoritarismos,inerentes ao Homem da época.
>
> Recuso-me por exemplo, a aceitar o que está no Levítico que preceitua que
> uma parturiente fica "impura" 33 dias se der à luz a um homem e 66 se der
à
> luz a uma mulher.Suspeito também de todo o processo de reocupação de Terra
> de Canaã, na base do genocídio e de claros conceitos de "limpeza étnica"
> onde "Deus" teria ordenado a matança generalizada das populações,
incluindo
> velhos, crianças e até animais, porque senão no futuro eles se voltariam
> contra os israelitas.O termo "anátema" (ou "interdito") é na verdade e
> simplesmente, GENOCÍDIO de populações "INDESEJÁVEIS".Ou seja os anátemas
> eram praticados por um "ingroup" contra "outgoups",segundo explicaremos
> abaixo. Anátema,significa ter de matar todo ser vivo de um local.No caso
da
> reconquista de Canaã, isto incluiu até os madianitas, que abrigaram Moisés
> quando ele esteve foragido após matar um egípcio.É carnificina demais num
> texto tido como santo in totum.
>
>
> Há a bizarria da justificação da escravidão: uma pessoa podia ser tomada
> como escrava por sete anos e depois seria libertada. Mas se esta tivesse
se
> acomodado e quisesse continuar escrava, o senhor furaria sua orelha com
uma
> sovela contra o batente de uma porta e isto seria escravidão até a morte.E
> vamos por aí, com profecias aterrorizantes, preconceitos contra raças e
> homossexuais (que hoje sabemos, não têm culpa de o serem e sentirem o que
> sentem) e ritos excessivos.
>
>
> No livro "O Menino Que Não Conseguia Parar de se
> Lavar" da Dra. Judith Rapoport, sobre o transtorno obsessivo-compulsivo,
ela
> trata de problemas de pessoas com este tipo de transtorno, cujos sintomas
se
> agravavam pelo fato de serem de origem israelita e estarem culturalmente
> atadas a rituais de todo o tipo sobre como fazer,como comer, como se
> lavar,preceito para isto e para aquilo,etc.etc.Em alguns casos tais
> preceitos eram higienizantes, como o caso da circuncisão, que diminui a
> incidência do câncer do pênis e as muitas abluções(lavagens). Mas noutras,
> são coisas exageradas como a proibição de misturar carne com leite (judeu
> ortodoxo não pode comer strogonoff,por exemplo) e até a própria carne de
> porco que consumida com cuidado e higiene não faz tanto mal.
>
>
> Por outro lado, é preciso que se informe à população a diferença entre
> "religião" e "seita". Religião seja ela qual for, tem princípios
filosóficos
> sólidos. Seitas se guiam geralmente pelo senso comum e pelo "pensamento
> mágico",qual de se acharem privilegiadas e em contato direto com as forças
> transcendentes, que colocam seus membros em situação privilegiada em
relação
> a outros, com acesso a ocorrências mágicas a todo momento.Isto também as
> coloca próximas de um pensamento ETNOCÊNTRICO, que afinal as aproxima de
uma
> coisa chamada FASCISMO.
>
>
> Define-se como etnocentrismo a todo sistema de crença onde prevalece uma
> distinção rígida entre GRUPO INTERNO(ingroup) e GRUPO EXTERNO(outgroup). O
> grupo interno se mantem unido através de uma hierarquia rígida e fantasias
> estereotipadas POSITIVAS, a respeito de si próprio, inclusive o direito
> praticamente divino de ser justamente dominador. Já o grupo externo é tudo
> aquilo que não pertence ao grupo interno e por isto mesmo tem de ser
> segregado, controlado e até destruído.Isto se vê claramente no símbolo do
> fascismo que é um machado cujo cabo é composto de várias varetas
atadas.Não
> é apenas um apelo à união, do tipo "a união faz a força".A união faz a
força
> sim, mas para ser usada na agressão aos demais,que é o que simboliza o
> machado.
>
>
> Nos últimos tempos, religiões sólidas como a Católica e a Luterana têm
> caminhado muito na abolição de práticas etnocêntricas. Aliás, diga-se de
> passagem, a maioria das ditas igrejas "evangélicas" são, historicamente,
> dissidentes da Igreja Anglicana, fundada pelo rei Henrique VIII por
motivos
> e condutas altamente discutíveis.Inclusive pelo fato de ter se casado oito
> vezes e mandado duas de suas eleitas para serem decapitadas, quais sejam:
> Ana Bolena (mãe da Rainha Elizabeth I) e Catarina Howard. Estranhíssimo
para
> quem se propunha a fundar mais uma religião...cristã.
> A Igreja Anglicana começou depois a se dividir. E cada divisão gerou
outras
> subdivisões. Por exemplo os metodistas, discípulos de John Wesley, foram
> originalmente de origem anglicana e que se mostraram insatisfeitos com o
> anglicanismo.Aliás e a propósito, eles procuravam levar uma vida mais
santa
> e METÓDICA.Reuniam-se  para estudar aa Bíblia,mas num exagero tal que
foram
> apelidados de "Bible Bigots" (Carolas da Bíblia) e depois adotaram a
> denominação METODISTA.
>
> Era isto que achava útil informar a todos vocês.
> Portanto, cuidado com a "bibliolatria".
>
> Alberto Francisco do Carmo