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CINCO VERSOS SOBRE DISCIPLINA ESPIRITUAL

Por: SHRI SHANKARACHARYA

*Paramhamsa Avaddhutananda Saraswati*

 

 

1. Sempre estude palavras de sabedoria, com toda sua capacidade haja de acordo e execute as disciplinas destas palavras, siga os sistemas de práticas que estas enumeram, propicie o Ser Supremo, e não permita que sua consciência contemple desejos adversos. Limpe todos os resíduos de negativismos de sua mente, procure pelas falhas presentes nos prazeres mundanos, dirija sua alma para o conhecimento verdadeiro e muito rápido tente renunciar aos apegos do seu lar.

 

 

2. Mantenha associação com pessoas verdadeiras, tome refúgio com devoção na Divindade Suprema, com toda sua capacidade tente ser amigo do universo, rapidamente renuncie aos frutos de seus trabalhos. Sempre que possível procure a companhia de pessoas verdadeiras e sábias, sirva as sandálias de seus pés de lótus, pergunte para estas pessoas que seja uma letra do conhecimento de Brahman e ouça as grandiosas palavras de sabedoria dos textos.

 

 

3. Sempre contemple as palavras de sabedoria, tome refúgio nestas palavras, se mantenha bem distante das amarras direcionadas para a alma, busque o verdadeiro sentido dos textos de sabedoria. Eu sou um com o Absoluto, mantenha sempre esta atitude. Faça a renuncia da agitação variada dos pensamentos da mente e deixe o egoísmo por seu corpo, não debata filosofias vãs com intelectuais. 

 

 

4. Tome a cura para o desejo incontrolado, sirva a seu médico como um pedinte deveria servir ao Absoluto. Não procure associação com buscadores de prazeres ou com indivíduos centrados só em si mesmo. Permaneça contente com o que quer que receba em união com o divino, aquilo que o Supremo consentiu em lhe dar. Permaneça o mesmo enquanto passar por todos os pares opostos como calor e frio, prazer e dor, e não dê expressão a discursos sem função. Leve a si como um grande renunciante. Não busque favores de ninguém e não procure obter nada do ser humano.     

 

 

5. Sente-se em um local tranqüilo e confortável e contemple a Divindade Suprema. Olhe para si com plena consciência e veja os apegos do mundo grosseiro sobre a alma, reduza a sua necessidade de ação no mundo. Não permita que seus pensamentos sejam presos pelo karma, com a força da sabedoria liberte sua mente dos apegos. Experimente os frutos de seu prarabda karma, as ações feitas no passado, os frutos que serão experimentados no presente e antes do karma passado se completar, com a mente centrada, vá para os reinos de união com a mais Alta Divindade e permaneça por lá. 

 

 

Quem quer que seja que leia estes cinco versos e, todos os dias, com a consciência estável contemplar a essência neles contida, para ele ou ela as fortes chamas do apego aos objetos, aos relacionamentos e as interrupções da paz na alma serão rapidamente erradicadas.   

 

 

 

COMENTÁRIO

 

Creio que seja desnecessário elucidar que Shri Shankaracharya ou SHAMKARACHAARYA, foi primeiro Guru da Ordem Dashnami de yoguis, Swamis, Paramhamsas, Mahatmas, Avaddhutas, monges e sábios gurus, foi o fundador desta Ordem dos Dez Nomes (Dashnami), uma das referências ao mesmo é ADI GURU SHRI SHANKARACHARYA, ou seja, o primeiro GURU. Os Dez Nomes são os sobrenomes dados aos que pertencem a esta linhagem, sendo referente aos descendentes espirituais de cada um de seus dez discípulos que se tornaram as “matrizes” de sua Ordem. Math é o nome dado a um núcleo principal desta ordem, ou de um GURU. Saraswati, o nosso sobrenome da Ordem Dashnami, surgiu no Math de Sringery, sul da Índia.

 

 

Em homenagem ao HAMSA MATH, missão de nosso mestre Swami Hamsananda Saraswati fundado no Brasil com sede na capital federal e raízes na tradição de Shankaracharya, estamos efetuando a divulgação da obra de Shankaracharya e a sua tradição, como é a nossa finalidade e adaptando este trabalho ao nosso idioma e cultura.

 

 

No verso 2 temos a menção das sandálias do GURU, ou seja GURU PADUKA, o local de toda a sabedoria da humanidade, pois o seu conteúdo é a base em que se fundamenta todos os trabalhos da sabedoria universal yogui, os pés de lótus do GURU, que saudamos com flores de lótus (flores são símbolo de união, yoga significa união) e oferecemos em seguida a quem aqui absorve este néctar conosco.  No verso 4, o que diz respeito ao pedinte é algo da tradição espiritual da Ásia, foi de todo o mundo em outras épocas também, os aspirantes espirituais muito avançados, renunciantes e monges, não se fixavam na dependência de trabalhos nem qualquer outra coisa que não fosse a fonte de tudo, o Absoluto e se recebiam algo era por conseqüência de sua estabilidade nesta fonte, esta atitude interna é a que mantemos até hoje e se decairmos dela viremos a desenvolver instituições religiosas e não espirituais, com a insegurança material total e estaremos ocupados com a mera arrecadação de fundos.

 

 

A capacidade de se cultivar uma existência elevada, calma e serena é adquirida com o desapego, renuncia interna, e até certo ponto externa, o que pode ser aplicado dentro do bom senso e de acordo à realidade de cada qual. Estas instruções do grande mestre Shankara, são uma dádiva celestial para isto, que fico feliz em compartilhar com os de meu idioma e país.       

 

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