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UMA SAGA DE HERÓIS
 
“Não lutamos mais contra seres demoníacos ou monstros fantásticos que habitam esse mundo. Não lutamos mais contra seres malignos com planos para aniquilar as raças do bem. Agora, meu deus, lutamos entre irmãos”
Palavras de Ukyo Z. M., referindo-se ao ex-companheiro Jack Sam
 

 1
 
     O homem estava bravo. Era uma tarde de sol quente, sem ventos para amenizar os efeitos do calor. Enfurnados naquela sala do pequeno castelo, Gordwin suava como nunca. Sua testa gotejava, o suor brotava-lhe do rosto.
     — Mas será que o senhor não entende sua posição? — exclamava pela terceira vez. — Como subsidiário do reino de Salomonis, o senhor deve pagar os impostos que lhe são cobrados.
     Jack Sam estava quieto. Dissera poucas palavras, suficientes para fazer o primeiro-ministro de Salomonis perder a calma. Seu  era olhar sereno, apesar de estar atento como sempre. Sua frieza e calma transpareciam-lhe no seu rosto tranqüilo. A paciência era uma virtude que adquirira em seus cento e dezessete anos de vida, e ele sabia tirar proveito dela.
     — Entenda, — prossegui Gordwin — foi vosso Rei que ajudou a sustentar e erguer seu pequeno reinado, Lorde Sam. Encare isso como uma retribuição àquele que o ajudou durante tanto tempo.
     Jack Sam ficou mais um tempo em silêncio. A conversa já durara horas, sabia que o homem estava cansado. Depois de um tempo, respondeu calmamente:
     — Hei de refletir sobre suas palavras, ministro.
     Jack era um elfo de palavras curtas e objetivas. Sabia que aquela frase acalmaria os homens políticos de Salomonis.
     — Agradeço seu tempo, Lorde Sam,  — disse-lhe Gordwin enxugando o rosto suado. — Voltaremos semana que vem para falarmos novamente.
     Cumprimentos, troca de cortesias, e eis que o primeiro-ministro de Salomonis e sua guarda finalmente vão embora. Jack ergue-se da cadeira onde sentara durante horas e dirige-se à janela para apanhar um pouco de ar fresco. Do alto de seu castelo, observa as pessoas de seu reino trabalhando. Seus domínios aumentaram muito geograficamente. As casas amontoavam-se lado a lado; ruas cortavam a cidadela desordenadamente. Porém tudo e todos continuavam ao comando de Jack Sam.
     — Guarda.
     Do portão da sala onde conversara com o ministro, surge um soldado.
     — Ache Richard imediatamente. Diga que desejo falar urgentemente com ele.
     Sem contestar, o soldado corre para cumprir as ordens de seu rei. Mas ele não sabia o que iria ser começado. Nem o mísero guarda, nem ninguém.
     Exceto o próprio Jack Sam.

 2

     — Muito bem, filho! Desta vez você superou seu velho pai!
     Ukyo Z. M. ensinava seu pequeno filho como utilizar o daikyu.
     — Desta vez eleve o arco um pouco mais acima… Isso… Assim…
     Nos campos de seu feudo, Ukyo estava feliz. Após tantas guerras, finalmente encontrara tempo para sua família. Sabia que sua mulher e seus sete filhos estavam felizes ao seu lado. Assim como ele.
     — Mestre Ukyo… — Um jovem servo aproximava-se. — O senhor Dragnovith está aqui. Deseja falar com o senhor.
     — Hum… Filho, vá brincar com seus irmãos que papai tem visita.
      Suando devido ao incomum sol forte naquela tarde, o samurai dirige-se ao seu templo, sempre com sua sagrada wakizashi na cintura. Entrando lá, reconhece a pessoa que há meses não via.
     — Como vai, Hasteca?
     — Ukyo! Andaste engordando, amigo?
     — Realmente, estou meio fora de forma…
     Risos. Abraços. A alegria de se reencontrarem.
     — E então, Hasteca? Contas algo de novo?
     — Bem… Tenho um assunto sério para tratar contigo…
     Um calafrio percorreu Ukyo, porém insuficiente para abalar sua grande determinação em assuntos importantes. Isso porque, em velhos tempos de guerras, Hasteca sempre trazia más notícias,  ou mais planos de batalhas traçados pelos homens do Rei Salomonis para suas tropas. Porém agora era tempo de paz.
     — Sobre o que exatamente queres tratar?
     — Jack Sam.
     O samurai agora foi tomado por um sentimento de preocupação. Sabia que sempre que o assunto era sobre Jack, fatalmente envolveria problemas de gravidade nada desprezível.
     — Ora… — falou Ukyo —  Mas o que há para ser dito? Jack finalmente pôs a cabeça no lugar. Não é mais um aventureiro qualquer que viaja por aí em busca de aventuras. Possui um pequeno reino a comandar agora; pessoas dependem de suas decisões para viver. Ouvi dizer até que ele iria casar-se…
     Ukyo não tinha firmeza em suas palavras. Conhecia Jack melhor que ninguém. Sabia que o ex-samurai não iria contentar-se com uma vida sem ação, mesmo que desta forma ficasse mais perto da nobreza.
     — Ukyo… — replicou Hasteca — Sabes que Jack não é bem assim…
     — Tudo bem, mas… Por acaso ele fez algo de errado até agora?
     — Ele recusa-se a pagar os empréstimos concedidos pelo nosso rei, no passado, para construção de sua cidadela.
     — O quê ???
     — Não é apenas isso. Aquele elfo maluco anda fazendo pouco das tropas de Salomonis; despreza os guardas reais que realizam passagens por lá; desrespeita horários de reuniões para acertos dos pagamentos das dívidas, e ainda não devolveu uma peça de ouro aos cofres de Salomonis. Nosso rei sabe, e provavelmente não irá tolerar as provocações dele por muito tempo…
     — E ?…
     — Se isso continuar assim, pode haver uma intervenção armada no reino de Jack.
     Ukyo ergue-se. Sua face tornara-se vermelha.
     — Intervenção armada ???? Como? Jack enlouqueceu ???
     — Tenho acesso a quase todas as informações reais, sabes disso.
     — E todo o dinheiro que ele adquiriu durante a guerra ???
     — Bom, não sei se ele gastou tudo, ou  se não paga simplesmente divido à sua personalidade indisciplinada…
     …Não só indisciplinada, completou Ukyo, mentalmente.
     Silêncio por um tempo. O samurai  se pronunciou:
     — Hasteca, amanhã cedo dirigir-me-ei ao reino de Salomonis. Venha comigo. Vamos falar com nosso amigo Gregor Otolon. Também pretendo falar com o Rei Salomonis.

 3

     —  Chamou-me Jack?
     — Sente-se, Richard.
     O mago escora-se numa das confortáveis cadeiras da sala de Jack.
     — E então? Meu tempo é curto, e não tenho nem expectativa de vida, nem paciência de elfo.
     Jack certamente teria arrancado o fígado daquele que se dirigisse a ele com essas palavras. Mas com Richard Redsteel era diferente. Renomeado e poderoso mago, esse jovem e talentoso feiticeiro era temido por todos que ouviam falar dele. Jack e Redsteel mantinham relações meramente político-diplomáticas. Jack pagava-o sempre que desejava fazer uso de seus poderes mágicos. Deixava-o viver em seu reino de favor, com uma gorda quantia em dinheiro e outras facilidades.
     Mas não era por temor que respeitava Richard. Não; Lorde Jack Sam não temia ninguém. Tinha, sim,  em Richard um grande aliado. Cultivara sua confiança durante todos esses anos, sabendo que, no dia em que realmente precisasse de seus serviços, ele os teria.
     E o momento chegara.
     — Richard, durante os últimos anos sustentei-te em meu reino, nas melhores condições possíveis…
     — Se refletires bem, não fizeste mais que tua obrigação, pagando-me por tudo que já fiz por ti também.
     —… Sei que gostas tanto de dinheiro e poder quanto eu…
     — Só os batalhadores chegam aonde estamos.
     — … E por isso convido-te a participar de algo mais audacioso do que às coisas que estás acostumado.
     Richard encarou Jack por um momento. Chamas-me de covarde, insolente?, pensou.
     — O que exatamente queres dizer com isso?
     — Pretendo iniciar um processo de expansão imperialista pelas Terras Planas.
     Richard  riu.
     — Ora, amigo, sabes que guerrinhas deste tipo por essas terras aqui significam receber uma bela “visita” das poderosas tropas do reino de Salomonis, não é? Acho que não pretendes perder teu reino, que mal está formado…
     — Exatamente. Iremos invadir e dominar Salomonis.
     Richard arregalou os olhos. Sabia que Jack não era um homem de piadas.
     — Pareces surpreso, disse Jack. Venha, vou lhe detalhar melhor meus planos.
     Jack dirigiu-se à porta da sua sala de tesouro. O mago instantaneamente levantou-se e seguiu-o. Sabia que, por aquelas terras, a fortuna de Jack em ouro era tão grande quanto do poderoso reino de Salomonis. Sabia, também, que ele a guardava na imensa sala do outro lado daquela porta, selada magicamente, por segurança
     Jack destranca a porta. E eis que, para surpresa do proeminente mago, não se vê o brilho de milhares de jóias e peças de ouro, mas sim centenas de armas e equipamentos bélicos de ótima qualidade.
 
 4

 
     Tropeando a cavalo, Ukyo e Hasteca, após duas horas de viagem, chegaram a Salomonis. Dirigem-se ao Templo de Fourga, Deus da Guerra, localizado no centro da cidade.
     Enquanto o jovem e carismático mago cumprimentava as donzelas pelas ruas, Ukyo, sério, mantinha a mesma expressão taciturna que adquirira desde o dia anterior, em sua conversa com Hasteca.
     — Lá está. — diz o mago — Chegamos.
     Em frente a um grande templo, ornamentado com estátuas de guerreiros, os heróis descem de seus cavalos. Deixaram-nos na mão de um pequeno garoto,  que aparentava ser aprendiz de guerreiro, já perguntando ao mesmo se o sumo-sacerdote de Fourga encontrava-se no templo.
     Em resposta, pela porta do templo surge um homem alto, forte, trajando uma pesada armadura de placas de metal e portando uma bola de metal cheia de espinhos, ligada a uma longa corrente de metal, parecendo estar preparado para uma guerra iminente.
     — O que desejam na casa de Fourga, companheiros? — diz Gregor Otolon
     — Precisamos conversar sobre algo sério…
     — Jack — complementa Ukyo.
     — Sim, sim… Entrem.
     Escudos e espadas ornamentavam o interior do templo, que se encontrava vazio àquela hora da manhã.
     — Ouvi dizer — começa Gregor, — que Jack Sam não vem cumprindo com as determinações de nosso rei. Tenho certeza, Hasteca, que, como neto do clérigo oficial do rei,você deve estar muito mais a par destas informações do que eu.
     — Sim, é verdade. Contei tudo que sei para Ukyo; pode ver que ele não parece muito feliz…
     — Basta de piadas, Hasteca! — esbraveja o samurai. Não vês o perigo da situação? Sabe o quanto Jack é louco. Com dinheiro e poder na mão, ele acha que é um Deus, e sabe Titan o que ele planeja com essas suas…
     — Não se precipite, amigo. — contrapôs Gregor — Deixe-o acabar de falar, pois pretendo saber mais sobre o que houve.
     — Bom — Hasteca recomeça — acho que vocês sabem a grande quantidade de dinheiro que Jack Sam adquiriu na antiga guerra contra as tropas de Elim… Além do pequeno reino que ganhou de Salomonis por sua atuação na guerra, sabemos como ele enriqueceu. Ganhou prestígio e poder, também; tornou-se, como nós, uma figura heróica e de importância por todas as Terras Planas.
     — Quem diria que naquela época lutávamos juntos… Pelos mesmos ideais…
     — Ukyo! Deixe-o terminar.
     — Como eu dizia — prossegue o mago —  de um simples guerreiro que era passou a Lorde. Comprou a ajuda de aliados poderosos, como o mago mercenário Richard Redsteel, o que aumentou mais ainda o respeito por sua figura…
     — …Pergunto-me se Jack deixou de ser samurai apenas por causa do ouro e poder…
     — UKYO!!!!
     — Tudo bem, não falo mais nada — disse o samurai.
     — Prossiga, Hasteca.
     — Basicamente é isso. Enquanto nós aqui optamos por uma boa e pacífica vida, Jack distanciou-se do nosso grupo, e não parou um dia sequer de investir em seu reino, de conseguir mais dinheiro e aumentar suas forças políticas… E agora, além de saber que suas atitudes demasiadamente expansionistas não vêm agradando ao Rei Salomonis, resolveu que não irá devolver os empréstimos financeiros dados para a estruturação de seu reino!
     — Ah, eu disse! — Ukyo estava bravo. — Jack não pode sentir o gosto do poder pois ele sempre vai atrás de atrás de mais, MUITO mais,  mesmo que tenha que utilizar-se de meios injustos e baixos! É por isso que nunca se deu bem na comunidade do meu mestre Shogum…
     — Acho que devemos ir falar com ele, propõe Gregor.
     — Teremos uma boa oportunidade, pois o primeiro-ministro de Salomonis irá lá semana que vem para tentar mais um acordo pacífico com Jack.
     — É mesmo — completa Ukyo. Irei dizer umas verdades a ele. Quem pensa que é para…
     — Acalme-se Ukyo. Entendo que não gosta de Jack por ele ter negado os princípios de honra dos Samurais… Mas é melhor que eu fale com ele. Você está com a cabeça muito quente para resolver esta situação. O que acha, Hasteca ?
     — Gregor tem razão, Ukyo. Quem sabe ouvindo um de seus velhos companheiros Jack não repense no que vem fazendo.
     — Ele não repensará em nada, diz o samurai para si mesmo.
     — Que assim seja. Como sumo-sacerdote de Fourga, falarei com nosso rei ainda hoje, para conseguir ir junto com a comitiva do primeiro-ministro na próxima semana.
     — Tenho certeza que Jack vai entender o que fez, Hasteca diz.
     — Não tenho tanta certeza assim — completa Ukyo.

 5

     Em uma outra tarde ensolarada, uma carruagem levando o ministro Gordwin, seus dois guardas e Gregor Otolon parte para o reino de Jack. Próximo de Salomonis, a última vez que Gregor lá estivera lembra-se apenas de ser um minúsculo enclave habitado, no meio das vastas florestas das Terras Planas.
     Porém, ao aproximarem-se novamente do reino de Jack, o sacerdote de Fourga impressiona-se. Ainda sem nome, aquele lugar, que antes era uma cidadela, pode ser chamado agora de reino de verdade. Está imenso, com centenas de casas espremidas lado a lado, e um pequeno castelo no centro, tudo cercado por uma grande murada de troncos de árvore. Andou aplicando seu dinheiro mesmo, pensou  Gregor.
     — Muito bem, senhor Otolon — fala o primeiro-ministro Gordwin. — Como condições para você ter vindo conosco, vossa majestade. o Rei Salomonis,  deixou bem claro que eu tomarei primeiro o tempo de Jack com assuntos de interesses pecuniários ao rei. Isso poderá levar algumas horas, e somente depois o senhor poderá ir falar com Lorde Jack Sam.
     — Perfeitamente, ministro. Aguardarei o tempo que for necessário; irei até o castelo dele mais tarde, então. Por enquanto, darei uma volta por este reino.
     — Ótimo.
     Gregor desceu da carruagem, que prosseguia agora em direção ao castelo. O sacerdote ainda parece impressionado com o grande desenvolvimento daquele lugar. Jack fez um bom trabalho mesmo, reflete.

     No castelo, Gordwin e sua guarda pessoal — constituída por dois soldados do rei — são recebidos por Jack em pessoa.
     — Por favor, venha até minha sala — diz este, com seu tradicional olhar frio.
     Gordwin notava algo estranho em Jack. Além da usual expressão de frieza e confiança em suas palavras, o elfo agora parecia deixar transparecer uma ponta de sorriso sádico. Além disso, trajava uma imponente armadura, muito bem feita, de excelente material. Mas o principal chamativo era a imensa espada de lâmina negra, que Jack usara várias vezes durante as guerras. Trazia-a firmemente atada nas costas.
     — Acho que o senhor sabe do que venho tratar — disse Gordwin, esforçando-se para não reparar na vestimenta bélica e no sorriso de Jack.
     — Peço que repita as condições e validade do contrato de minhas dívidas.
     — Novamente?
     — Digamos que resolvi mudar minha forma de pagamento…
     Gordwin suspirou. Durante quase uma hora, falou sem pausas, explicando tudo que Jack devia ou não fazer, o que devia para Salomonis e o que não devia. Jack, sentado em sua tradicional cadeira, ouvia tudo calmamente, sem dizer uma única palavra.
     —… E é  isso. O que pretende, a respeito de sua posição de devedor perante Salomonis, Lorde Sam?
     — Pretendo mandar todos vocês para o inferno.
 Cansado, desatento, Gordwin não ouvira direito. Era outra tarde ensolarada, e ele suava como nunca.
     — Como?
     — Disse que pretendo mandar todos você para o inferno.
 Gordwin ergueu-se. Seus guardas aproximaram-se. Porém Jack não se movia ou mudava sua expressão, que começava a assustar o ministro.
     — Sua arrogância poderá lhe custar caro! Retire o que disse.
     — Não ouviu o que eu disse, porco imundo? Avisei que matarei todos vocês.
     — Guardas! Prendam este insolente! Irá explicar-se ao rei, Lorde Sam!
     Os dois homens aproximam-se de Jack. Este, que até então se mantivera praticamente imóvel, salta de sua cadeira, puxando a espada tão velozmente que um dos guardas mal tem tempo de ver seu companheiro cair degolado no chão. Era humanamente impossível alguém atacar àquela velocidade.
     Mas não era impossível para Jack Sam.
     Enquanto o ministro tentava entender o que houvera com o guarda, o outro soldado hesitou alguns segundos entre ajudar inutilmente o companheiro, atacar ou fugir.
     Grande erro.
     O elfo  aplicou uma veloz espadada no ventre do pobre homem, que foi ao chão, tentando segurar os próprios intestinos, e agonizou até a morte.
     Jack voltou seu olhar para Gordwin. O ministro, apavorado, correu em direção à porta, numa inútil e desesperada tentativa de fuga. Ao virar as costas, sentiu um encontrão; o elfo passou correndo velozmente por ele, dizendo sadicamente
     — Vai a algum lugar, Gordwin?
     O ministro parou inconscientemente; horrorizado,  vê seu antebraço estendido no chão, enquanto o sangue jorra do que sobrara de seu cotovelo destroçado.
     E esta foi a última imagem que teve, antes de ter sua cabeça arrancada pela lâmina negra da espada de Lorde Jack Sam.
 
     Enquanto isso, Gregor percebeu que já fazia quatro horas que o ministro e sua guarda haviam entrado no castelo.  Agora é minha vez de tentar fazer a cabeça de Jack, pensou.
     Ao aproximar-se do castelo, vê, numa janela bem ao alto, um vulto.
     — Jack… É ele mesmo. Ei, Jack! Jack! — grita.
     O elfo Aproxima-se da janela. Olhando para quem lhe chama, reconhece o sacerdote de Fourga.
     — Jack! É Gregor Otolon quem lhe chama. Lembra-se de mim?
     Neste momento, a grande sabedoria do sacerdote lhe disse que havia algo errado. Sua preocupação aumentou quando, após alguns segundos,  notou que o elfo o reconhecera, mas não respondera  propositadamente.
     — Jack… O que há?
     O elfo riu, e jogou algo pela janela, que caiu aos pés de Gregor.
     Era a cabeça do primeiro-ministro Gordwin.
     Surpreso, apesar de não parecer assim, o sacerdote notou agora que três homens saíram do portão do castelo e correm em sua direção. Maldito seja, Jack. Então você finalmente escolheu seu rumo. O rumo certo na sua ótica, mas errado para se conviver no mundo, maldito!
     Após esse pensamento, Gregor ainda viu o elfo retirando-se calmamente de volta à sua sala. Voltou  seu olhar para os três homens que corriam em sua direção, sacando cimitarras.
     Gregor apenas fechou os olhos. Pronunciou algumas palavras aparentemente ininteligíveis Três pedras pequenas ergueram-se do chão, e dispararam velozmente na direção de seus atacantes. Duas delas acertaram fatalmente dois deles. O terceiro foi atingido violentamente na boca, caindo nocauteado. O sacerdote aproxima-se deste, pegando-o pela gola.
     — O que vocês pretendem, cães imundos?
     O homem, com o rosto destroçado, cuspindo sangue e pedaços dos dentes, gemeu, dizendo
     —… Acabaremos…com todos vocês…
     Gregor largou o homem. Reparou que a rápida cena de combate atraíra a atenção de alguns espectadores, homens, mulheres e crianças da cidade. As expressões deles eram como se Gregor fosse o culpado de tudo.
     A vasta sabedoria do sacerdote de Fourga deu-lhe a compreensão de tudo que estava havendo. E, para evitar outro confronto, corre em direção ao portão de saída da cidade.
     Jack observara tudo do alto de sua janela. Sabia que, como ele, Gregor Otolon e demais companheiros não eram homens de morrerem com um único golpe de espada. Eram poderoso demais para isso. A magia e poderes sobre-humanos circulavam em seus sangues. Sabia, também, que Gregor era muito perceptivo, e logo deu-se conta do que iria acontecer, e foi correndo avisar seus companheiros. Grande coisa. Ele tinha tudo planejado. Nada iria detê-lo agora.
     — Jack?
     — Entre Richard.
     — Eles chegaram.
     — Ótimo. Comece com o plano.
     Nada iria deter Lorde Jack Sam.

 6

     No templo de Fourga, Ukyo Z. M. conversava com Gregor Otolon.
     — Impossível! Ele enlouqueceu de vez!
     — Não adianta. Ukyo. Já lhe disse.
     Ambos sabiam que, após o sacerdote ter contado tudo ao rei, este interviria no reino de Jack Sam. Era inevitável. Esperavam que Hasteca Dragnovith trouxesse algumas informações sobre a atitude do rei diante a corrente situação.
     — Assassinar o ministro… Que loucura! Ele acha que vai ganhar algo assim?
     — Acalme-se, Ukyo… Ainda não contei tudo detalhadamente a vocês nem ao rei. Estou esperando que…
     — Cheguei!
     — Finalmente! E então, Hasteca, conseguiu alguma informação?
     — Consegui sim… O Rei Salomonis enviou uma tropa de duzentos homens para lá…
     — Droga! — esbravejou o samurai — Eu sabia que isso iria acabar assim…
     — Pessoal — Gregor pede atenção — A situação é mais grave então…
     — Como mais grave ?
     — É importante que vocês prestem bem atenção ao que vou lhes explicar. Quando escapei de lá, pude observar algo no olhar das pessoas…
     — Como assim ?
     — Bom, vocês sabem que, apesar do fama de frio e calculista de Jack Sam, ele é querido por seu povo, pois a pessoas necessitadas, sem  casa ou comida, foram todas acolhidas por ele em seu reino…
     — É verdade. — Ukyo diz — Confesso que é uma das poucas coisas boas que ele fez até hoje…
     — Sim, mas aí é que está o problema. Se antes eu possuía apenas uma suspeita, agora não tenho mais dúvidas: durante todos esses anos, Jack fez a cabeça de seu povo; sabemos  o quão convincente ele é. Aquela gente, sem ter para onde ir, acredita fielmente em suas palavras. E ele pretende utilizá-las como soldados para um exército que lute contra Salomonis. Vai utilizar o fato de seu reino ser invadido por tropas do nosso rei como estopim para iniciar  uma guerra…
     — COMO ?
     — Sabes que não minto, Ukyo, tenho certeza do que digo. Vi isso nos olhos daquelas pessoas…
     — Tudo bem, Gregor. — Hasteca interveio — Mas um exército movido apenas por vontade não poderá contra as tropas bem equipadas de Salomonis, disso eu tenho certeza.
     — Sim, é verdade. Porém, também tenho certeza de que Jack está consciente disso, e ele certamente deve ter tramado algo mais… Oh, acho que o mago Richard está do seu lado.
     — Ooops, isso significa problemas. Esse cara sabe tanto de magia quanto eu.
     — E também não se esqueça do dinheiro que Jack possui…
     — ISTO MESMO ! — Ukyo tinha o rosto avermelhado agora — Conheço Jack há anos. Ele não entraria num negócios pesado desses para perder… Deve ter feito um bom uso daquele dinheiro!
     — Ukyo tem razão, Gregor. O que fazer então ?
     — Agora teremos que esperar… Afinal, as tropas de Salomonis já foram para lá…
     Silêncio. Naquele final de tarde, os três entreolharam-se, como se procurassem a resposta para aquilo tudo uns nos outros.
     — Voltarei ao castelo do rei. — diz Hasteca — Vou ver o que posso fazer.
     — Vá, Hasteca. Ukyo e eu ficaremos por aqui. Rezarei pedindo a Fourga por uma guerra limpa e honrada.

     Noite. Horas e horas tinham se passado. Gregor encontrava-se ajoelhado diante da estátua de um imponente guerreiro, rezando ao seu deus. Ukyo olhava para o horizonte, ansioso para que algo o guiasse naquele silêncio.
     — Gregor! Lá vem ele!
 Hasteca chegava a cavalo ao templo de Fourga.
     — E então, Hasteca?
     — As… as tropas do rei foram completamente rechaçadas!
     — O quê ?
     — Isso mesmo… Ninguém sobreviveu… Não tivemos mais notícias…
     — Maldito Jack…
     — A situação é crítica. O Rei Salomonis percebeu agora o perigo que as forças de Jack são… Por isso, ele irá enviar todas suas tropas para lá agora!
     — Outra maldita guerra! Por Titan…
     — É verdade… É uma situação crítica mesmo…
     — Nós iremos lá também!
     Hasteca e Ukyo olharam para seu companheiro. Sabiam que a guerra era sua vida, mas ele era muito racional, também. Sabiam disso.
     — É claro !— complementou Ukyo — Não é uma apenas uma guerra entre homens comuns… Jack e Richard estão lá.
     — Tem razão. Escutem, o próprio rei está pedindo nossa ajuda…
     — Ora, Hasteca, por que não avisaste logo?
     — Não me deixaste dizer, ó Ukyo!
     — O rei é um homem sábio, disse Gregor. — Sabe do perigo que a situação representa. Vamos nos apresentar ao rei como prontos para batalha.
     — Digam ao rei que irei com suas tropas, diz o samurai. Mas antes preciso pegar minhas armas mágicas no meu feudo.
     — Também preciso pegar umas coisinhas na minha torre…
     — Vão, companheiros. Hei de aguardar por vocês juntos às forças reais.
     Os três heróis seguem em direções diferentes.
     A guerra começara.
 

 7

     Sob a luz da lua, centenas de armaduras dos exércitos de Salomonis pareciam iluminadas. Milhares de homens prontos para a batalha esperam seu comandante, Gregor Otolon, nomeado diretamente pelo Rei Salomonis para liderar as tropas contra o reino de Jack Sam…
     — Senhor, quando vamos partir? — perguntou um oficial.
     — Logo logo… Estou esperando por… ah, lá vem eles.
     Ukyo Z. M. surgia agora trajando uma  pesada armadura de um estranho metal vermelho. Em suas costas, trazia duas katanas; em sua cintura, uma wakizashi.  Apesar do aparente peso,  chegou como se vestisse uma simples roupa de leve como seda. Junto com ele vinha o mago Hasteca Dragnovith. Este não parecia ir para uma guerra, mas sim para um baile de nobres: vestia um belo manto azul, juntamente com uma da capa da mesma cor.
     — Prontos para a batalha ?
     — Pode apostar.
     Gregor fez um sinal para seus oficias, que lideravam os vários grupamentos de homens. As tropas de Salomonis começaram a deslocar-se lentamente.
     Após algumas horas de marcha, os soldados avistaram o reino de Jack no horizonte. Os portões estavam fechados, escondendo a cidade atrás dos enormes muros de madeira. Mesmo de longe, era possível avistar os corpos da primeira tropa enviada para conter o reino que avistavam. Era indisfarsável a ponta de medo que tomou os soldados de Salomonis, que perguntam-se como tantos homens bem equipados morreram, sem nem ao menos terem entrado na cidade.
     Apesar de perceber a insegurança de seus homens, Gregor continuou avançando, bem como as tropas que o seguiam. Hasteca e Ukyo se entreolharam, percebendo o provável perigo fora do comum. Eis que, ao aproximarem-se um pouco mais, uma saraivada de flechas caiu sobre os homens de Salomonis, a uma velocidade inacreditável.
     — Malditos, — disse o sacerdote — são eles!
     Do alto dos muros da cidade, podiam ser vistos agora centenas de seres encapuzados, disparando as flechas àquela velocidade.
     — Elfos  negro! — gritou Hasteca
     — Recuar!!!!
     Ao comando de Gregor Otolon, as tropas, atordoadas, fugiram quase que em desespero, pois as flechas haviam matado dezenas, centenas de soldados. Gregor é atingindo no ombro, mas continua correndo com seus companheiros.
     Ao atingirem uma distância segura, os soldados pararam, recobrando-se do choque que foi sua chegada.
     — Aço élfico — disse Gregor, retirando a flecha que lhe entrara no ombro, trespassando sua armadura.
     — Por Titan ! — fala o samurai — Este metal é encontrado apenas em terras longínquas… Perfura carne e metal com a mesma facilidade, além de ser muito mais preciso se usado em flechas.
     — Sim, disse o mago, Jack está utilizando-se de uma tática letal: flechas deste material atirados por elfos negros, exímios arqueiros.
     — É, é verdade… Mas nós não pararemos aqui — disse o sacerdote, que agora, com uma de suas mãos iluminadas por suas magias divinas, tocava sua própria ferida, que começava cicatrizar rapidamente. — Vamos…
     Mal acabara Gregor de falar e algo incrível aconteceu. Da escuridão do céu, enormes pedras afiadas de gelo, quase do tamanho de estalactites, começaram literalmente a chover sobre os soldados.
     — Richard!!!!!
     Era terrível. Homens eram trespassados, outros morriam pelo impacto dos imensos fragmentos, e outros fugiam em pânico.
     — Ele está utilizando uma magia terrível!! Ah, maldito…
     Neste momento, Hasteca, após essas palavras, elevou as mãos aos céus, criando um gigantesco escudo de energia, que protegeu as tropas de Salomonis. O jovem mago ficou assim por mais alguns minutos, até que a chuva de gelo parasse.
     Os soldados estavam apavorados. Gregor, percebendo a situação, falou:
     — Homens, escutem… Nosso inimigo possui poderes e armas poderosas, mas podemos derrotá-lo.
     — Como? — disse um dos oficias— Não chegamos nem a cem metros daquele lugar e tivemos que recuar com centenas de baixas!
     — Deixe-me acabar de explicar… Se nossos inimigos fazem uso destas armas, nós também faremos o mesmo, pois temos tais condições. Não viram o imenso escudo que os protegeu da ira dos céus? Temos tais poderes, e vou lhes mostrar que podemos vencer.
     Gregor parou de falar e começou a entoar preces estranhas em nome de Fourga. Ukyo logo percebe. Era um dos maiores poderes de Gregor, concedido a ele pelo seu deus: a capacidade de incitar fúria e coragem em multidões.
     Subitamente, os soldados estufaram o peito, pegaram suas armas com firmeza. Um deles gritou
     — Vamos acabar com esses imundos!!!!!!
     Os homens de Salomonis, cheios de coragem, correram de volta ao seu alvo. Ukyo e Hasteca ainda estavam indecisos.
     — Lembrem-se do nosso plano — gritou-lhes Gregor — Enfrentaremos problemas com os poderes mágicos do mago Richard e do próprio Jack. Portanto, tentem vocês entrar logo na cidade e neutralizar essas forças de ataque.
     — Então, teremos que matar Jack ? — perguntou o samurai.
     — Se necessário… O importante agora é vencer esta guerra. Foi Jack quem começou, lembre-se disso.
     — Nós entramos lá, mas… E você? — perguntou o mago.
     — A guerra é meu caminho. Conduzirei as nossas tropas rumo à vitória. Perdendo ou ganhando, tenho certeza de que Fourga prestigiará esta ótima guerra.
     E assim, uma massa de pessoa correu até à cidade. Flechas choveram novamente; vários homens foram ao chão, mas agora os outros continuavam.
     — Veja, diz Ukyo, eles estão se aproximando! Vão conseguir.
     Quando as tropas se aproximaram mais, o imenso portão da cidade se abre. Centenas de homens, armados de poderosas armas e trajando as melhores armaduras possíveis saíram de lá, caindo em uma titânica batalha contra as tropas de Salomonis.
     — Estavam aguardando — diz Hasteca.
     — Sim, mas isso era esperado. Tenho certeza de que Gregor cuidará de tudo. Vamos então, Hasteca.
     — Vamos.
     Atrás de todas as tropas, os dois heróis correram em direção ao núcleo de batalha. Ao aproximarem-se, receberam dezenas de flechas que os atingem com incrível precisão… Porém elas ricochetearam na armadura mágica de Ukyo, para surpresa dos elfos negros.
     Hasteca, atrás de seu companheiro, deu um salto, e saiu voando em direção ao alto dos muros, onde se encontravam os arqueiros das trevas. Estes, vendo o alvo fácil no ar, dispararam várias flechas, que desviam do mago antes de chegarem nele. Atônitos, eles apenas viram o mago pousar rapidamente do lado de dentro, na cidade, e dizer
     — Adeus, desgraçados !…
     Do lado de fora, os homens de Jack Sam surpreenderam-se com os estrondos que vinham de dentro de sua cidade, acompanhados de dezenas de corpos carbonizados dos elfos negros, que voaram por cima dos muros para espatifarem-se no chão.
     Parece que Hasteca entrou, pensou o samurai. Agora é a minha vez…
     Vendo que não conseguiria chegar no portão, Ukyo sacou sua wakizashi da cintura, disparando uma rajada de fogo de sua lâmina, que atingiu em cheio uma das partes do muro,  prendendo fogo no cerco, que não alastrou-se pela madeira, mas abriu um buraco, grande suficiente para que o samurai pudesse entrar na cidade.

 8
 
     Do lado de dentro, Hasteca Dragnovith caminhava pelas ruas, agora desertas, da cidade. Todos foram pra guerra, percebeu. Jack é mesmo um canalha.
     Enquanto pensava, viu um grupamento de quase vinte homens vindo pelo lado oposto da rua.           Reforços, pensou o mago. Os homens, avistando aquele jovem desarmado, correram em sua direção, sacando espadas e machados. Hasteca, com um simples gesto, disparou um relâmpago de suas mãos, que abriu uma brecha entre as fileiras dos pobres soldados de Jack. Os poucos que sobreviveram ao letal ataque elétrico largaram suas armas e fugiram em desespero total.
     — Bonita demonstração de magia, feiticeiro…
     A voz vinha de trás de uma árvore. Surgiu então Richard Redsteel.
     — … Mas acho que minha Tempestade Glacial causou mais baixas em suas tropas, não é ?
     — Você…
     — Venha! Vou lhe ensinar o verdadeiro poder que a magia pode proporcionar a um ser humano!
     Naquela rua deserta, os dois ainda se encaram por alguns segundos. Richard atacou primeiro, lançando um potente raio de suas mãos; Hasteca fez o mesmo, anulando o magia do adversário.
     — Muito bom… É só o que pode fazer?
     — Ora, seu…

     Não muito longe dali, Ukyo Z. M. perguntava-se onde teria ido seu amigo mago.Seguir a trilha de elfos negros mortos não vai adiantar muito…, refletiu, ironicamente. Porém, sua pergunta foi respondida quando, a algumas quadras mais à frentes, viu relâmpagos e raios coloridos cruzarem os céus.

     Após algum tempo de batalha mágica entre os dois arcanos, ambos encontravam-se exaustos. Hasteca conteve todos os ataques de Richard, que fez o mesmo com os do mago de Salomonis. Porém Hasteca estava mais fraco, pois antes de confrontar-se com seu atual adversário, utilizara muito de seus poderes para proteger as tropas de Salomonis e a si próprio.
     E Richard sabia disso.
     — Verás agora, mago inútil, o verdadeiro poder de um feiticeiro de verdade!
     Dizendo isto, Richard concentrou todas suas forças místicas e lançou em pequeno redemoinho mágico, que envolveu Hasteca, que tentou inutilmente defender-se com os poucos poderes que lhe restavam.
     — Não deverias ter tentado me enfrentar neste estado miserável em que te encontras, mago! Sinta agora a dor dos meus VENTOS CORTANTES ! ! !
     Dito isso, o redemoinho que envolvera Hasteca começou a dilacerar suas roupas e carne. Hasteca gritou de dor, tentando libertar-se.
     Neste momento, Ukyo chegou . Vendo o amigo enrascado e não pensa duas vezes: sacou suas duas katanas e parte com tudo para cima do mago de Jack.
     Richard, distraído para seu novo atacante, não teve tempo de reagir. Ukyo Z. M. enterra ambas espadas no peito do mago, traspassando-o.
     — Aaaarrgh, maldito!…
     Do indicador de Richard, um pequeno e poderoso raio de energia foi disparado, atingindo o peito do samurai em cheio lançando- o longe.
     Mas, neste momento, Hasteca libertou-se da magia de seu adversário. Caiu de joelhos, sangrando muito; porém, levantou os olhos para Richard, que estava de pé, com as duas espadas atravessadas em seu corpo.
     — É agora!
     Dizendo isso, o jovem mago concentrou toda sua energia e disparou uma enorme bola de fogo, que atingiu em cheio o feiticeiro adversário.
     — AAAARGH!
     — Serás purificado por estas chamas, maldito!
     Ao contrário de um fogo normal, Richard foi rapidamente consumido pelas chamas, que desapareceram segundos depois, deixando, no chão, em esqueleto carbonizado com as duas katanas entre suas costelas.
     Ukyo, prostrado, levantou -se com esforço, ainda tonto devido ao forte impacto que recebera, mas que nada fora nada grave, graças à sua armadura mágica. Porém, viu o companheiro fraco e ferido, estirado no chão.
     — Hasteca!
     — Ukyo… Dê-me uma ajuda…
     O samurai, apesar de saber do estado do companheiro, sabia que este não se entregaria fácil assim.
     — Vamos, Ukyo. Vês aquilo ?— Hasteca apontou para o alto de um morro, onde se encontrava um belo templo — É lá que Jack se esconde…Ele não está em seu castelo… Está esperando sozinho por nós, o maldito…
     — Se é assim que ele quer, assim o faremos então.
     De pé, o mago olhou para trás. Viu, pelo portão, as tropas de Salomonis e Jack confrontando-se numa batalha sanguinária. Enquanto isso, Ukyo removia suas katanas, intactas, do que sobrara do corpo de Richard Redsteel.
     Só falta Jack agora, pensou consigo.
     — E então… Vamos, Ukyo?
     — Vamos.
     E assim, pelas ruas desertas da cidade, os dois heróis dirigiam-se morro acima, para entrar no desconhecido templo onde seu ex-companheiro Jack Sam aguardava-os.
 
     CONTINUA…
 
 

 Francisco Rodriguez Antunes
Obs.: Você pode conseguir a ficha completa de alguns personagens aqui apresentados na Titans Home Page