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A Vida de um Ladino

        A grande maioria das pessoas acreditam que ser um ladrão, nos tempos antigos, era apenas ser um marginal e matar pessoas. Porém, muitos deles eram utilizados por reis e nobres para realizarem determinadas missões que, muitas vezes, definiriam o resultado de um confronto Por isso, muitos aventureiros possuiam um ladrão em seu grupo.
        Para demonstrar a importância desta Classe, passo, a partir deste momento, a narrar a história da vida de um dos maiores larápios da antigüidade: Danny Dragnovith.

1. A inicialização ao crime

        Órfão desde os dez anos, Danny foi criado nas ruas de uma cidade portuária chamada Delfos. Logo teve que aprender a furtar bolsos e arrancar bolsas de senhoras para comer.
        Certo dia, o menino avistou um homem com uma grande saca de moedas pendurada em sua cintura. “Com esta quantidade de moedas finalmente poderei comprar aquele punhal curvo enfeitado por lindas pedras que vi naquela armaria”, pensou o menino.
        Sem pestanejar por mais nenhum segundo, o jovem aproximou-se do homem e, em um movimento seco e rápido, arrancou a bolsa de ouro e pôs-se a correr. Entrou num beco e sentou para contar seu lucro, quando percebeu que uma sombra o cobria. Era o dono do dinheiro. Esto olhou o menino, esboçou um leve sorriso e disse: “Por Mask, acreditava que não poderia ser furtado por ninguém. Vejo que estava enganado. Você, menino, possui um grande talento; eu o levarei para a minha guilda, e o ensinarei a arte de roubar e enganar os outros”.

2. O treinamento

        Os anos se passaram, e Danny cada vez mais se aperfeiçoava. Aproveitava sua grande agilidade, inteligência e carisma para compensar sua falta de força. Desde cedo, desenvolveu sua lábia e seu jeito de jogar jogos de azar da maneira que nunca obtia um resultado desfavorável. Ganhou dinheiro e fez de suas armas a espada curta e a besta; de fiéis amigos, a armadura e a corda; de seu anjo da guarda, sua astúcia e sua determinação.
        Aos dezesseis anos enfrentou sua prova de fogo: roubar um artefato da igreja do Deus da Magia. Com alguma dificuldade, o jovem ladino obteve sucesso, mas imediatamente pediu seu desligamento da guilda e recebeu assim, por seus serviços prestados, a concessão para abandonar seus irmãos e partir para outra cidade. E Danny partiu, sem ao menos olhar para trás.

3. A descoberta de uma paixão

        O tempo passou, e Danny cada vez mais ia se enriquecendo e ganhando fama por ser um ladrão impossível de ser pego. De menino pobre e mal vestido passou a um elegante “comerciante” que freqüentava festas em vários palácios e possuía um determinado dom de convencer qualquer pessoa a pensar como ele. Também era um grande conquistador; afinal, não existia mulher que o achasse atraente e cativante.
        Em um desses banquetes, avistou de longe uma bela mulher. Era uma moiçola de cabelos longos castanhos, estatura alta, dona de um belo corpo e de belos olhos cor de mel. Quando percebeu, era tarde: estava totalmente apaixonado. Seu nome? Princesa Sasha.
        Danny tentou uma aproximação, conseguindo conversar por alguns minutos a sós. De súbito, revelou seu amor. A linda mulher sorriu e agradeceu, mas não poderia correspondê-lo, pois já estava comprometida com um príncipe de outro reino, Igor. O ladrão não deu muita importância a este fato, e deu-lhe um beijo apaixonado. Depois, beijou sua mão e nunca mais foi visto por ela.

4. As Sete safiras da Hidra

        Danny continuou a viver do mesmo jeito. Porém, como todo bom ladrão, tem seus informantes, e sabe dos fatos antes deles acontecerem. Corria um boato que várias princesas haviam sido raptadas por lacaios de um terrível monstro, e Sasha estava incluída. Por todas as tavernas foram espalhados cartazes chamando aventureiros para uma seleção, realizada pelo rei de Silverton, para uma missão. É claro, nosso ladino já sabia qual era.
        Muitas pessoas foram testadas, mas apenas quatro foram escolhidos. Brass Knuckle, um paladino, Jordan Strong, um bárbaro, e um mago conhecido apenas por “Jack”. Sua missão? Salvar todas as princesas e matar o temível monstro, denominado “A Hidra”.
        Após longos meses, todas as princesas foram salvas, e o monstro foi morto. Porém, em uma tacada do destino, Sasha foi alvejada por uma flecha, e falece nos braços de Danny. Este fica arrasado, totalmente desesperado e descontrolado; saindo em desabalada carreira pelas planícies que  cercavam o monte onde sua amada padecera.

5. Insanidade

        Depois de algumas semanas, vários nobres, aliados da Hidra, são assassinados; Danny realiza sua vingança, e começa a procurar por meios de ressucitar Sasha. Viaja para locais longínquos, encontra-se com magos necromânticos e paga altas quantias em ouro para qualquer um que afirma que poderia trazer à vida sua amada. Como todas as alternativas haviam fracassado, passou a estudar as artes ocultas da magia negra, praticando rituais devassos, igualmente sem sucessos.
        Anos se passaram, e a trilha de órfãos e incapacitados foi surgindo pelo caminho traçado pelo jovem ladino. De murelhengo  e brincalhão, tornou-se um sujeito extremamente violento e beberrão. Arrumava briga com a mesma facilidade que respirava, criando assim atritos com a nobreza, que, pressionada pela alta burguesia mercantil de Silverton, somado pelo assassinato de um príncipe de um território vizinho à garfadas, fizeram com que o rei prendesse Danny em uma torre para ser julgado pelo júri criminal da cidade. Condenado à forca, o ladrão iria se juntar com sua amada. Entretanto, ele não desejava morrer, queria continuar vivendo, mas com Sasha ao seu lado. Arquitetou seu plano de fuga.
        No dia da execução, ele chamou um sacerdote para o abençoar; mas este mal sabia que o ajudaria a fugir. Logo que chagou na torre, Danny agarrou e quebrou seu pescoço. Usando suas habilidades de disfarce adquiridas ao longo dos anos, vestiu o manto do falecido sacerdote e escapou do cativeiro.
        Esperou o anoitecer e saiu da cidade, porém não antes de assassinar alguns representantes da burguesia e o juiz que o sentenciou à morte. Na manhã seguinte o rei recebeu um presente: a cabeça dos assassinados e um bilhete:

 “Caro Rei Kulak,
 Como o estimo muito, resolvi desaparecer da cidade para continuar meus objetivos. Não tente me procurar ou mandar algum de meus amigos, Brass, Jordan ou Jack, em meu encalço, pois eles nunca irão me encontrar.
 No entanto, não se preocupe, estarei sempre lutando por seus objetivos e, quando senhor necessitar, estarei lhe ajudando, sempre oculto.
Danny.”

        Imediatamente, o rei mandou vasculhar os antigos aposentos do ladrão no castelo, em busca de pista sobre seu paradeiro, mas a única informação que obteve foi que todo o equipamento de campanha havia desaparecido. Mandou vasculhar cada canto obscuro da cidade, e descobriu apenas que o ladino havia partido para o norte. Realmente não sabia onde procurar seu empregado. Os anos se passaram e nunca mais em Silverton foram ouvidas notícias sobre Danny.

6. O reencontro
 
        Em suas andanças pelo continente, nosso jovem ladrão ouviu boatos sobre um poderoso guerreiro que manipulava as artes mágicas, descendente de uma linhagem inexistente de antigos seres que se autodenominavam Sobrenaturais. Fora falar com ele. Este prometeu-lhe maravilhas. Danny sentia-se muito feliz, porém não percebeu que estava sendo enfeitiçado, e em pouco tempo já esteva completamente sobre controle.
        Meses depois, os antigos companheiros do ladino toparam com o Sobrenatural, que mandou Danny lutar contra seus próprios amigos. Porém, não teve chance, e padeceu em um golpe de espada desferido pelo paladino Brass Knuckle. Seus companheiros acabaram com o vilão principal e, em homenagem, amontoaram algumas pedras sobre o corpo de seu amigo falecido, deixando sua espada cravada no chão acima de sua cabeça.
        Logo após o ladino fechar os olhos, viu um túnel de luz com uma pessoa, que não consegui identificar, mais adiante. Caminhou em direção ao vulto e se surpreendeu com o que viu: Sasha. Ambos se abraçaram, e ela disse: “Ainda não é tua hora, viva tua vida e tenha certeza que aonde estiver, sempre o amarei”. Beijou o rosto de seu amado e, de repente, ele abriu os olhos e sentiu o peso das pedras sobre seu corpo. Facilmente se livrou dos entulhos, pegou sua espada e se arrastou até um estábulo e, depois de muito esforço, conseguiu montar em um cavalo e galopou sem rumo. Mas estava sem forças e desmaiou. O cavalo continuou a cavalgar até ser parado por um velho que, percebendo as chagas de Danny, o recolheu para sua casa. Ao término de duas semanas, o ladrão já estava curado. Livre da paranóia de ressucitar Sasha, rumou ao enncontro de seus antigos colegas de aventura.
        No encontro com seus amigos, teve que ajudá-los a banir o Tarrasque, que estava atacando os reinos próximos.
        Após o encontro, confessou estar muito arrependido por seus atos, e queria voltar a cidade e enfrentar um julgamento por seus erros passados. Mas havia um empecilho, todos os crimes cometidos por Danny seriam punidos com a pena de morte, e não existiria jeito de ele ser perdoado.
        Mas o mago Jack, depois de alguns minutos, encontrou a solução: Declarar Danny morto pelo Tarrasque, concedendo assim o perdão real pelos seus atos de bravura. Aos poucos o rei iria destituindo a nobreza e dando apoio à pequena burguesia a assumir o poderio comercial, com isso possibilitando Danny retornar ao reino. Entretanto, o plano demoraria no mínimo dez anos para estar completo, e o ladrão não poderia aparecer nos territórios reais durante este período. Com seu sorriso sarcástico, o ladino disse para porem este plano em ação, logo que chegarem ao castelo e o resto ele daria jeito.
        Depois de um dia de plano acionado, o rei foi chamado em seus aposentos, pois havia um dono de uma rede de tavernas queria instalar-se na cidade. O governante foi até a sala do trono junto com seu primeiro ministro, e encontrou uma figura alta vestida de preto e coberto por uma capa da mesma cor. Quando este retirou seu capuz que cobria sua cabeça, o rei seu espantou; era Danny, que porém se pronunciou como “Blaze Withfield, dono de uma rede de tavernas”, e desejava a permissão para instalar um filial na região.
        Abobado pela ousadia do ladrão, o rei apenas concordou, e após o sujeito se retirar, comentou com o primeiro-ministro: “Se não tivesse presenciado a morte de Danny Dragnovitch, acreditaria que era mesmo ele!”.
        Anos mais tarde, os aventureirosde Silverton, novamente juntos, foram chamados para combater a Hidra. E, para felicidade da nação, o  monstro foi novamente destruído, mas infelizmente os heróis não voltaram.

7. A Volta

 Mas por um capricho dos deuses, novamente Danny e seus companheiros voltaram à vida…
 
 Porém, isto é uma outra história.

 (Para compreender a volta à vida dos aventureiros de Silverton, leia o conto “A Volta”, disponível na TITAN’s Home Page)
 
 
 
 

Daniel Hastenpflug