EXÉRCITO
ZAPATISTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL. MÉXICO.
20 de dezembro de 2000.
À
imprensa nacional e internacional:
Damas e cavalheiros:
Segue um comunicado sobre um aniversário lamentável e outro sobre os
paramilitares que ameaçam repeti-lo.
Como todos vocês, estamos preocupados com o Popocatépetl e com o céu de
angústias que estende sobre muitas pessoas que vivem nas proximidades. Desejamos de
coração que não evolua para algo pior. Vai aqui a nossa solidariedade para os nossos
irmãos e irmãs.
Tomara que a presunçosa auto-suficiência com a qual o governo atual está
enfrentando o problema não acabe numa piada cruel. Não é a primeira vez que se pretende
prevenir uma catástrofe com declarações oficiais.
Valeu. Saúde e se qualquer tragédia pode se repetir, então é porque não mudou
nada. Das
montanhas do Sudeste Mexicano Subcomandante Insurgente Marcos México,
dezembro de 2000. Comunicado
do Comitê Clandestino Revolucionário Indígena - Comando Geral do Exército
Zapatista de Libertação Nacional. México.
20 de dezembro de 2000.
Ao
povo do México:
Aos povos e aos governos do mundo:
Irmãos e irmãs:
No próximo dia 22 de dezembro, se completam 3 anos da matança de Acteal. Nesse
dia, 3 anos atrás, 45 crianças, mulheres, homens e anciãos, todos eles indígenas,
foram massacrados por um grupo paramilitar do governo de Ernesto Zedillo.
Os mentores intelectuais deste crime contra a humanidade continuam impunes. A
guerra suja que o tornou possível continua agindo. A doutrina de contra-insurreição que
o inspirou continua presente. As estruturas paramilitares que o realizaram permanecem
intocadas. A proteção militar aos assassinos continua.
Contrariando o que diz a ampla campanha publicitária do governo, nada mudou. Não
há nada em Chiapas que possa garantir que Acteal não irá se repetir.
Para que Acteal passe definitivamente ao passado do nosso país é necessário que
sejam punidos os verdadeiros culpados, é necessário que se abandone definitivamente a
ótica da guerra e haja um compromisso sério com a via política, é necessário que os
grupos paramilitares sejam desmantelados, é necessário assentar as bases do diálogo
através dos sinais reivindicados.
O EZLN faz um apelo às organizações políticas, sociais e não governamentais,
aos intelectuais e aos artistas, aos religiosos e religiosas, a todas as pessoas honestas
do mundo para que se mobilizem exigindo que se acabe com a política que tornou possível
Acteal e que se cumpram os três sinais exigidos para a retomada do diálogo.
Democracia!
Liberdade!
Justiça! Das
montanhas do Sudeste Mexicano Pelo
Comitê Clandestino Revolucionário Indígena - Comando Geral do Exército Zapatista de
Libertação Nacional. Subcomandante Insurgente Marcos México,
dezembro de 2000. Comunicado
do Comitê Clandestino Revolucionário Indígena - Comando Geral do Exército
Zapatista de Libertação Nacional. México.
20 de dezembro de 2000.
Ao
povo do México:
Aos povos e aos governos do mundo:
Irmãos e irmãs:
Primeiro.
Hoje, 20 de dezembro de 2000, na comunidade indígena Santa Fe El Duraznal, município de
Chilón, Chiapas, nove famílias bases de apoio zapatistas tiveram que refugiar-se nas
montanhas. Um número indeterminado de militantes do PRI, entre os quais se encontram
alguns paramilitares, chegaram a este povoado por volta das 18.00 horas com a intenção
de repetir a matança de Acteal, obrigando homens, mulheres, crianças e anciãos
zapatistas a fugirem para as montanhas abandonando seus poucos pertences. As nove
famílias zapatistas estão vivendo ao relento enquanto o povoado continua em poder dos
paramilitares.
Segundo. Até agora, o governo não tem
feito nada para controlar os paramilitares, que já passaram das ameaças aos fatos.
Através de atos como este, o PRI chiapaneco reafirma a sua decisão de continuar
recorrendo à violência para suprir sua falta de legitimidade.
Terceiro. Nem o diálogo e nem a paz
serão uma realidade em Chiapas enquanto os grupos paramilitares continuarem fora de
controle. A atitude de espera paciente e de resistência pacífica mantida pelas bases de
apoio zapatistas deve ser respeitada.
Democracia!
Liberdade!
Justiça! Das
montanhas do Sudeste Mexicano Pelo
Comitê Clandestino Revolucionário Indígena - Comando Geral do Exército Zapatista de
Libertação Nacional. Subcomandante Insurgente Marcos México,
dezembro de 2000. |