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Poluição do Ar


O homem tem razões objetivas suficientes para se dedicar à salvação do mundo selvagem. A natureza, porém, só poderá mesmo ser salva pelo nosso coração. Só será preservada se o homem manifestar por ela um pouco de amor, simplesmente porque é bela e porque nós precisamos de beleza, qualquer que seja a forma a que sejamos sensíveis, devido à nossa cultura e à nossa formação intelectual. Isto também é parte integrante da alma humana."

(Jean Dorst)


"Cada um é responsável pelo prejuízo que causou, não apenas pelo seu ato, mas também pela sua negligência ou imprudência."

Código Civil Francês, art. 1383
Citação extraída do livro "Antes que a natureza morra", de Jean Dorst.


Dentre as piores questões ambientais urbanas no Brasil destaca-se a poluição atmosférica. Os problemas ambientais gerados pela poluição do ar nas grandes cidades brasileiras têm duas fontes: as fontes industriais e as fontes veiculares. Mas a principal fonte de poluição atmosférica ainda é o monóxido de carbono produzido pela frota de veículos, cujo crescimento resultou do desenvolvimento da indústria automobilística, do baixo preço do petróleo e da expansão da malha rodoviária e da malha urbana. Tais fatores levaram a opções equivocadas com relação ao transporte individual em detrimento do transporte coletivo e da prioridade aos sistemas rodoviários (ônibus), em detrimento dos transportes ferroviários e hidroviários nas grandes cidades.

O caso mais contundente é o de São Paulo. A área mais urbanizada da Região Metropolitana de São Paulo, representada principalmente pelo município de São Paulo, apresenta-se saturada pelos 4,5 milhões de veículos que circulam diariamente. Este fato provoca uma diminuição da velocidade média de percurso, o que acarreta um aumento das emissões para a mesma quilometragem percorrida. Em conseqüência, as concentrações de monóxido de carbono excedem rotineiramente o padrão de qualidade do ar, sendo que, em 1994, foram decretados 43 estados de atenção por monóxido de carbono e por poeira (partículas inaláveis). O monóxido de carbono emitido por veículos leves é responsável por 68,4% do total desta fonte. Os veículos pesados contribuem com 28,6%, os processos industriais com 2,2% e a queima de lixo com 2,6%. Esses dados demonstram a necessidade urgente e inadiável de controle das emissões por veículos.

O automóvel, apesar de alimentar grande segmento da economia, tem-se mostrado um elemento perturbador da vida urbana, seja pelo desperdício de recursos não renováveis, seja por constituir um agente ativo da poluição atmosférica e acústica, e deve ser substituído como forma principal de transporte urbano. A continuidade do modelo de desenvolvimento urbano que privilegia o transporte individual, através da difusão do automóvel, além de agredir o meio ambiente, reduz a acessibilidade dos cidadãos aos centros de emprego e moradia, principalmente das camadas mais pobres.

Em algumas cidades, os problemas da qualidade do ar estão diretamente relacionados com a proximidade de áreas industriais e outros tipos de fontes de contaminação do ar (mineradoras, pedreiras, usinas de compostagem e de incineração de lixo, etc.). Os problemas ambientais gerados pela atividade industrial decorrem principalmente da falta de controle dos seus efeitos poluentes. Poucas são as instituições existentes para detectar a presença de poluição no ar e na água das maiores cidades brasileiras. Apesar de representar 41% da atividade industrial nacional, a Região Sudeste concentra 55% do total de estabelecimentos industriais com alto potencial poluidor do ar, dos quais 57% em São Paulo, 26% em Minas Gerais e 14% no Rio de Janeiro. Isto mostra a incidência do problema de forma bastante localizada em termos geográfico-territoriais. Na região Nordeste, localizam-se 19% e na região Sul, 17%.

A poluição do ar mata. Em geral mata lenta e discretamente e as mortes resultantes não chamam dramaticamente a atenção do público. No entanto a mortalidade atinge índices acima dos normais quando e onde exige o "smog".

Como já foi dito, os agentes causadores da poluição do ar são diversificados : Refinarias de petróleo, fábricas de papel e de produtos químicos, fundições, veículos motorizados, atividades domésticas, queimadas de florestas e de lixo, além de fontes naturais de monóxido de carbono, procedentes da oxidação atmosférica do metano, devido a putrefação da matéria orgânica. As fontes naturais deste composto estão distribuídas por todo o mundo, enquanto que as intervenções humanas se concentram em zonas muito menores.

O monóxido de carbono é o contaminante do ar mais abundante da camada inferior da atmosfera. Outros poluentes são óxidos de nitrogênio, óxidos de enxofre, dióxidos de enxofre, hidrocarbonetos (identificaram-se 56 hidrocarbonetos diferentes em áreas urbanas), o ozônio ( o mesmo que exerce um efeito benéfico na alta atmosfera, protegendo-nos dos raios ultravioleta), chumbo, aldeídos e material particulado.

Estas substancias atingem seres humanos manifestando-se através de sintomas distintos : dores de cabeça, desconforto, cansaço, palpitações no coração, vertigens, diminuição dos reflexos (monóxido de carbono, que em concentrações elevadas, pode conduzir à morte), irritação dos olhos, nariz, garganta e pulmões (óxidos de nitrog6enio) ; infiltração de partículas nos pulmões formando ácidos sulfurícos (óxido de enxofre) ; asma aguda e crônica, bronquite e efisema (dióxido de enxofre) ; Câncer (hidrocarbonetos) ; destruição de enzimas e proteínas (ozônio) ; degeneração do sistema nervoso central e doenças nos ossos, principalmente em crianças (chumbo). O material particulado causa irritação e entupimento dos alvéolos pulmonares. O Brasil é um dos países com maior quantidade de aldeídos na atmosfera, originados pelos carros à álcool. Acredita-se que o aldeído formico provoque tumores em cobaias, mas sobre os efeitos no homem ainda não há informações.


Bibliografia

[1] 330 Dicas de Atitudes Práticas para Você Contribuir com a Saúde do nosso Planeta - Terra, o Coração ainda Bate - Guia de Conservação Ambiental, 1990, Ed. Tchê.

[2] Revista Super Interessante, junho de 1992.


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