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Descendência de  JOÃO RODRIGUES DA SILVA
Nascido em Portugal em 21.10.1696 e falecido no Brasil por volta de 1780.
Autor: Arthur Schreinert Neto

O texto a seguir foi transcrito do livro JOÃO RODRIGUES DA SILVA e SUA DESCENDÊNCIA, 1o Volume, ano 1952/1953, Editora Gráfica Guarany Ltda. Rio de Janeiro, de autoria de CARLOS G. RHEINGANTZ e JORGE GODOFREDO FELIZARDO, com Prefácio de PEDRO CALMON.


A transcrição do referido texto tem por objetivo dar seqüência as informações colhidas até o ano de 1951, aproximadamente, no que diz respeito ao ramo familiar de minha hepta avó "JOSEFA RODRIGUES DA SILVA", terceira filha do genearca João Rodrigues da Silva e Antonia dos Santos Pereira.
 

O livro original possui mais de 400 páginas de pura emoção, proporcionada pela fantasia de viajar no tempo voltando ao século XVII, nos permitindo imaginar como viviam e quem foram nossos antepassados; qual a importância deles na história e o quanto contribuiram para que aqui chegassemos.
 

Agradeço ao Dr. Pedro Alcântara Sacramento que, além de emprestar, foi o responsável pela restauração e guarda do que possivelmente seja o único exemplar original existente, demonstrando claramente seu interesse pela história de nossa família.
 

AO LEITOR

Na história a beleza e a verdade devem andar sempre irmanadas, para que ela atraia e deleite o espírito do leitor e ao mesmo tempo lhe de tão extatamente quanto possível, uma noção real dos acontecimentos.
 

O desejo de realizar obra completa e sem falhas, é inato no historiador consciencioso e honesto. Intencionalmente ele procura fugir as formas excessivamente literárias, para que sua imaginação não o conduza à descrição fantasiosa dos fatos que incita o leitor, mas empana a verdade.
 

Os estudos de genealogia, em nosso meio, ainda não permitema apresentação de um desdobramento completo das gerações, em mais de dois séculos, sem falha alguma. Os arquivos de que podemos dispor são incipientes, escassos e incompletos. Por muitos anos todos os trabalhos históricos dessa naturesa, serão falhos embora representem uma grande soma de esforços, para superar os precalços de toda ordem.
 

O presente trabalho genealógico é uma tentativa de seus autores, para a descrição completa da descendência de um casal povoador da América Meridional, que no desdobramento de suas gerações, durante duzentos e cincoenta anos, espalhou-se pelas terras daquém e dalém mar.
 

As pesquisas iniciais para este trabalho foram feitas nos arquivos do Rio Grande do Sul e por isso houve a intenção de incluí-lo na genealogia riograndense.
 

Buscas posteriores feitas nos arquivos da Curia Metropolitana do Rio de Janeiro, pelo primeiro de seus autores, trouxeram à luz, valiosissima contribuição para a história do povoamento da Colônia do Sacramento, a mais meridional das possessões portuguezas na América, instalada no último quartel do venturoso século XVII.
 

O resultado da descoberta desses preciosos assentamento eclesiásticos, acha-se enfeixado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, de 1951, sob o título: "Os últimos Povoadores da Colonia do Sacramento", compreendendo dois períodos, o primeiro de 1690 a 1705 e o outro de 1735 a 1777, quando, de Portugal, para alí se transferiu, o povoador João Rodrigues da Silva.
 

Há assim um hiato de trinta anos, compreendido entre os dois períodos, sem informações precisas sobre o povoamento da Praça do Santíssimo Sacramento da Colônia, que até o presente não se conhece convenientemente, embora a história genealógica do início do povoamento do Rio Grande do Sul, na primeira metade do século XVIII, nos revele alguns dos nomes de povoadores colonistas, daquele difícil período de estabilidade da possessão portuguesa, no sul do Brasil Colonial.
 

Muitos daqueles povoadores se tornaram troncos seculares da familia riograndense, mas no momento não há possibilidade de se proceder sua ligação genealógica, com as linhagens portuguesas que lhes deram origens.
 

Possivelmente a presente genealogia será publicada em três volumes, que representarão um trabalho incessante de mais de dez anos em parceria, além do muito já obtido antes de 1940, pelos autores, nos estudos pacientes do Povoamento do sul do Brasil.
 

Dos filhos nascidos do casal de João Rodrigues da Silva e sua mulher Antonia dos Santos Pereira somente seis, cinco filhas e um filho, deixaram, ao que se sabe, descendentes. A geração das duas primeiras filhas Maria e Josefa, será objeto deste primeiro volume que ora sai publicado.
 

O segundo volume tratará da descendência de duas outras filhas, Francisca e Marcelina, sendo que desta última procede a familia Vieira da Cunha, de tanta projeção no cenário político do Rio Grande.
 

A história genealógica da familia do povoador João Rodrigues da Silva que ora entregamos ao público interessado em assuntos dessa natureza, exigiu, além de prolongadas pesquisas, nas mais diversas fontes, o desenvolvimento intenso de uma grande correspondência de consultas aos arquivos estrangeiros e aos descendentes do vetusto tronco colonista.
 

Dos primeiros o resultado foi relativamente satisfatório, mas as consultas particulares, por vezes penosas e repetidas, ficaram muito aquém do que se pode imaginar, em interesse humano. Essa a razão das falhas que o leitor por certo encontrará nesta genealogia e por isso seus autores a consideram uma tentativa, para a realização de uma obra, que a coloque à altura da nossa cultura e da nossa civilização.
 

Ao leitor cabe agora a apreciação e julgamento do esforço expendido neste trabalho e esperamos que toda a crítica a nos feita, tenha um cunho construtivo e vise os interesses superiores da história genealógica da familia brasileira
 

Rio de Janeiro, 1952/1953

Carlos G. Rheingantz
Jorge Godofredo Felizardo
 

1 - JOÃO RODRIGUES DA SILVA, tronco deste estudo genealógico, era natural de Portugal. Nasceu no lugar de Carvalhais, da freguezia de Santa Eufêmia de Penéia, bispado de Coimbra, e alí foi batizado juntamente com seu irmão gêmeo MANOEL aos 21 dias do mês de outubro do ano de Graça de 1696. Foram seus pais, Manoel Fernandes, que também se assinava Manoel Fernandes Jião, e dona Isabel Francisca, ambos naturais do lugar de Carvalhais e casados na igreja da freguezia de Santa Eufêmia de Penéia a 5 de outubro de 1692.
 

Devemos estes preciosos dados à gentileza do historiador português, doutor Alfredo Vieira de Moura Matoso, residente em Figueira da Fós, que teve a atenciosa lembrança de copiar os seguintes assentos dos livros daquela paróquia, recolhidos à Conservatoria de Registro Civil de Coimbra, (Arquivo e Museu de Arte da Universidade de Coimbra):
 

"Freguezia de Santa Eufêmia de Penéia, bispado de Coimbra, Livro de registro de Matrimônios. Em os cinco dias de outubro da era acima, (1692) recebi em face da Igreja na forma do Sagrado Concílio Tridentino, a MANUEL FERNANDES e a ISABEL FRANCISCA, do lugar de Carvalhais. Foram testemunhas Antonio Roiz Alonso, do Espinhal, e Manuel Mendes Negrão, do Viavai, desta freguezia, e por passar, na verdade fiz este assento, que assinei era ut supra (ass) Frei João Fialho."
 

"Freguezia de Santa Eufêmia de Penéia, bispado de Coimbra. Livro de Registros de batismos. Em os vinte e um de outubro de 1696 batizei a MANUEL, filho de Manuel Fernandes e de Isabel Francisca, dos Carvalhais. Foram padrinhos João Roiz, solteiro, do dito lugar, e Antônia Zuzarte, mulher de Manoel João, da Torre, e para lembrança fiz este assento que assino, dia mês e ano ut supra. (ass) Fialho".
 

"Em o mesmo dia batizei a JOÃO, filho do dito Manuel Fernandes e Isabel Francisca, por serem gêmeos. Padrinhos Domingos Carvalho e Isabel João, da Freixiósa, e por lembrança fiz este assento, que assinei ut supra. (ass) Fialho".
 

Cremos que João Rodrigues da Silva veio para o Brasil como soldado do Destacamento de Pernambuco, passando dalí para o Rio de Janeiro e para a Colonia do Sacramento, porém disto não há certeza, a não ser por vagas referências encontradas no livro "A Colônia do Sacramento" do Coronel Jonatas da Costa Rêgo Monteiro.
Ja estava radicado na Colônia do Sacramento no ano de 1737, em que, contando 40 anos de idade, casou-se com Antonia dos Santos Pereirade 19 anos.
 

Era sua esposa Antonia dos Santos Pereira, natural da cidade de Lisbôa, aonde foi batizada na freguezia de Nossa Senhora da Pena a 13 de novembro de 1718. Filha legítima de Sebastião Pereira e de Páscoa Maria. Cremos que Antonia tenha nascido a 01 de novembro, dia de Todos os Santos, e sido batizada com 12 dias de idade, é o que nos faz supor a composição de seu nome, ANTONIA "DOS SANTOS" PEREIRA. Seu pai, SEBASTIÃO PEREIRA, natural da freguezia de São João de Lamares, comarca de Vila Real, no Minho, e filho legítimo de Manoel Fernandes e de Domingas Gonçalves, casou-se na freguezia de N.S. da Penha de Lisbôa a 09 de aneiro de 1716, com PÁSCOA MARIA, nascida na freguezia de São Miguel do Milharado, do Patriarcado de Lisbôa, e filha legítima de JOÃO ESTEVES e de MARIA LOURENÇA.
 

Resta-nos dizer que viveram na Colônia do Sacramento, casados, quarenta anos (1737-1777), tendo sido deportados para Buenos Aires em junho de 1777, quando da última destruição e tomada da Praça pelos Castelhanos. No ano de 1778, viviam ambos em Buenos Aires, porém em 1779 já estavam radicados no Desterro (hoje Florianópolis), em Santa Catarina onde supomos terem falecido. ANTONIA DOS SANTOS PEREIRA, faleceu realmente em Florianópolis (antigo Desterro) como supunhamos. Devemos a gentileza do genealogista catarinense Sr. Walter Fernando Piazza, cópia do seguinte assento, comunicado-nos pelo Almirante L.A. Boiteux.
 

"Aos dez dias do mês de fevereiro de mil oitocentos e dois, nesta Villa do Destêrro de Santa Catarina, faleceu a cinco (sic) de repente ANTONIA DOS SANTOS, viúva de João Rodrigues da Silva, natural de Lisbôa, filha de Sebastião Pereira e de Páscoa Maria/ignorão o mais/ foi seu testamenteiro Manoel da Costa Fraga; foi encomendada, e sepultada na Capella da Ordem, do que para constar fis este termo. O Coadjutor Joaquim de Santa Anna Campos". A Capela acima referida é a da Veneravel Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. Tendo dona Antonia nascido em Lisbôa em novembro de 1718, faleceu portanto com 84 anos incompletos.
 

Deste matrimônio nasceram pelo menos 10 (dez) filhos:
 

1.1 - Maria Rodrigues da Silva
1.2 - Manoel Rodrigues da Silva
1.3 -
JOSEFA RODRIGUES DA SILVA (minha hepta avó)
1.4 - Francisca Rodrigues da Silva
1.5 - Marcelina Rodrigues da Silva
1.6 - Feliciana Rodrigues da Silva
1.7 - Bartolomeu Rodrigues da Silva
1.8 - José Rodrigues da Silva
1.9 - Teresa Rodrigues da Silva
1.10 - Miguel Rodrigues da Silva

Nota: A descendência dos demais ramos que vão aparecer daqui para a frente e, cujas informações também foram coletadas na mesma época, encontram-se no livro acima citado.

 
     

Email: arthur.neto@terra.com.br