"Compreendi que a Igreja
tinha um corpo, composto de diferentes membros, não lhe faltava o membro mais nobre e
mais necessário. Compreendi que a Igreja tinha um coração, e que este coração ardia
de amor. Compreendi que só o amor fazia os membros da Igreja agirem, que se o amor viesse
a se apagar, os Apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os Mártires se recusariam a
derramar seu sangue..."
Santa Teresa de Lisieux, conhecida por Teresinha do Menino Jesus, é uma das santas
mais características por sua espiritualidade.
Seu culto se espalhou em pouco tempo por todos os recantos do mundo católico.
Teresinha nasceu em Alençon, norte da França, aos 2 de janeiro de 1873. Seus pais,
quando jovens, aspiravam, ambos, a se consagrarem a Deus na vida religiosa, mas por
circunstâncias especiais não foram aceitos. Então a jovem Zélia Guerin, futura mãe de
Teresinha, disse: "Meu Jesus, já que não sou digna de ser vossa esposa como irmã,
abraçarei o estado matrimonial para cumprir vossa vontade. Peço-vos, porém,
encarecidamente, conceder-me muitos filhos e que vos sejam consagrados".
Daquele santo casal nasceram nove filhos. Três faleceram em tenra
idade, os demais, todas meninas, tornaram-se religiosas conforme o desejo da mãe.
Teresinha ficou órfã de mãe aos quatro anos e sentiu muito esta falta. O pai, depois da
morte da esposa, mudou-se com a família para Lisieux, onde tinha um cunhado cuja esposa
zelava pela educação das filhas.
Teresinha cresceu num ambiente de amor puro e de fé
profundamente vivencial e, sendo a caçula do lar, era chamada pelo pai "a minha
rainhazinha". As irmãs mais velhas, uma após outra, consagraram-se a Deus na vida
religiosa. Teresinha alimentava uma santa inveja da opção das irmãs desejando, quanto
antes, acompanhá-las na consagração a Deus.
Com a idade de 15 anos, recebeu do Papa Leão XIII a permissão de entrar no Carmelo de
Lisieux. Viveu no Carmelo mais oito anos. "Que poderia ter realizado de
extraordinário em tão curta existência? Graças a sua autobiografia, com o título Históriade uma alma, sabemos que a jovem carmelita não fez nada de extraordinário, apenas
cumpriu extraordinariamente bem os seus deveres de monja enclausurada. Num momento de
entusiasmo, Teresinha escreveu que, por amor ao Amor Supremo, desejava ser cavaleiro das
cruzadas, padre, apóstolo, evangelista, missionário, mártir. "Compreendi, escreve,
que só o amor fazia agir os membros da Igreja e que se o amor viesse a se extinguir, os
apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os mártires recusariam derramar o seu
sangue... Compreendi que o amor encerra todas as vocações e que o amor é tudo, abraça
todos os tempos e todos os lugares... Numa palavra, o amor é eterno... encontrei minha
vocação: o amor!"
Estas palavras poderiam parecer românticas, se não fossem corroboradas pela vida de
oração, de sacrifícios, de provações, de penitências e de imolação no dia-a-dia da
existência de Teresinha como Carmelita.
Todos os gestos e sacrifícios, do menor ao maior, oferecia a Deus, pela salvação das
almas, e na intenção da Igreja. Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face esteve
como criança para o pai, livre igual a um brinquedo aos cuidados do Menino Jesus, e
tomada pelo Espírito de amor, que a ensinou a pequena via da infância espiritual.
O mais profundo desejo do coração de Teresinha era ter sido
missionária "desde a criação do mundo, até a consumação dos séculos". Sua
vida nos deixou como proposta, selada na autobiografia, e como intercessora dos
missionários sacerdotes e pecadores que não conheciam Jesus, continua ainda hoje,
vivendo o Céu, fazendo o bem aos da terra.
Proclamada principal padroeira das missões em 1927, padroeira
secundária da França em 1944, e Doutora da Igreja, que nos ensina o caminho da santidade
pela humildade em 1997, na data do seu centenário. ela mesma testemunha que a primeira
palavra que leu sozinha foi: " céus "; agora a última sua entrada nesta
morada, pois exclamou : " meu Deus, eu vos amo...eu vos amo ".