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Culpas + Is there any happiness? + Uma pedra que se atira +Responsability + Smashing Punpkins +

 

 









Culpas

Invoco-te dragões
Os cavalos do apocalipse
Imploro-te mil calvários
Dá-me paz

Arranca-me os olhos
Dilacera-me os ouvidos
E tudo quanto for qualquer sentido
Ou mínimo de razão que me reste,
Tira-me
E alivias assim a culpa
Pune o pranto não derramado
O braço desaberto
E a mão mesquinha
As crianças no jardim
Decadente e inóspito
As mães largadas
Corações partidos

Venham anjos
Daniel, Uziel,
Buda, Malcom X, Gandhi
Não perdoem os sonhos enterrados
Não perdoem os mendigos na esquina
Não perdoem os estupros
Não perdoem o soco
O sexo bruto
O sangue em vão

Antes, despe-me da vaidade
Pune a fuga
A falta de coragem
A má fé, a traição
Descarrega em mim tuas pedras
Sangra-me a carne
Concede-me paz


Is there any happiness?

Há felicidade em ser um Michael Jackson branco?
Nada mais será o mesmo bom café com pão e manteiga
E também fenecerá qualquer charme burguês

Toda fartura traz à boca o sabor amargo do fel
Como se a ânsia fosse sorvida
Todo sorriso provoca no músculo um espasmo de dor
E a lágrima que lava a alma
Faz crescer na pele espinhos

O derradeiro despertar consumou-se
E revivemos a história de Eva e Adão
Toda inocência já é partida
E sobra sobre nossas obras e dentre nossos bens
Um sangue alheio derramado
A culpa, carregada e obscura
E a certeza de que essa felicidade é ilegítima
Óperas e bernes, satélites e desnutrição
E como toda a alegria é a prova de um roubo
Isolo-me na doce agressão da loucura


Uma pedra que se atira

Chega!
Pra mim chega.
Hoje desconfio do bom
E me tranquilizo com o adverso
E não partilho nem um bem ou dor

Sou só.
Por isso deixe que eu me queime
Nessas brasas de cigarro
Não me ajude quando o álcool
Me esfola pelo asfalto
A dor me ajuda esquecer

São minhas as mágoas
Eu enxugo minhas lágrimas
E padeço de frio
Nem corpo, nem pele suados
Nada de ti ao meu lado
Aqui reside o vazio

Eu não assumo as culpas
Eu não peço desculpas
Eu não faço perguntas
Eu só digo adeus

Eu sou a vítima
E é por isso que premio meus enganos
Com a tua punição

As ações e reações são minhas
Sobre esse mesmo corpo, massa
Tendendo a desmembramentos
De dores infinitas
O que quero jamais se realiza

Sou o cão atropelado
E ladro: distância, perigo
Magoada salivo
E quero derramar teu sangue
E qual é a questão?

Você avisava que seria dura a jornada
E eu jamais me importara
Com a aridez do caminho
Eu só queria partir

E você meio estranho sorria
E só a ti mesmo dizia
Que nessa vigem eu iria sem ti

Eu sempre tive certeza
De que eras verdadeiro
E nunca percebi que a transparência
Era ausência
E não sinceridade

As palavras são frias
As frases estão secas
Mas, como não?
Se já não bate mais o órgão
E fez-se pedra o coração?


Responsability

E Deus disse
Que o que quer que voce fizesse
Pelo mais fraco dos seus irmãos,
Estaria fazendo por Ele mesmo
E então fugimos, deixando para trás um homem sendo assassinado

Eu devia alimentar as crianças com fome
E acompanhar os velhos largados na estrada
As cores desbotadas no velho vestido
Dizem que tudo está abandonado
E que a nudez é mais prática que o zelo

Face a face eu não te enfrento
Anseios aparecem por entre os escombros
Finjo que não sei de que se trata
Caminho sobre o chão de cimento
Mais nada

Somos culpados
Por dar as costas, por não evitar,
Por não ajudar, por não punir,
Por não reconhecer o bandido

O peso do mundo, Drummond, é nada
Face a morte desta criança
Então miro outro lado, admiro o céu e as estátuas
E qualquer coisa que restar de humana
Na face deste mendigo
Hei de transformar em biológico degeto
E irei culpá-lo por ser tão pouco nobre
E tudo quanto for seu fracasso irei exaltar e punir
E lançar contra seu rosto
Para cobrir aquele fio de característica humana
Que nele me incomoda


Smashing punpkins

Há alegria na destruição
Uma vez que todas as desilusões foram construídas
Todos os sonhos partirão
Quando ao fim da metamorfose alcançarmos a maturidade
Os caminhos claros levam a uma vida profana
De ganho e fama em vão

Destruir é negar



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