Site hosted by Angelfire.com: Build your free website today!

Poemas Selecionados


Garrafas ao Mar
SushiLove
Caimbra Mental
Desfigurada
igualmente
homenagem



GARRAFAS AO MAR


É difícil sofrer
Por isso escrevo
Jogo garrafas ao mar
A todo momento

De tempos em tempos
A dor me inunda
Por um ínfimo instante
Me corta vasta e atroz
Navega meu sangue
Vai e volta
A cada segundo
A cada segundo
A expulso
Da artéria pra veia
Que inútil

A cada movimento
Perco teus gestos
A cada palavra
Tenho teus silêncios
Inutilmente abro
A porta da resposta
Que esqueço
Vago no infinito tempo dos meus dias
Ébria na ânsia de quem ama
Meu amor é uma carta vã e decidida



SUSHI LOVE

Na hora de comer sushi, benzinho
Você sem pudor pegou logo o camarão
E me deixou o arroz
E a isso chamam relacionamento

Mas o grande estrago é que por amor
Armei um ringue, briguei sozinha
E saí nocauteada

Como quem ama não mata
Quando o coração dói a gente sai dando uns tapas
Depois se arrepende e come uns bolinhos
Quem dera eu fosse teu pente,
Tua cueca, teu prato, tua escova de dente
Quem dera eu acertasse no tempero
E não um murro no teu queixo

Já não sei mais o que penso
Na minha falta de nexo
Eu digo que amo, você sente que detesto
E quando se desinflama o fogo
Mais te adoro e menos te odeio
Mas quanto menos eu calo, maior meu erro

Eu ajo como uma criança
E todas as brincadeiras tem teu nome
Então faz de conta que eu sou um peixe fora da água
Mexe os pauzinhos e me come
Com muito shoyu e raiz forte



Cãimbra Mental

Mil pensamentos perambulantes
Perambulam pelo rosto
Verdades...
Fantasmas arquivados...
No teto, concreto imenso
Estou presa, desorizontada
A janela dá para o nada
E à porta há uma cilada
Eu quero ir embora!

Chico, hei Chico, psiu Caetano, ops Guevara!
Por que vos escondem?
Papai e mamãe são anti-históricos, são pré-históricos
Meus vizinhos também têm teias de aranha e certo pó
Seus olhos estão grudados na janela

Não! Nada de batons no congresso
Bombardearei dólares no congresso
E farei blitzkrieg no congresso
E talvez me suicidem
Os do congresso

Como sou pequena.
Meu cérebro está vazando
Uma esfinge de um olho verde
Suga meus axônios
Eu sou um animal?

Belchior me abandonou?
Meu pai se chama Garrastazu?
Ei Elis, minha irmãzinha, não morra...
“teus ombros suportam o mundo”
Mas não o FEBEAPA
Acho que vou recitar Camões e receitas de bolo
Ou devo virar O Globo?
Ainda sou meio preto e branco
Envelhecido
Reciclado papel
Usado no banheiro
Entubada angústia
Revolta avessa
Caminhos adversos
Alma suspensa



Desfigurada

E então, mulher?
Que vai fazer?
Chorar, gritar, beber?
Depois de Sábado vem Domingo
Domingo é dia de feira
Os homens conduzem a dança
E as mulheres tomam chá de cadeira

Crua percepção do óbvio
A lei da sociedade
A lei democrática:
Faça tudo que quiser
Se quiser fazer o que é certo

É mulher você dançou
O Nêgo não gostou da sua iniciativa
O Coelho te largou com bebê na barriga
E o outro obrigou porque quem manda é o mais forte

Quem mandou nascer mulher?
Vai assumir teu papel na vida
Vai ser bela e bem singela
Feminina e bem tratada
Extrovertida mas discreta
Feminista não radicalista
No fundo submissa
Pseudo-eu
Pseudo-artista
No teatro do seu dia a dia

É mulher não os decepcione!
Não os assuste!
Não os agrida!

Não peça em namoro
Não exija noivado
Leve pra cama
Produto não variado
Pássaro engaiolado voa...
Mas só no espaço que te pertence



Homenagem

Se o mundo é vasto ou a vida é besta
Não me importo
Só sei que sou gauche na vida
O amoníaco e o aço
Não são meus pais
Embora o paradoxo
O pessimismo e o asco
Sejam minha sina
Para Dirceu não fui Marília
Maquiavel, Robespierre, Danton
Não os entendo
E não são meus amigos
Talvez Cupido
Tenha errado a flecha
Talvez os hippies
Tenham comido parte do meu cérebro
Talvez eu não tenha me empenhado o bastante
Não este não é o capitulo das negativas
O que corre em minhas veias
Pelo menos, não é gasolina
E o minha mente não e um motor
Tao pouco meu corpo, uma máquina
Meu coração é um bumbo
Imenso... atormentado...
Meio verde e meio lágrima
E minha alma
E uma estatua imensa
Imensamente grande
Uma estátua com extensos bracos abertos
Minha ternura e abundantemente besta
A teus olhos sou ridícula
Mas sou humana
E não sou de Bauru
Sou cobaia de Deus
Enquanto você,
De quem é cobaia?



HOME

Email: patimi@uol.com.br