AO POVO MINEIRO
As palavras que nesta mensagem
dirigimos aos mineiros, queremos que sejam serenas, sóbrias e claras. Nelas não
se encontrará nada de insólito, nenhuma revelação.
Dirigimo-nos, sobretudo, ao espírito
lúcido e tranqüilo dos nossos coestaduanos, à sua consciência firme e
equilibrada, onde as paixões perdem a incandescência, se amortecem e deixam íntegro
o inalterável senso de análise e julgamento.
Este não é um documento
subversivo; não visamos agitar nem pretendemos conduzir. Falamos à comunidade
mineira sem enxergar divisões ou parcialidades, grupos correntes ou homens.
Assim como não pretendemos conduzir, não temos o propósito de ensinar. Mas
ensinar é uma coisa e recordar, retomar consciência de um patrimônio moral e
espiritual, que seria perigoso considerar uma vez por todas como definitivamente
adquirido, é outra muito diferente.
Num tom de conversação em família
- família numerosa, porém unida e solidária -, queremos recordar aos mineiros
que o patrimônio moral como o espiritual não sobrevive ao desleixo. Os bens
materiais arruinam-se e se perdem quando a diligência do dono não se detém
sobre eles. As conquistas espirituais também se perdem quando o homem as
negligencia, por lhe parecer assegurada a sua posse.
As idéias e sentimentos a que
buscamos aqui dar expressão, cessaram de ser um estado natural de coisas. Uma dúvida
paira sobre elas, no seio dos povos cujo espírito de demissão se acomodou com
os atentados aos mais imprescritíveis direitos do homem e do cidadão.
O Brasil pertence à cultura
ocidental e dela não se poderá isolar nunca. Exatamente porque o nosso destino
está de maneira indissolúvel ligado ao Ocidente, nós sofremos a flutuação
dos seus valores morais e espirituais.
A democracia não era mais, há
alguns anos passados, um bem assegurado. Vivia ameaçada de dentro e de fora das
nações, e em muitos países falhou completamente.
Em conseqüência desses
acontecimentos, que atingiram várias das maiores nações do Ocidente, o povo
de Minas Gerais como, afinal, o de todo o Brasil, vê-se forçado a uma atitude
de total retraimento e absoluto mutismo.
Por isso, as idéias que aqui
recordamos aos mineiros, passaram a constituir, apenas, o tema das palestras e
comentários privados, no seio dos lares da nossa pacífica e grave Minas
Gerais.
A extinção de todas as atividades
políticas e de todos os movimentos cívicos forçou os mineiros, reduzidos à
situação de meros habitantes da sua terra, a circunscreverem a sua vida aos
estreitos limites do que é quotidiano e privado.
Quem conhece a história das tradições
da nossa gente, pode medir a extensão da violência feita ao seu temperamento
por essa compulsória e prolongada abstinência da vida pública.
O amor à crítica e ao debate, o
apego às prerrogativas da cidadania, o dever político, no seu mais nobre e
dignificante sentido, numa palavra, a irresistível vocação para a vida pública,
não são, sem dúvida, felizmente, no Brasil, privilégio dos mineiros; mas
devemos orgulhar-nos, por todas as razões, do fato de ser a comunidade mineira
no País, por influência dos fatores de ordem histórica e social, aquela onde
esse sentimento dos interesses coletivos e essa compreensão do múnus cívico,
essa indomável e altiva tendência política nunca perderam sua força e constância.
As palavras ponderadas desta
mensagem, que dirigimos aos nossos coestaduanos, inspiram-se, pois, nas suas
mais firmes tradições de civismo e no seu reconhecido apego aos ideais políticos
que se realizam pela autonomia estadual e pela democracia. Nada mais são do que
o eco, por nós recolhido e intensificado, das que foram proferidas, nos prenúncios
da Independência, por Tiradentes e seus companheiros de infortúnio e de glória
e que mais tarde, no Império, deveriam reboar pelos vales e quebradas da nossa
província, no decurso de lutas memoráveis e de incessantes arremetidas contra
a personificação do Poder, sempre conducente aos desequilíbrios e paralisias
do unitarismo e às restrições das liberdades públicas e privadas.
Fomos buscar inspiração no
passado, porque nele procuram assentar a constância de sua regência política
os que, entre nós, por uma errônea interpretação da História, nele somente
vislumbram algumas não contestadas vantagens da centralização administrativa
e do Governo monocrático, sem atentarem para os males, de muito maior extensão,
que lhes são inerentes, sobretudo para a sua fatal tendência a usurpações da
soberania.
Recorrendo por nosso turno àquele
passado, temos em vista focalizar, de preferência, as ininterruptas reivindicações
cívicas e provinciais que deveriam manter a opinião do País em contínua
vigilância e suspender, no impulso dos seus movimentos, entre muitos outros,
homens da têmpera e da vocação democrática de Teófilo Ottoni, Francisco
Otaviano, Tavares Bastos, José Bonifácio, o Moço, Aristides Lobo, Quintino
Bocaiúva, Campos Sales, Prudente de Morais, Cesário Alvim, João Pinheiro, Rui
Barbosa, Benjamim Constant, Assis Brasil e Júlio de Castilhos.
Tal qual se vê, desejamos retomar o
bom combate em prol dos princípios, das idéias e das aspirações que, embora
contidas ou contestadas, haveriam de nos dar a Federação e a República, não
como criações artificiais de espíritos românticos e exaltados, mas sim como
iniludíveis imposições de forças históricas profundas. E ao fazê-lo
queremos afirmar, peremptória e lealmente, que não nos movemos contra pessoas
nem nos impele qualquer intuito de ação investigante ou julgadora de atos ou
gestos que estejam transitoriamente compondo o presente capítulo dos nossos
anais. Apenas não foi este o estilo de vida a que aspiramos no passado e não
é o que almejamos para o futuro.
A prosperidade nos negócios, o êxito
nas atividades profissionais, a riqueza, o conforto, o gozo das tranqüilidade fácil
de todos os dias, mesmo que existissem, não esgotariam as nossas aspirações,
nem resumiriam a nossa concepção do destino humano.
Para que não se ponha em dúvida a
sinceridade dos sentimentos que nos animam, reconhecemos que o Brasil está em
fase de progresso material e tem sabido mobilizar muitas de suas riquezas
naturais, aproveitando inteligentemente as realizações do passado e as
eventualidades favoráveis do presente.
Limitar-nos-emos a notar que, em
outros países, assim como vinha sucedendo no nosso próprio, idênticos
resultados foram conseguidos sem o sacrifício dos direitos cívicos, o que
demonstra não serem peculiares a formas autoritárias de governo.
Não se infira, porém, da ressalva
feita, que desejamos voltar aos vícios das organizações e práticas políticas
anteriores a 1930. Impossível seria negar que, de posse do poder, muitos dos
seus homens não raro se valiam, como se suas próprias fossem, das graves
faculdades de pagar e prender, nomear e demitir, promover e premiar, a fim de
adquirir e penhorar dedicações pessoais, com que armavam e mantinham máquinas
eleitorais, destinadas a corromper a expressão dos sufrágios populares e a
impedir o livre desenvolvimento das nossas melhores vocações políticas. Condenamos,
com firmeza, os erros, as corrupções e os abusos do regime transposto
definitivamente em outubro de 1930. Mas se um desses abusos, aquele que,
antes de todos, deveria suscitar a Revolução, foi precisamente o da
hipertrofia no Poder Executivo, manifestação atávica do poder pessoal, nunca
suficientemente condenado no Império e nos últimos tempos da chamada República
Velha, caracterizado pela incidência da chefia suprema do Governo e da política
nas mãos de um só homem, sempre desejoso de perpetuar-se mediante indicação
de um sucessor, se, entre aqueles erros, os mais apontados entendiam com o ludíbrio
da opinião pública, traduzida em sufrágio, e com a opressão de estados de sítio
de duvidosa legitimidade e de excessiva duração, claro é que, recusando-nos a
volver ao passado, impossível nos seria aceitar como definitiva qualquer ordem
política na qual, para evitar a defraudação de sufrágios, se fechassem as
urnas; para prevenir o estado de sítio ilegal se fizesse legal a sua
perpetuidade e, por derradeiro, para obstar à hipertrofia do Poder Executivo,
fosse este transformado em poder constitucional realmente único. Não é
bastante que figurem em diplomas constitucionais franquias e direitos dos cidadãos.
O essencial é que sejam assegurados e que possam ser exercidos.
Louvando os homens de 1930, civis e
militares, pelo empenho posto na destruição das velhas máquinas eleitorais,
montadas com o indevido emprego das seduções e recursos do poder público,
estamos seguros de que não teremos de assistir a repetição daqueles
processos, nem mesmo sob a aparência de ensaios de corporativismo, quando estes
se afastam da espontaneidade histórica e se transformam numa simples alavanca
de governos de índole fascista.
Bem fixadas as marcas características
da nossa formação e das nossas tendências, não poderemos fugir, sem grave
desfiguração de ambas, ao dever de constatar que não é suprimindo a
liberdade, sufocando o espírito público, cultivando o aulicismo, eliminando a
vida política, anulando o cidadão e impedindo-o de colaborar nos negócios e
nas deliberações do seu governo que se formam e engrandecem as nações.
A ilusória tranqüilidade e a paz
superficial que se obtêm pelo banimento das atividades cívicas podem parecer
propícias aos negócios e ao comércio, ao ganho e à própria prosperidade,
mas nunca benéficas ao revigoramento e à dignidade dos povos.
Se tais são as nossas disposições
de espírito e se mal algum poderá advir, para o esforço de guerra do Brasil,
do estudo e da preparação de planos para a ponderada reestruturação
constitucional da República, ao ser firmada a paz, no uso da liberdade de opinião,
pela qual o Brasil também se bate, pedimos a todos os mineiros de boa vontade,
sem qualquer compromisso de solidariedade partidária, que meditem sobre a
organização política e administrativa que, à luz da experiência dos
melhores homens e de sua atilada prudência, possam evitar os males do passado e
os equívocos do presente e assegurar a ordem e a prosperidade do País.
Como temas históricos de necessária
meditação, sugerimos os constantes da circular de 19 de setembro de 1860, de
Teófilo Ottoni; do manifesto republicano de 3 de dezembro de 1870; dos
programas da convenção e do congresso realizados em fevereiro de 1882 e maio
de 1884, no Rio Grande do Sul, adaptáveis às atuais circunstâncias. Igual
atenção merecem as Constituições de 1891 e de 1934 e a Carta outorgada em 10
de novembro de 1937, bem como os documentos básicos das nossas grandes
campanhas eleitorais de 1910, 1919, 1922 e 1930.
Atendendo à rapidez da evolução
da humanidade para novas modalidades de equilíbrio social e internacional,
julgamos da máxima importância o estudo e o desenvolvimento dos postulados da
Carta do Atlântico e das Recomendações Preliminares para os problemas de após-guerra,
da Comissão Jurídica Americana.
Assumindo a responsabilidade de
iniciar, no grave momento que atravessamos, a preparação do povo mineiro para
o exercício das suas prerrogativas fundamentais, cumpre-nos deixar, desde logo
absolutamente certo que tudo faremos para que ela, de maneira alguma, possa
comprometer a união cívica e moral que tanto importa resguardar, em face dos
tremendos problemas da guerra.
Segundo pensamos, união é harmonia
espontânea e não unanimidade forçada, convergência de propósitos lúcidos e
voluntários e não soma de adesões insinceras.
Um povo reduzido ao silêncio e
privado da faculdade de pensar e de opinar é um organismo corroído, incapaz de
assumir as imensas responsabilidades de correntes da participação num conflito
de proporções quase telúricas, como o que desabou sobre a humanidade.
Se lutamos contra o fascismo, ao
lado das Nações Unidas, para que a liberdade e a democracia sejam restituídas
a todos os povos, certamente não pedimos demais reclamando para nós mesmos os
direitos e as garantias que as caracterizam. A base moral do fascismo assenta
sobre a separação entre os governantes e os governados, ao passo que a base
moral e cristã da democracia reside na mútua e confiante aproximação dos
filhos de uma mesma pátria e na conseqüente reciprocidade da prática
alternada do poder e da obediência por parte de todos, indistintamente.
No momento em que o mais antigo - o
precursor dos Estados totalitários - naufraga no mar profundo dos seus próprios
vícios, pressente-se que se aproxima, para todos os povos, a oportunidade de
uma retomada de consciência dos valores democráticos, ou, para melhor dizer,
de sua regeneração pelo sentimento e pelo pensamento.
Seu passageiro declínio explica-se
pelo encanto da aparente novidade de que se revestiu a doutrina fascista. Só não
desejam mudar os homens que estão tranqüilos. Os que sofrem, quaisquer que
sejam eles, são ávidos de coisas novas. O que Júlio César dizia dos
gauleses, que eram novarum rerum cupidi, pode ser atribuído a todos os
seres humanos, com especialidade nas tormentosas quadras de reacomodações
sociais e econômicas.
Quando surgiu, no ano de 1922, na Itália,
o primeiro governo totalitário, toda a gente lhe augurou um próximo e inglório
fim. Homens nascidos e criados dentro do espírito que o imenso acontecimento
que foi a Revolução Francesa espalhou pelo mundo, os daquela geração tiveram
a maior dificuldade em compreender, desde logo, essa aberração política, hoje
crismada de "fascismo" e antes e sempre denominada despotismo.
A princípio, pretenderam
circunscrevê-lo às fronteiras físicas e morais dos países atingidos pelo
mal. Evidentemente, os fatos que o revelavam eram os italianos, ora alemães,
ora espanhóis, ora portugueses, como portugueses, espanhóis, alemães e
italianos eram os homens que o defendiam ou suportavam. Mas os traços
essenciais do drama produzido pelo desaparecimento da fé na liberdade e nos
direitos que dignificam o homem, eram os de um fenômeno universal, resultante
da inútil resistência a transformações econômicas e sociais, reclamadas por
indomáveis imperativos de justiça e de solidariedade humana.
Chumbados a interesse de mesquinho
egoísmo, não foram poucos os conservadores que aderiram à perigosa aventura
de restauração das bastilhas do absolutismo e a financiaram, na ingênua
suposição de que salvariam, por esse modo, anacrônicos privilégios.
Desprevenido diante dos frios cálculos
e manobras maquiavélicas do seu novo inimigo, o regime democrático, em muitas
oportunidades, mas especialmente na reunião de Munique, concluiu tratados de má-fé
recíproca entre a paz e a violência.
As decepções decorrentes da abdicação
não se fizeram esperar muito. Regenerados, porém, pelo sofrimento, purificados
pela dor, os povos ocidentais compreenderam, ainda uma vez, que fora da
democracia não há salvação possível, para a paz e para as liberdades que
enobrecem e exaltam a espécie humana. E dão por igual um outro decisivo
testemunho: o de que o seu princípio vital é realmente, a virtude, segundo a
bela demonstração do assaz malsinado e raramente lido Montesquieu.
Mas, para que a democracia produza
frutos, é necessário que o homem da rua e o das classes dirigentes possuam o
mesmo apurado sentido de bem comum e a mesma ardente e abnegada ambição de
servir. Do contrário, será mera aparência. Para que esse regime sobreviva,
como sobreviveu na Inglaterra e nos Estados Unidos, é necessário que as nações
se convençam de que provocarão a guerra em lugar de bani-la sempre que o seu
pacifismo for mais forte do que a decisão de lutar pela própria sobrevivência.
Sendo a guerra um monstruoso crime, cumpre que as nações se armem moral e
materialmente, para punir os grupos humanos que o pratiquem ou tentem praticar.
Do que fica dito, fácil é inferir
que a democracia por nós preconizada não é a mesma do tempo do liberalismo
burguês. Não se constitui pela aglomeração de indivíduos de orientação
isolada, mas por movimentos de ação convergente. Preconizamos uma reforma
democrática que, sem esquecer a liberdade espiritual, cogite, principalmente da
democratização da economia.
Num e noutro domínio, o tempo do
liberalismo passivo já findou. Não é de fraqueza renunciante e de tolerância
céptica que a democracia precisa. Assim escoltada, ela pareceria digna de
piedade, em face das doutrinas baseadas na violência e que nenhum escrúpulo
detêm. Ao reconhecimento disto ligamos a renovação espiritual do regime
democrático.
Quanto à sua renovação econômica,
toda a gente sabe o que significa. Sua culpa moral e sua inferioridade - que ao
próprio fascismo dá oportunidade de fazer valer um arremedo de idealismo -
reside no domínio do dinheiro, que, com a passividade da revolução burguesa,
substituiu-se sub-repticiamente às desigualdades do feudalismo, o que é, sem dúvida,
mais moderno, embora seja igualmente injusto.
Queremos alguma coisa além das
franquias fundamentais, do direito de voto e do habeas corpus. Nossas
aspirações fundam-se no estabelecimento de garantias constitucionais, que se
traduzam em efetiva segurança econômica e bem-estar para todos os brasileiros,
não só das capitais, mas de todo o território nacional. Queremos espaço
realmente aberto para os moços, oriundos de todos os horizontes sociais, a fim
de que a nação se enriqueça de homens experimentados e eficientes, inclusive
de homens públicos, dentre os quais venham a surgir no contínuo concurso das
atividades políticas, os fadados a governá-la e a enaltecê-la no concerto das
grandes potências, para o qual rapidamente caminha. Queremos liberdade de
pensamento, sobretudo do pensamento político.
Ao dar expressão desse modo às
aspirações de Minas Gerais, dentro da comunhão brasileira, tivemos presente,
acima dos pontos de vista regionais, as coordenadas que enquadram todo o vasto
panorama dos anseios e das necessidades do Brasil, e esperamos que idênticos
movimentos se processem em todos os demais Estados.
Em verdade, Minas não seria fiel a
si mesma se abandonasse sua instintiva inclinação para sentir e realizar os
interesses fundamentais de toda a Nação.
Concluindo, reiteramos a nossa
solidariedade com os compromissos do Brasil, a cuja política de guerra - tal
como todos os brasileiros dignos deste nome - temos prestado e continuaremos a
prestar o nosso inteiro apoio.
Exatamente por sermos fiéis a esses
compromissos, entendemos que nos cumpre cogitar, desde já, com patriotismo e
prudência, da organização política do país no após-guerra, tendo em vista
principalmente as indicações da Carta do Atlântico. O povo a que alude este
famoso documento que orienta a comunidade das Nações Unidas, só pode ser o
que se manifesta pelo voto espontâneo e livre, pois, de outra sorte, absurdo e
iníquo seria que se destruísse, com tão surpreendente dispêndio de sangue e
de riqueza, o sistema político que Hitler e Mussolini e seus inúmeros cúmplices
sempre proclamaram como aplaudido e consagrado pelos povos da Itália e da
Alemanha, para mantê-lo sob especiosos disfarces depois da vitória.
Em suma: anunciando que a Nação
será convocada para a sua estruturação política, parece-nos - tal como já
foi dito em Londres - que, se os povos aguardarem a vitória a fim de escolherem
os seus rumos, terão para isso perdido uma das supremas oportunidades da História.
Eis por que, no momento em que
devemos, unidos e coesos, sem medir sacrifícios e sem quebra ou interrupção
da solidariedade já manifestada, dar tudo pela vitória do Brasil, entendemos
que é também contribuir para o esforço de guerra conclamar, como conclamamos,
os mineiros a que se unam acima de ressentimentos, interesses e comodidades, sob
os ideais vitoriosos a 15 de novembro de 1889 e reafirmados solenemente em
outubro de 1930, a fim de que, pela federação e pela democracia, possam todos
os brasileiros viver em liberdade uma vida digna, respeitados e estimados pelos
povos irmãos da América e de todo o mundo.
Belo Horizonte, 24 de outubro de
1943.
Adauto Lúcio Cardoso
- Adolfo Bergamini - Achilles Maia - Afonso Arinos de Melo Franco -
Afonso Pena Jr. - Alaor Prata - Alberto Deodato - Alfredo Carneiro - Viriato Catão
- Alfredo Martins de Lima Castelo Branco - Aloísio Ferreira de Sales - Álvaro
Mendes Pimentel - André de Faria Pereira - Antônio Carlos Vieira Cristo - Antônio
Neder - Artur Bernardes - Artur Bernardes Filho - Artur Soares de
Moura - Astolfo Resende - Augusto Couto - Augusto de Lima Jr. - Belmiro Medeiros
da Silva - Bilac Pinto - Bueno Brandão - Caio Mário da Silva Pereira - Caio
Nelson de Sena - Cândido Naves - Carlos Campos - Carlos Horta
Pereira - Carmelindo Pinto Coelho - Dalmo Pinheiro Chagas - Daniel de
Carvalho - Dario de Almeida Magalhães - Darci Bessoni de Oliveira
Andrade - Edgar de Oliveira Lima - Edmundo Meneses Dantas - F. Mendes Pimentel -
Fausto Alvim - Feliciano de Oliveira Pena - Flávio Barbosa Melo Santos -
Francisco de Assis Magalhães Gomes - Galba Moss Veloso - Geraldo Resende -
Gilberto Alves da Silva Dolabela - Gudesteu Pires - Heitor Lima - J. Sandoval
Babo - João do Amaral Castro - João Edmundo Caldeira Brant - João Franzen de
Lima - João Romero - Joaquim de Sales - Jonas Barcelos Correia - José de
Magalhães Pinto - José Maria Lopes Cansado - José Maria Leão - José do
Vale Ferreira - Lincoln Prates - Luís Camilo de Oliveira Neto - Mário Brant -
Maurício Limpo de Abreu - Milton Campos - Múcio Continentino - Nelson
de Sena - Otávio Murgel de Resende - Odilon Braga - Ovídio
de Andrade - Paulo Pinheiro Chagas - Pedro Aleixo - Pedro Batista Martins
- Pedro da Silva Nava - Raul de Faria - Ronan
Rodrigues Borges - Salomão de Vasconcelos - Sílvio Marinho - Tristão
da Cunha - Virgílio A. de Melo Franco.
Nota: Na impossibilidade de submeter este manifesto até 24 do corrente, à assinatura de outros coestaduanos que de certo o teriam firmado, os seus signatários a ele juntarão, oportunamente, os nomes daqueles que lhe queiram dar a sua aprovação.