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Autora:
Linda
de Melo Crema – Publicado na revista “Destaque In” – Sacramento - RJ
Nasceu no dia 13 de
janeiro de 1863 na Fazenda Perdizes, município de Araxá.
De sua infância e mocidade tem-se pouca informação; sabe-se porém que não
freqüentou escolas, tendo sido alfabetizado pela própria mãe, Rita Maria de
Jesus. Seu pai, Antonio Affonso da Silva era agricultor e criador em Perdizes,
e manteve os filhos ocupados nos trabalhos da fazenda até o casamento.
Em 1844 casa-se com sua prima Luiza Maria de Jesus, cuja mãe Dona Severiana,
era irmã de sua mãe Rita.
No ano de 1891, já com três filhas Diolinda, Leolina e Laudelina
muda-se para Sacramento, e aqui vive até seu falecimento ocorrido em novembro
de 1941.
Durante sua vida demonstrou ser um homem valoroso, corajoso, autoritário e
acima de tudo, muito inteligente.
Hoje, revendo sua história de vida, percebo que foi destes raros homens que
vivem à frente de sua época, que são audazes, temerários e inovadores.
Tornou-se desde cedo uma figura pública, fazendo parte de todos os movimentos e
acontecimentos da cidade.
O primeiro registro que tenho dele data de 29 de julho de 1893, quando foi eleita
a Câmara Municipal, tendo como Agente Executivo Clemente Gonçalves Araújo, e
gerais: Antônio Augusto Vieira Lima (Major Lima), Cel. José Affonso de Almeida,
Manoel Fidélis Santos, Hermórgenes Ferreira da Cunha, José Ferreira da Cunha,
José Ferreira Barbosa, Fugêncio Augusto de Barros Ribeiro.
O segundo registro é de 1902, quando foi um dos “paraninfos” do “altar-mor de
mármore” que, já construído por esforços do pároco (Pe. Pedro Ludovico Santa
Cruz) e dos paroquianos, foi benzido solenemente por sua Excelência
Reverendíssima Sr. Dr. Dom Duarte Silva, os paraninfos foram, além do Cel. José
Affonso, Da. Anna Borges, Da. Wenefreda Dermecilia (Irmã de Euripedes
Barsanulfo), Cel. José Saturnino Julio da Silva e Da. Tereza Oliveira de Jesus.
No ano de 1905 a 1921 é eleito como “um dos mais notáveis, senão o mais notável
agente executivo que Sacramento já teve”. Participando de cinco gestões, o
Coronel levou a cidade a dar um grande passo em todos os sentidos da vida
humana, seja social, educacional, na saúde, na vida econômica e jurídica da
cidade.
Eleito em 1905 com 42 anos, foi reeleito em 1907-1912-1915-1918 e 1921 (58
anos).
Durante sua ação política e administrativa, executou no município:
.-Restauração da Comarca de Sacramento em 12-10-1918;
.-Construção do Grupo Escolar Afonso Pena Júnior;
.-Criação da Empresa Elétrica de Força e Luz do Município;
.-Instalação dos bondes para a Estação do Cipó;
.-Construção da Usina Cajuru;
.-Criação da Empresa de Auto-Viação em 1921;
.-Execução de saneamento básico;
.-Construção do Cemitério Municipal 1906;
.-Construção da cadeia pública e matadouro;
.-Implantação de telefones em todo o município, com ligação entre sacramento e
Araxá, Conquista e Nova Ponte, inclusive na sua empresa Auto-Viação: o telefone
era um conforto a mais para os passageiros.
Além de chefe administrativo municipal, foi Deputado no Congresso Mineiro em
1915.
Em 1921, quando deixou a política, tinha havido um aumento extraordinário das
rendas do município sem praticamente aumentar os impostos.
Homem inteligente e atento ao que acontecia ao seu redor, gostava muito de
viajar para São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, estando sempre a par
das novidades que aconteciam.
Como chefe de família foi pai de numerosa prole:
1- Diolinda - (Alfredo Affonso de Almeida)
2- Leolina - (Candido Martins Borges)
3- Laudelina - (Antonio Augusto da Silva Netto)
4- Claudemira - (Carlos Fernandes de Almeida)
5- Zulmira - (José Rodriges Borges)
6- Calixtrato - (Maria Camargo)
7- Eleosina - (Dr. José da Cunha Oliveira)
8- Rita (Lauro Borges)
Homem generoso, prestativo e educado, era tratado pela a maioria das pessoas
como “papai Zéca”.
Em meados de 1941, estava hospedado no “Hotel do Ouvidor” no Rio de Janeiro,
acompanhado de sua neta Sara, quando sofre uma queda no banheiro. Sente muita
dor no quadril e logo pega um avião e desce em Uberaba. De lá vai para
Conquista consultar-se com seu médico Dr. Rodolfo Furiati que o medica e o
aconselha a passar uma temporada na fazenda para “mudar de ares”. Meses depois
seu estado piora e ele falece no dia 06 de novembro.
Meu avô Ferrúcio conta que foi impressionante o número de pessoas no seu
velório, vindos de todos os lugares, das fazendas, das cidades
vizinhas... Recebem inúmeras homenagens do povo, da Câmara, do Prefeito, das
lideranças políticas, dos religiosos.
Há momentos em que fico olhando seu retrato longamente... e meu coração se
enche de orgulho e admiração, sentimentos preciosos que guardo com carinho, pois
que foram despertados por um trisavô que nem conheci.
Percebo então, com clareza como são poderosos os laços de sangue, como nossos
antepassados permeiam nossas vidas e como os exemplos passados de geração em
geração podem servir para nos direcionar em determinados momentos de nossas
vidas.
Apesar de não tê-lo conhecido, sou-lhe grata pelo muito que me deixou....