Tudo começou no dia 15 de novembro de 1908, na Federação Espirita de Niterói, presidida na época por José de Souza, com a incorporação do Caboclo das Sete Encruzilhadas em seu médium Zélio F. de Moraes. Ficava claro o desinteresse dos componentes daquela mesa pelas palavras e trabalhos que pudessem vir daquela gama de espíritos, de roupagem diferente da habitual, representados pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Diante da não-aceitação, o Caboclo, antes de retirar-se do ambiente, declarou que estaria presente, no dia seguinte, em outro local, para dar início a um culto no qual os espíritos dos velhos africanos, que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de ação nos remanescentes das seitas negras, e os índios nativos de nossa terra poderiam trabalhar em benefícios de seus irmãos encarnados. Qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria como mestre supremo, Jesus e como base o Seu evangelho.
Então, às 20:00h do dia 16 de novembro de 1908, manifestou-se na casa de Zélio, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que declarou o início do novo culto.
A casa de trabalhos espirituais, que no momento era fundada, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade. Assim como Maria acolheu seu filho nos braços, também seriam acolhidos naquela casa todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto.
Ditada as bases do culto, após responder em latim e em alemão, às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou à parte prática dos trabalhos. Antes do término da sessão, manifestou-se um Preto Velho, Pai Antônio, que vinha completar as curas. Nos dias seguintes, verdadeira romaria se formava em frente à casa de Zélio. Enfermos, cegos, paralíticos vinham em busca de cura, e ali se encontravam, em nome de Jesus. Médiuns (cujas manifestações haviam sido consideradas como loucuras) deixaram sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais.
Nascia a Umbanda!
Com o passar dos anos, aconteceu o que já era de se esperar, a mistura de conceitos e preceitos da Umbanda com outras religiões. Cada novo Centro que se fundava trazia um colorido diferente à Umbanda, de acordo com a bagagem dos participantes daquele grupo.
Assim construiu-se um pouco do que se vê nos dias de hoje: Centros de Umbanda que utilizam cristais, outros que, tendo incorporado preceitos do Candomblé, realizam rituais característicos dessa religião, outros ainda que usam, ou não, roupas características. Enfim, chegamos a essa diversidade dos dias de hoje.
Mas onde estará a verdadeira Umbanda?
Como participantes ativos desse movimento constante de modificação, expomos nossa opinião: a verdadeira Umbanda, para nós, está em todo lugar onde se trabalha em nome da caridade, acolhendo os necessitados do corpo e do espírito e procurando aliviar as dores e sofrimentos, dentro dos ensinamentos do Mestre Jesus.
Fazendo as apresentações...
Inicialmente, seja benvindo a mais esse espaço de divulgação das tradições e cultura afro-brasileira!
Nasci no Rio de Janeiro e desde sempre estive envolvida com a Umbanda. Recentemente, iniciei um contato mais aprofundado com o Candomblé, mais especificamente com o Omolocô.
Procuro aprender a cada instante com objetivo de dignificar nossa religião. Por isso, todas as visões serão benvindas, desde que expostas de maneita serena e sensata. Afinal, estamos todos aprendendo...
Não busco transmitir fundamentos e preceitos de nossa religião, acredito que cabe à individualidade a consciência da melhor forma de preservação do nosso culto. Contudo, creio que só atravéz do esclarecimento poderemos desmistificar os religiões afro-brasileiras.
Mais uma vez, seja muito benvindo e sinta-se à vontade para navegar!!!
Rita
Volta para a página principal