VÍTIMA DO DUALISMO

		Ser miserável entre os miseráveis 
		- Carrego em minhas células sombrias
		Antagonismos irreconciliáveis
		E as mais opostas idiossincrasias !

		Muito mais cedo do que o imagináveis
		Eis-vos, minha alma, enfim, dada às bravias
		Cóleras dos dualismos implacáveis
		E à gula negra das antinomias !

		Psiquê biforme, o Céu e o Inferno absorvo...
		Criação a um tempo escura e cor-de-rosa,
		Feita dos mais variáveis elementos,

		Ceva-se em minha carne, como um corvo,
		A simultaneidade ultramonstruosa
		De todos os contrastes famulentos !

				Augusto dos Anjos		

	
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