A OBSESSÃO DO SANGUE

	Acordou, vendo sangue... Horrível ! O osso
	Frontal em fogo... Ia talvez morrer,
	Disse. Olhou-se no espelho. Era tão moço,
	Ah! Certamente não podia ser !

	Levantou-se. E, eis que viu, antes do almoço
	Na mão dos açougueiros, a escorrer
	Fita rubra e sangue muito grosso
	A carne que ele havia de comer !

	No inferno da visão alucinada
	Viu montanhas de sangue enchendo a estrada,
	Viu vísceras vermelhas pelo chão...
		
	E amou, com um berro bárbaro de gozo,
	O monocromatismo monstruoso
	Daquela universal vermelhidão !
	
			Augusto dos Anjos

	
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