|
Confronto
Bateu Amor à porta da Loucura. "Deixa-me entrar - pediu - sou teu irmão. Só tu me limparás da lama escura a que me conduziu minha paixão."
A Loucura desdenha recebê-lo, sabendo quanto Amor vive de engano, mas estarrece de surpresa ao vê-lo, de humano que era, assim tão inumano.
E exclama: "Entra correndo, o pouso é teu. Mais que ninguém mereces habitar minha casa infernal, feita de breu,
enquanto me retiro, sem destino, pois não sei de mais triste desatino que este mal sem perdão, o mal de amar."
(Carlos Drummond de Andrade)
|