O ENTERRADO VIVO

		É sempre no passado aquele orgasmo,
		é sempre no presente aquele duplo,
		é sempre no futuro aquele pânico.

		É sempre no meu peito aquela garra.
		É sempre no meu tédio aquele aceno.
		É sempre no meu sono aquela guerra.

		É sempre no meu trato o amplo distrato.
		Sempre na minha firma a antiga fúria.
		Sempre no mesmo engano outro retrato.

		É sempre nos meus pulos o limite.
		É sempre nos meus lábios a estampilha.
		É sempre no meu não aquele trauma.

		Sempre no meu amor a noite rompe.
		Sempre dentro de mim meu inimigo.
		E sempre no meu sempre a mesma ausência.

	  				  Carlos Drummond de Andrade

Envie esta página para alguém especial. Após enviar, retorne usando o botão "back" do seu navegador.

De  Email:
Para: Email:
Retorne a página principal