Para onde é que vão os versos que às vezes passam por mim como pássaros libertos ? Deixo-os passar sem captura, vejo-os seguirem pelo ar - um outro ar, de outros jardins... Aonde irão ? A quem criaturas se destinam, que os alcançam para os possuir e amestrar ? De onde vêm ? Quem os projeta como translúcidas setas ? E eu, por que os deixo passar, como alheias esperanças ? Cecília Meireles
Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, alçam vôo como de um alçapão. eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... Mario Quintana