Seu objetivo durante a jogatina consiste basicamente em encontrar pistas para achar Mary. James parece não acreditar que a esposa morreu, e durante muitos momentos, a história te leva a crer que você poderia estar delirando, que há alguma coisa errada com aquilo tudo. Afinal de contas, que lugar é esse, cheio de monstros, fantasmas e poucas pessoas vivas, que parecem ter algum distúrbio mental?
Se você está esperando uma história certinha, com princípio, meio e fim, então Silent Hill 2 não é para você. O jogo, basicamente, é uma história de amor inspirada no estilo do diretor David Lynch de fazer cinema, tendo referências claras de filmes como Twin Peaks, A Estrada Perdida e Mulholland Drive. O clima mórbido, acontecimentos sem pé nem cabeça, analogias sutis com a vida real, personagens saturados de emoções, sexualidade implícita, visual desconcertante e associações livres são características fortes presentes no jogo da Konami.
E é isso o mais legal em Silent Hill 2. Assim como nos filmes de Lynch, ele é um jogo em que cada um pode criar sua própria interpretação dos detalhes, fatos e história. Não existe o certo e nem o errado, só o duvidoso.
Esse
contexto deveras esquizofrênico serve como combustível para atormentar ainda
mais sua cabeça em uma espécie de terror psicológico, muito sutil. Quando você
desliga o Playstation 2, terás a sensação de que algumas daquelas cenas encontradas
no jogo poderiam acontecer com você, um mero mortal. E é aí que reside o fator
"medo" de Silent Hill 2, na crença da improbabilidade dos acontecimentos
supra-normais.