Esta é a nossa estrada.
Na área de Chernobyl, as pessoas que vivem e trabalham numa parte não fazem qualquer ideia do que se passa noutras. Os guias em Pripyat não sabem o que acontece na Bielorússia, os funcionários na Bielorússia não imaginam em que pé estão as coisas na parte Russa de Chernobyl e por aí fora. Assim Chernobyl apresenta-se como uma caverna escura e inexplorada. Os visitantes desta caverna andam a visitar apenas uma gruta e é-lhes feito acreditar que viram toda a Chernobyl. Entretanto há centenas e centenas de vilas e aldeias mortas num raio de 250 kms (155 milhas) à volta do reactor
Diz "Contaminado" o letreiro deve lá estar desde 1986.
Porque é que as pessoas não conseguem ver o quadro todo? O problema é que a radiação caiu desigualmente como num tabuleiro de xadrez e a real zona morta está dividida entre diferentes zonas mortas, fechadas por postos de controlo, em três diferentes países - Ucrânia, Bielorússia e Rússia
Quem quiser receber permissão individual para ficar muitos dias numa zona tem que ser um escriba pago pela indústria nuclear ou algum homem-sim, algum amigo de políticos. Do ponto de vista da criatividade tem de ser completamente inútil porque apenas o estéril eunuco tem acesso às esposas do sultão e as instalações nucleares sempre foram as favoritas do sultão...
Chernobyl foi fechada a investigadores sérios desde o mais inicial princípio porque ninguém quer realmente ver a luz nesta caverna. Porque é que ninguém quer ver a luz? Imaginem só o que vai por esses ermos, alguns roubam metais e madeiras radioactivos, outros constroem um arco de biliões de dólares que não devia custar mais que duzentos milhões. Outros fazem milhões de dólares a enterrar materiais radioactivos de todas as partes do mundo.... quem gostaria de ver a luz num tal lugar? E em cima de tudo isso Chernobyl é um cemitério das vítimas da indústria nuclear. É isto que mantém as bocas cerradas
Se se perguntam como viajaremos. Deixem-me já dizer que conhecemos as estradas.
Nesta primavera temos uma equipa internacional de pessoas simpáticas e amigáveis para viajar pela zona morta de Chernobyl.
Este edifício parece um daqueles da zona de guerra. Acho que se tivesse sido fogo de metralhadora as árvores estariam estraçalhadas portanto deve ter sido a chuva no inverno a causar este estrago nos tijolos
Isoladores de modelo antigo, não os via há eras
Esta casa é como fora a de um filme de terror. É díficil esperar que algo de bom saia desta casa...
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O audio do contador Geiger está ligado. Em novos lugares temos de ouvi-lo porque há tantas coisas interessantes para as quais olhar...
Aqui mandamos o contador geiger voar com o drone. Sabendo a taxa à qual o ar absorve a radiação é fácil calcular o nível no solo. Pode-se descobrir os níveis a 5 kms de nós em minutos sem sairmos do lugar. Só gostava que produzissem drones com contadores geiger embutidos para não termos que prendê-los com arame o que afecta as aterragens dos drones e não parece muito alta tecnologia
Se quiserem ver o video desta experiência aqui está ele
O sinal de trânsito diz-nos que estamos num declive escorregadio. A mim parece que toda esta área tem estado num chão escorregadio desde que construíram a central atómica perto
À primeira vista o vidro parece estar partido mas é o telhado que está partido.
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Em algumas casas as janelas ainda estão entaipadas, os donos pensavam voltar após algum tempo
Nos primeiros anos estavam fechadas a cadeado mas o tempo é um ladrão e agora este cadeado guarda-se apenas a si mesmo
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Uma casa bem grande pelos padrões Soviéticos. Alguém importante poderá ter vivido aqui
Como uma daquelas pessoas
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Tentem imaginar os donos desta casa sentados no terraço novo da sua cozinha de verão, a lerem um jornal PRAVDA velho de 7 anos, um jornal não exactamente fresco, mas na União Soviética a frescura de um jornal não era matéria importante. Todos os jornais providenciavam o mesmo tipo de informação qualquer o ano em que fossem publicados. Então no fim de Abril de repente eles tiveram uma notícia real - a de que agora tinham de deixar a sua casa imediatamente e para sempre...
Chamamos-lhe cozinha de verão é uma divisão para cozinhar e comer em tempo de verão
Este foi provavelmente o último jantar nesta casa
Elemento de decoração da árvore de Natal. Com o escrito URSS
Video desta casa
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Isto é para os cartazes do cinema.
Acho que não tem havido grande coisa em exibição neste cinema ultimamente.. não contamos com este reality show que nos mostra como a natureza recupera a terra junto com este cinema
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Em anos anteriores em que viemos à área de Chernobyl vimos muitos animais. Era como um zoo, muitas raposas e javalis e veados. Agora, nestas viagens apenas vimos um esquilo. Nem aves, nem abelhas. Pelo menos na parte por onde andámos não havia vida..., portanto finalmente a zona morta faz jus ao seu nome
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Quando viajo pela área de Chernobyl não consigo livrar-me dum sentimento como se fora testemunha da cena de um crime muito mau. Mais alguém sente isto?
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Ainda há duas pessoas a viver nesta vila que não quiseram as suas fotos publicadas.
Quando vou a alguma vila fantasma de Chernobyl e encontro uma ou duas pessoas ainda a lá viver sinto-me como o médico
legista que vai declarar alguém como morto e ao chegar encontro ainda um pulso fraco. Não posso dizer que esta ou aquela vila está morta se cheira a fumo de pelo menos uma chaminé de entre toda a vila Sempre me perguntei qual seria o fim dessas cidades. Agora podemos ver, são dadas ao exército para testar novas armas Parece que rebentou uma qualquer bomba aqui Isto deve ter sido granada propulsionada por foguete Alguns buracos são realmente grandes. Katherine a blogger cabe facilmente num daqueles buracos Que triste e trágico destino espera aquelas cidades! Com mil anos de idade
estes sítios estão a ser alvejados, esmagados, moídos, revirados, triturados e
ninguém liga nenhuma. Não há nenhum Talibã aqui, nenhuns selvagens do Estado Islâmico., somos apenas nós os novos velhos bárbaros da época da idade média atómica