Piquenique à Beira-Estrada (Primavera 2018)

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Vamos a caminho da área de Chernobyl. Esta foto reportagem é o relato duma viagem de dois dias através da zona morta na primavera de 2018.

Não posso publicar as fotografias dos tipos no meu grupo porque alguns ainda estão na lista negra das autoridades. Persona non grata é um título que a sociedade nos concede por perturbarmos a sua ignorante sonolência. Para nós é uma honra estar na lista negra.

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Do exterior, o nosso carro parece um veículo funerário de meados do século 20. Quando alguém vê este carro nos ermos pensam que ou vamos de visita a familiares no cemitério ou somos um serviço fúnebre. Geralmente deixam-nos passar e não fazem quaisquer perguntas. A morte é algo que as pessoas tendem a ignorar perto de Chernobyl visto que a região é um interminável cortejo funerário a que viraram costas anos atrás.

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No interior, o nosso carro está decorado com flores. Nemo em Latim significa "ninguém".

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Decidimos empregar o primeiro dia a visitar os parques de sucata radioactiva de Chernobyl. O nosso condutor tem uma devoção maníaca por esses lugares.

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Aqui estou eu a perguntar-me onde estará a radiação.

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Neste video estou a dizer aos meus amigos que as rãs-que-brilham-no-escuro de Chernobyl se estão a rir de nós porque chegámos a Chernie com um contador geiger não calibrado. Limitei-me a mandar substituir o tubo e pensei que o serviço calibrasse o meu contador geiger - mas provavelmente esqueceram-se. Com níveis baixos de radiação não se notava mas à medida que os níveis de radiação sobem, o contador geiger ganha uma vida própria, sem qualquer preocupação pela segurança da nossa.

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Esta foto mostra como um contador Geiger pode falhar-vos com níveis elevados de radiação. O meu "Inspector" lê a radiação em Roentgens. Usamos este sistema de medida em Chernobyl, enquanto em Fukushima preferem Sieverts. A leitura no contador Geiger abaixo é de 9.873 microsieverts por hora, o que é 110 vezes mais que o normal, mas um aparelho "Inspector" não calibrado é apenas capaz de ler 0.296 microroentgens por hora que é 29 vezes mais que o normal. A diferença invisível é bastante perigosa para o tecido vivo.

Nunca liguei aos Sieverts mas desde Fukushima todos os videos do Japão mostram-nos leituras neste sistema. Aprendi originalmente a operar com Sieverts ao ler paralelamente de dois contadores ao mesmo tempo. Para mim foi muito útil, como para um alfaiate é ter polegadas e centímetros na mesma fita.

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A ida áqueles tanques custou-nos um par de sapatos.

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Podemos ver quão rápido o Inspector vermelho à direita ganha velocidade de ler radiação de partículas quentes em modo CPM (contagem por minuto).Um nível já 1200 mais que o normal, enquanto o impropriamente calibrado aparelho branco apenas mostra 31 vezes mais que o normal. Podemos ser fritos como frango enquanto o aparelho mais lento não vê o perigo.

Isto lembra-me uma anedota sobre duas gatas que saem numa Noite de Raparigas: Uma gata é completamente cega e a outra só tem um olho. A gata cega sussurra para a amiga, "Quando vires alguns rapazes giros diz, 'EH LÁ!" "Está bem," diz a gata só com um olho, enquanto vai de encontro a um ramo e vaza o olho bom. "EH PÁ!" exclama ela ...e a gata cega faz um grande sorriso e diz, "OLÁ, RAPAZES!"

Acho que é tempo de dizer 'Olá, Rapazes!' também porque o meu amigo "Inspector" branco está completamente cego.

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Muito possivelmente estes são os mesmos veículos do exército nos documentários de 1986. Foram levados ao local do reactor destruído, ficaram cobertos de núcleo do reactor. Algumas das suas partículas ainda estão presas nesses ou dentro desses veículos. Se alguém tem o azar de encontrar mesmo um pedacito de grafite do tamanho de um grão de areia isso fará o contador Geiger sair da escala. A sua ampIitude de operação é de apenas zero a 0.11 Roentgens.

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Com um contador Geiger fora de escala nunca saberão quando estarão a bater às portas do Céu, é melhor fugir ou agarrar um destes contadores Geiger do exército da era Soviética. A sua ampIitude operativa é do zero aos 200 Roentgens. Foi desenvolvido para a guerra atómica.

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Se alguém calha a ver este contador DP-5 fora de escala a próxima coisa que vai ver será o tecto branco duma ala hospitalar.

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O contador Geiger do Exército Soviético é muito barato, confiável e simples. Foi criado há 54 anos para o exército, o que significa que alguém tão parvo como esta manilha de esgoto em cimento consegue operar este aparelho. Funciona bem para informar acerca de níveis perigosos de radiação, mas com este aparelho do exército só se ouvem os tons principais do gamma e do beta, não toda a orquestra. Com os isótopos nucleares é como numa orquestra sinfónica. Os diferentes instrumentos começam a tocar um após outro ou todos juntos. Com alguns contadores Geiger modernos e o conhecimento apropriado é possível distinguir quais os isótopos que estão a entrar na música. Isto é ciência muito interessante. Quanto mais elevada é a radiação mais interessante fica.

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Tempo de selfie.

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Parece que este parque de sucata foi vigiado. Aqui era onde viviam os guardas e suponho que as barras de ferro guardassem os guardas... uma prisão sobre rodas onde umas meras barras não podiam deter os intrusos invisíveis da decomposição radioactiva.

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A prisão sobre rodas do outro lado. A natureza nunca usa duplos sentidos ou faz afirmações subtis, fala sempre uma linguagem clara e firme, dando sinais como este.

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Os sucateiros não estão em nenhum lado que consigamos ver. Deve ser dia de folga hoje.

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Ao removerem as partes facilmente desmontáveis, as anteriores gerações de sucateiros colheram a maioria dos frutos pendurados mais baixo neste jardim envenenado.

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Agora têm de cortar as carroçarias dos carros, ou tirar-lhes os motores, para chegar ao metal valioso.

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Quando menciono as anteriores gerações de sucateiros, quero dizer aqueIes que trabalharam no ramo há um par de anos atrás. A esperança de vida dos recolhedores de sucata de metal é a mais baixa na zona. Geralmente tornam-se "Nemo" depois de um par de anos de trabalho no ramo, mas aqui não penso que durassem tanto tempo.

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O dano da radiação nos nossos corpos é cumulativo, portanto qualquer um que explore Chernobyl e agora Fukushima começa a gastar o irrenovável capital de saúde de que a natureza nos proveu para toda a vida. É prudente começar a gastar este capital pouco a pouco e aumentar o gasto com os anos. Quando era nova nunca viria a lugares como este ferro-velho e nunca traria a minha filha a este lugar, mas ao meu pai agora com 81 anos resta-lhe mais deste capital que anos de vida e portanto ele pode ir a lugares com radiação muito mais elevada. A regra é simples - microroentgens para os jovens, miliroentgens para adultos e roentgens para os mais velhos.

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Nos primeiros dias a seguir à explosão de Chernobyl os meus pais passaram meio dia à espera de autocarro para irem para a dacha (casa de verão). Era difícil apanhar um autocarro em Kiev. As autoridades tinham enviado a maioria dos autocarros para Chernobyl, mas as pessoas não o sabiam. A fuga massiva de radiação era ainda segredo de estado e as pessoas na rua desapercebidamente parafraseavam o lamento de um velho cantor folclórico quando perguntavam umas às outras, 'Para onde foram todos os autocarros?'

Talvez um daqueles autocarros seja o exacto pelo qual os meus pais esperaram nesse dia...

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É tempo de deixar o ferro-velho e ir ver outros lugares. A estrada já está limpa de árvores caídas. Hoje o nosso condutor está no comando, é dele o programa dos lugares a visitar. É autodidacta pelo que quando o espectáculo é dele toda a gente fica tensa e recebe uma porção dupla de adrenalina. O treino nuclear é do tipo em que os nossos primeiros passos podem também ser os nossos últimos, portanto existe a sensação de que o entusiasta nuclear autodidacta é um pouco como um sapador de engenharia amador.

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Eu a tentar adivinhar de quem poderá ser a casa. Está isolada, mas não se parece com casa de guarda florestal que costuma ter cabanas em redor. Nos tempos Soviéticos as autoridades instalavam as pessoas perto umas das outras. Dessa maneira era-lhes mais fácil controlá-las. Todos deitavam um olho a todos os outros. As únicas pessoas que não queriam conviver com os outros eram essas mesmas autoridades. Acho que esta dacha era de alguém importante.

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Aqui está esta casa de outro ângulo.

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Não restam muitas coisas dentro. Na União Soviética as pessoas não tinham montes de coisas nas suas casas. Não era como hoje em dia em que os roupeiros estão cheios. Na URSS irmãos e irmãs frequentemente usavam as roupas uns dos outros. Este sofá era um dos mais valiosos haveres duma família.

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A minha amiga a tirar ideias para renovações na casa dela. Ela queria um interior a condizer com as calças de ganga. A cor seria fácil, mas poderia custar um monte de dinheiro copiar o visual esfarrapado.

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O decorador cobraria um braço e uma perna para pôr umas paredes a parecerem-se com isto. Em Chernobyl a Mãe Natureza, a melhor decoradora, apresenta as suas obras de graça. Chernobyl é como o Louvre, pode-se percorrer para apreciar as obras-primas, mas não se pode lá viver.

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Aqui estão mais obras da Mãe Natureza.

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Ela re-desenhou esta casa à sua bela maneira.

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Geralmente, quando temos apenas locais no nosso carro nas viagens a Chernobyl, não ligamos a pedir permissão para entrar na zona morta. Vamos através dos campos. Não há muito que as autoridades nos possam fazer. Mas quando amigos estrangeiros se juntam a nós, é avisado obter permissão, doutro modo - se formos apanhados - os nossos amigos serão deportados da Ucrânia nas 24 horas seguintes.

Nesta viagem tínhamos um amigo estrangeiro a bordo, portanto para obter permissão, fomos dum posto de controlo para outro (há 6 postos de controlo em 30 quilómetros para chegar à zona morta). Nos postos perguntavam-nos para onde ia o nosso serviço fúnebre e o meu amigo contava-lhes uma história acerca de levar a noiva à campa da mãe dela para se comprometerem. No primeiro posto de controlo mandaram-nos para trás, mas à segunda resultou: a história era tão comovente que se esqueceram de verificar a lista negra e obtivemos permissão oficial para prosseguir.

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Bom sítio para a pesca - se não houvesse uma 'certa incerteza'.

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Era tempo de comer alguma coisa e então viajámos 80 kms pelos ermos para jantarmos com um velho amigo. É o último homem numa vila onde viviam 20.000 em 1986. É ele na foto, a ver-nos grelhar a carne.

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Levávamos alguma carne connosco, mas fazer uma fogueira em Chernobyl é um crime muito grave. Se o fogo se escapa, então milhões de pessoas irão respirar as partículas de fumo radioactivo em suspensão no ar durante semanas. Pensámos que a melhor maneira de grelhar esta carne seria fazê-lo junto de bombeiros, portanto convidámos alguns bombeiros locais para jantar. Quando chegaram e viram que trouxéramos carvão connosco afim de fazer o grelhado, riram-se e explicaram que o carvão vendido nos supermercados de Kiev é produzido ilegalmente em áreas altamente contaminadas de Chernobyl. Assim, o nosso carvão fez uma viagem de Chernobyl até um supermercado em Kiev e a seguir veio de volta a Chernobyl connosco.

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Aqui está o nosso shashlik. Tivémos um belo jantar, e depois de algumas bebidas o nosso grupo mudou-se para o quartel dos bombeiros.

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Não posso publicar muitas fotos do quartel, nem posso publicar fotos dos bombeiros porque estavam de serviço, mas posso publicar uma história que eles nos contaram...

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O quartel tem apenas um velho carro Soviético com dois tipos a lá trabalhar. Quando deflagrou um incêndio nesta vila há uns anos atrás telefonaram ao chefe a contar que havia fogo, mas não tinham combustível, o chefe ordenou-lhes que se deixassem ficar onde estavam para proteger o quartel.

Acho que o fito duma equipa é proteger o quartel, mas qual é a finalidade do quartel?

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Quando voltámos ao nosso amigo, ele tinha um visitante, um clérigo que se estabeleceu nesta vila há alguns meses. Desde então ele tem uma vida bastante pacata numa qualquer igreja abandonada próximo. A chegada do padre é um sinal ominoso. Tudo o que ele pode fazer por esta vila é dizer - pó ao pó, cinzas às cinzas, isótopos aos isótopos, amén..

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Os últimos momentos de uma vila são muito similares às últimas horas dum humano. O padre já lá está, a beber chá com o médico legista na sala ao lado. As pessoas levam coisas. Um cangalheiro anda pela casa com uma fita métrica. Todos à espera.

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Quando levamos um veículo mais velho como o nosso, é melhor que o condutor tenha algumas capacidades mecânicas. Ainda melhor seria um mecânico com capacidades de condução! Este carro pode pegar sem bateria. A maioria das coisas pode ser reparada com fita isoladora e um pedaço de arame. Fugas debaixo do carro é um bom sinal, geralmente quando o velhote não larga nada quer dizer que não sobra mais nada lá dentro. Este velhote fez 40.000 kms nas estradas de Chernobyl, dá problemas mas nunca falha. Às vezes acabávamos neste carro em dois cilindros, às vezes sem luzes mas chegámos sempre a casa. O único problema é encontrar uma garagem em que ainda se lembrem de como operar com uma chave e um martelo. Quando levo este carro a uma garagem eles imploram-me que o mande ao amigo padre, para ele dizer -pó ao pó a este carro. Eu digo-Ihes de maneira nenhuma, gente, este carro anda na estrada há quase 50 anos e andará por mais outros 50.

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Os mecânicos na garagem não entendem que este carro foi construído no tempo em que as coisas eram feitas para durar. Foi nesse tempo que toda a infraestructura, a que estamos a usar hoje, foi construída. Foi o tempo de todas as descobertas científicas maiores e do verdadeiro progresso industrial.

Podem ver buracos de balas num edifício. São dos treinos do exército e forças especiais de polícia.

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Eles acreditam que esses edifícios são só despojos dum passado mau, bárbaro, portanto está bem arruiná-los. Para o fazer são frequentemente usadas armas e munições que foram produzidas à 40-50 anos atrás.

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Alguns invólucros de AK-47. Estes invólucros têm um ano em cima ou pelo menos não são novos.

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Aqui está uma questão: podem as civilizações bárbaras produzir carros, camiões de bombeiros, contadores Geiger e outras coisas que andamos a usar há meio século? O povo Soviético construíu o velho sarcófago sobre o reactor incandescente em alguns meses e levou-nos 30 anos a cobrir o velho sarcófago com o arco de ferro. Assim, talvez sejamos nós os bárbaros destruindo agora os remanescentes duma civilização mais elevada?

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A imagem dos nossos copos de plástico que usámos para beber água lembram-me uma anedota.

Duas raparigas estão a beber café na Zona Morta. São ambas senhoras ambientalmente conscientes e cientificamente mentalizadas. Ao acabar o seu café uma quer livrar-se do copo de plástico, mas não há nenhuns caixotes do lixo por ali.

Então ela interroga a outra senhora - espero que deitar para o chão os nossos copos de plástico não destrua o equilíbrio ecológico desta área. A outra senhora pensa um pouco e responde - levam 30 a 300 anos para este plástico se decompor enquanto a meia-vida dos isótopos nucleares por aqui é de milhares de anos. Podemos deixá-los aqui, e pelo tempo em que pessoas possam voltar a viver outra vez neste sítio amaldiçoado, estes copos de plástico terão desaparecido há muito. São só 300 anos..