Depois da Segunda Guerra, o desenvolvimento da indústria entrou em nova fase. No período anterior de substituição de importações, o crescimento industrial foi liderado pela produção de bens de consumo não duráveis. A partir de 1945, a indústria voltou-se para a produção de bens intermediários e de capital.
Todos os setores aumentaram suas importações entre 1945 e 1947. As indústrias metalúrgica e mecânica foram as que mais importaram. A balança comercial entrou em déficit.
O governo tinha que escolher: desvalorizar a taxa de câmbio ou restringir as importações, mantendo a taxa sobrevalorizada.
Desvalorizar a taxa de câmbio encareceria todas as importações indistintamente, inclusive a de máquinas necessárias à montagem de novas fábricas.
Além disso, reduzir os preços dos produtos brasileiros poderia não resultar em aumento de exportações para os Estados Unidos. Além de a demanda por café e produtos agrícolas ser inelástica ao preço, os capitais norte-americanos eram destinados à reconstrução da Europa.
Como a desvalorização cambial não iria necessariamente contribuir para o aumento das exportações, a alternativa escolhida foi manter a taxa de câmbio sobrevalorizada e restringir as importações. Para não prejudicar as exportações, o governo permitiu que elas fossem negociadas no câmbio paralelo.
A taxa de câmbio permaneceu fixa e valorizada de 1947 a 1953.
As importações foram selecionadas para facilitar a compra de máquinas e insumos utilizados na indústria. A importação de produtos com similar nacional foi dificultada e até mesmo impedida.
A indústria brasileira cresceu, então, sob o protecionismo cambial e sem competição externa.
Entre 1951 e 1952, a indústria cresceu a todo vapor e a capacidade produtiva foi expandida. Isto aumentou a demanda por importações de bens de capital.
O déficit do balanço de pagamentos também aumentou com a queda dos preços dos produtos exportados. Por causa da taxa de câmbio muito valorizada, vários produtos saíram da pauta de exportações. Além disso, houve grande saída de rendimentos. Por isso, o déficit em conta corrente não pode ser compensado com entrada de capitais.
Os importadores eram obrigados a depositar moeda nacional no Banco do Brasil, que desempenhava o papel de Banco Central. Como as exportações reduzidas fizeram entrar poucos dólares, o Banco do Brasil não teve como pagar as compras dos importadores e, assim, acumulou muita moeda nacional e atrasos comerciais no exterior.
Já que havia grande demanda por crédito, o Banco do Brasil emprestou a moeda nacional a juros baixos e isto provocou a expansão do comércio e da indústria.
Em 1953, as dificuldades da balança comercial foram aliviadas, apesar de a taxa de câmbio continuar fixa.
Com a política de liberar a taxa de câmbio para metade dos produtos exportados, as exportações passaram a aumentar.
A Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) foi criada para desempenhar funções de Banco Central. Ela instituiu os leilões de importações: a taxa de câmbio para um produto importado seria mais favorável se o produto fosse importante para a indústria.
Entre 1953 e 1954, o governo Vargas aumentou os gastos em infra-estrutura e os financiou com expansão da base monetária.
Com ajuda de capital estrangeiro, o governo criou financiamento interno para os investimentos em infra-estrutura que se tornaram urgentes depois do crescimento da indústria ocorrido entre 1951 e 1955.
Graças à facilidade de importar bens de capital, a indústria brasileira cresceu bastante, aumentou sua capacidade produtiva e modernizou-se entre 1947 e 1955. Ao final do período, a indústria de bens intermediários estava praticamente implantada.
Depois de 1953 e 1954, a industrialização transformou-se em programa de governo.