No final de 1973, o preço do barril de petróleo foi aumentado excessivamente pelo cartel formado pelos países exportadores. Grande parte das economias mundiais entrou em recessão a partir de 1974. A curva de oferta agregada mundial deslocou-se para cima para a esquerda. Como consequência, o comércio internacional se contraiu e os preços das exportações brasileiras despencaram.
O ritmo de expansão da economia brasileira diminuiu. Porém, ao contrário da tendência de recessão mundial, a economia ainda crescia "em marcha forçada".
O aumento do preço do petróleo e, em seguida, a elevação dos juros internacionais e dos preços de outras matérias-primas, aumentaram o déficit do balanço de pagamentos.
Por causa da contração do comércio internacional, o valor das importações subiu e o valor das exportações caiu.
Durante o ano de 1974, a política monetária foi contracionista e os gastos do governo foram reduzidos.
No final do ano, com a desaceleração do crescimento, aumento da inflação e déficit do balanço de pagamentos, a política econômica optou pela manutenção do crescimento com endividamento externo.
Esse caminho foi viável por causa da grande liquidez internacional provocada pelo fato de os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) terem acumulado dólares por causa de seus superávits do balanço de pagamentos.
Optando pelo endividamento em petrodólares, a economia brasileira continuou importando petróleo e matérias-primas para manter o crescimento, sem repassar os aumentos de preço destas importações aos preços domésticos.
Com a implantação do Segundo PND a partir de 1975, o governo aumentou seus gastos, construindo grandes rodovias e usinas hidrelétricas e nucleares.
O principal objetivo do Segundo PND era alterar a estrutura produtiva da economia visando reduzir a dependência de energia e outros insumos básicos.
Para a exploração doméstica de petróleo, foram estimulados contratos de risco com empresas privadas. Além disso, incentivou-se a produção de álcool.
Para reduzir as necessidades de importação de bens intermediários, o governo investiu em petroquímica e metalurgia. Como estas indústrias utilizavam muita energia, acabaram provocando aumento das importações de petróleo.
Embora a intenção do Segundo PND fosse fortalecer a iniciativa privada doméstica, mais uma vez o governo se encarregou dos investimentos pesados.
Entre 1974 e 1976, investimentos privados foram financiados basicamente com crédito subsidiado pelo governo.
Houve grande crescimento das empresas estatais, que passaram a liderar a industrialização. Foram feitos grandes investimentos pela Eletrobrás, Siderbrás, Petrobrás, Embratel e outras.
Este foi o período de maior interferência do governo na economia, tanto por meio de investimentos diretos como pela concessão de subsídios ao setor privado.
O Segundo PND foi abandonado posteriormente. Entretanto, os grandes investimentos continuaram em andamento.
Até o final dos anos setenta, a política econômica hesitou entre estabilização e crescimento. Na prática, a política se voltou para a obtenção de divisas via exportações, para pagar os juros e o principal da dívida externa.
O crescimento da dívida interna do governo também passou a ser um problema.
Até 1975, o Banco Central havia emitido títulos da dívida do governo apenas para esterilizar o grande volume de empréstimos externos que entraram na economia, evitando assim o aumento da base monetária.
A partir de 1976, a dívida externa começou a crescer sem que estivesse necessariamente financiando o crescimento econômico. Cerca de um terço das divisas tiveram que se destinar ao pagamento de juros e principal da dívida externa acumulada.
Para esterilizar as divisas que entravam no Banco Central para pagamento de juros, este era forçado a colocar mais títulos da dívida pública. Através deste mecanismo, a dívida externa se relacionou com a dívida interna durante toda a década dos anos setenta.
A partir de meados dos anos setenta, a dívida interna do governo aumentou ainda mais por causa da estatização da dívida externa.
A venda da dívida interna fez com que a taxa de juros doméstica ficasse mais alta do que as principais taxas de juros internacionais, estimulando a tomada de empréstimo externo por parte das empresas estatais.
A transferência das obrigações externas das empresas para o Banco Central era feita por meio dos Depósitos Registrados em Moeda Estrangeira (DRME). Os DRME eram pagamentos antecipados feitos pelas empresas em moeda nacional, sem que o Banco Central fizesse, de imediato, as transferências de divisas para os credores da dívida. Através dos DRME, as empresas devedoras puderam antecipar o pagamento de suas dívidas, ainda a vencer, à taxa de câmbio e à taxa de juros internacional vigentes no momento do seu depósito no Banco Central.
A partir de 1976, houve grande crescimento dos DRME: as empresas liquidaram sua dívida externa e transferiram todas as responsabilidades e riscos cambiais para o Banco Central. Desta forma, a dívida externa passou a ser dívida pública interna.
Entre 1977 e 1979, o governo adotou políticas monetárias contracionistas para combater a inflação. Por causa disso, os juros permaneceram altos.
O governo também estimulou as exportações e desestimulou as importações visando reduzir o déficit do balanço de pagamentos.
A partir de agosto de 1979, o governo aumentou o crédito, já que diagnosticava que a inflação era causada por custos.
Por outro lado, fez uma política monetária expansionista e reajustou tarifas públicas.
No final 1979, o preço do barril de petróleo aumentou novamente. As principais taxas de juros internacionais também se elevaram. Isto aumentou o valor das importações e os juros da dívida externa.
O governo foi obrigado a retirar os subsídios aos exportadores para reduzir seu gasto. Para compensar o déficit da balança comercial, a taxa de câmbio foi fortemente desvalorizada em dezembro de 1979.
Por causa da desvalorização cambial, as importações de petróleo ficaram mais caras, contribuindo para o aumento da inflação.
A partir do segundo semestre de 1980, o governo passou a controlar a oferta de moeda visando reduzir a demanda agregada. Apesar disto, o PIB ainda cresceu em 1981, por causa da política monetária expansionista do primeiro semestre de 1980.