O caçador que perseguiu e capturou um coelho ao final de duas horas de trabalho, se for trocá-lo, irá querer um peixe que também demorou duas horas para ser pescado.
A teoria do valor-trabalho estabelece que todos os bens que valem, e por isso são trocados, incorporam trabalho. Apenas o trabalho constitui a riqueza.
Alguém resolve lavar pratos em um restaurante e combina com o proprietário que durante oito horas lavará quinhentos pratos em troca de $10. Tanto para o trabalhador como para o dono do restaurante, o pagamento de $10 compensa o esforço de oito horas de trabalho.
Se o dono do restaurante comprar uma lavalouça eletrônica, o empregado será capaz de lavar os quinhentos pratos em apenas seis horas.
O trabalhador irá agora trabalhar apenas seis horas ou receber mais pelos pratos lavados nas duas horas excedentes? Possivelmente nenhuma das duas situações: nem o trabalhador deixará o local de trabalho nem o patrão irá pagar mais.
O número de pratos lavados na sétima e oitava horas mede a mais-valia: o valor a mais de trabalho não pago ao trabalhador que é apropriado indevidamente pelo empregador.
Este é um exemplo de mais-valia relativa. A mais-valia absoluta ocorreria se o dono do restaurante fosse capaz de obrigar o empregado a fazer hora extra sem remunerá-lo.
O economista moderno argumentaria que o capital (no exemplo, a lavalouça) também aumenta a produtividade. Marx, porém, achava que apenas o trabalho gera valor.
O valor dependeria apenas da utilidade subjetiva proporcionada pelo bem a determinada pessoa. Esta é a teoria do valor-utilidade.
A teoria da escassez também pode ser interpretada como utilidade marginal. Alguém desfruta de certa satisfação ao tomar um sorvete. Talvez ainda aumente a sua utilidade ao tomar um segundo sorvete. É possível que um terceiro sorvete a sacie e um quarto lhe cause mal-estar. A pessoa pode até ficar doente se tomar cinco sorvetes.
Mais e mais unidades de sorvete não trazem uma satisfação sempre crescente. A pessoa racional vai pensar "na margem", ou seja, em cada unidade de sorvete a mais. Há um limite máximo em determinada quantidade e a sua satisfação vai depender dessa quantidade ótima.
A utilidade inicialmente aumenta, atinge um máximo e depois declina. É a lei da utilidade marginal decrescente: a utilidade marginal do bem diminui com o aumento do seu consumo.