Este trabalho consiste em uma análise histórica
da formação da chamada Pós-modernidade - e de seu
lado místico - dentro da visão de um processo revolucionário.
Muitos autores, mesmo os mundialmente conhecidos, apenas analisam a Pós-modernidade
como se esta fosse incausada, ou melhor, sem pesquisar sua origem histórica.
Demonstraremos que a causa essencial da mística Pós-moderna
reside em uma mudança paradigmática, de fundo metafísico,
ocorrida no final da Idade Média e início da Renascença.
Para demonstração de nossas teses, usaremos o seguinte procedimento:
as teses serão enunciadas e fundamentadas sobre textos, cuja autoridade
histórica ou filosófica está pressuposta.
Para compreender a Pós-modernidade, este trabalho realizará
uma análise coerente dos antecedentes históricos aos quais
ela se submete como fruto e conseqüência. Não pode haver
transformação como essas sem que exista uma preparação
remota - lenta é verdade - mas profunda e consistente
A hipótese formulada é que houve uma mudança,
tanto no nível filosófico como artístico - ou mesmo
comportamental - causada por uma nova concepção de mundo,
metafisicamente oposta à medieval.
Progressivamente o teocentrismo foi sendo substituído
por uma visão antropocêntrica de mundo. Esta, dará
início a um processo revolucionário que historicamente buscará
derrubar toda autoridade e todas as normas.
Começando por negar a "União Objetiva" e
culminando com a própria destruição do "Princípio
da Contradição" , a Revolução aproxima-se de
seu termo, que é essencialmente Panteísta e gnóstico
Como efeito da radicalização do antropocentrismo,
que cresce historicamente em intensidade, temos o surgimento do movimento
auto-intitulado "New Age" (Nova Era), que concede à Pós-modernidade
todo o seu lado místico e gnóstico. Este movimento entende
a "criação" não como obra de um criador transcendente
- e portanto, superior - mas como obra de uma divindade imanente e igualmente
espalhada por todos os homens, ou até mesmo, entre todas as coisas.
É toda desigualdade moralmente injusta? O único
bem é a igualdade suprema dentro de uma República Universal?
Existe uma verdade ontologicamente determinada? Qual a relação
que se pode estabelecer entre os movimentos ecologistas e a realidade virtual?
Essas perguntas resumem a polêmica paradigmática entre teocentrismo
e antropocentrismo, bem como toda a conseqüência axiológica
que estes conceitos geram para a concepção de verdade, transcendente
ou imanente.
Desta forma, busca-se demonstrar a vinculação
da hierarquia com o teocentrismo e, em contraposição, do
igualitarismo com o antropocentrismo.
Para não exceder os limites propostos para este trabalho,
diversos e relevantes temas foram suprimidos. Também reafirmamos
que não é nosso objetivo esgotar a discussão referente
à Pós-modernidade. O presente estudo objetiva unicamente
acrescentar uma hipótese coerente, lógica e historicamente
demonstrável para a interpretação da realidade Pós-moderna,
mística em sua origem e conteúdo.
Por outro lado, não nos será possível,
visto a amplitude do tema, trazer uma demonstração irrefutável
para cada uma das proposições aqui realizadas. Cingimo-nos
tão somente a desenvolver o mínimo de argumentação
necessário para pôr em evidência o nexo existente entra
as várias teses, e a visão de conjunto que delas sobressai.
Para demonstrar a justificação transcendente das
desigualdades, este trabalho transcreverá trechos de Santo Tomás
de Aquino, retirados da Suma Teológica. Também transcreveremos
trechos da doutrina Católica sobre o fundamento da desigualdade,
bem como os seus limites naturais.
A doutrina tradicional da Igreja foi escolhida como referencial
medieval, por a considerarmos "tautologicamente" teocêntrica, defendendo
a transcendência da criação e a hierarquia social,
em oposição a todo imanentismo igualitário e revolucionário
da Pós-modernidade.