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Conclusão
  Estamos  no final do século XX. Um século conturbado de guerras, doenças , pestes, violência urbana, drogas etc; em um mundo que imaginava alcançar a felicidade por meio das descobertas científicas...
  Durante as primeiras décadas deste século, mais ou menos, tudo parecia rumar para a erradicação das doenças, para o ideal do "American Way of Life", para um mundo cada vez melhor de Hollywood.... Era o anúncio, por antecipação, do triunfo da técnica e da ciência. Apesar do perigo comunista, tudo parecia caminhar para uma grande festa ecumênica de confraternização. Uma festa que se realizaria em um foro internacional, onde todos os povos do mundo estariam juntos e se "abraçariam" para a busca de uma Paz mundial duradoura, em um progresso contínuo, sem desigualdades ou distinções de qualquer natureza. Durante todo o nosso século, seja através da Liga das Nações ou da ONU, seja através de instituições privadas ou públicas, civis ou religiosas, a mentalidade mundial parecia caminhar nessa direção.
  Não entraremos na discussão de como esses valores, expressados naquela época - e ainda hoje -, carregam um forte conteúdo antropocêntrico. Analisaremos apenas a realidade atual, as perspectivas de um mundo que ora caminha mais em direção ao teocentrismo , e ora ruma para a Pós-modernidade.
  Percebe-se, mesmo para os menos atentos, que algo muito grande se anuncia na aurora do terceiro milênio. Assim como se verifica, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, a volta de certos valores tradicionais, também se verifica um agravamento da crise mundial, tanto na esfera econômica e política, como - e sobretudo - na esfera moral e religiosa.
  Ao mesmo tempo em que se percebe, por parte da sociedade, uma certa retomada moral, ocorre, por parte do Parlamento Europeu, a aprovação do casamento entre homossexuais.
  Em ambos os casos, explicita-se uma luta não apenas moral, mas uma batalha entre duas cosmologias, uma teocêntrica e outra antropocêntrica.
  A concepção moral surgida com o Renascimento é a de que a desigualdade - e por conseqüência, a autoridade - é eminentemente injusta. Essa concepção não aceita freios morais ("autoridade" da inteligência sobre a sensibilidade) ou hierarquia social (autoridade de uns homens sobre outros).
  A desigualdade, que para o medieval era natural, já não mais deve existir. A realidade objetiva do mundo começa a desaparecer em um relativismo crescente, onde o homem se coloca como referencial último. Não é mais necessário ao homen nascido do "Renascimento" se submeter a uma ordem superior e transcendente, ele é "livre" e "igual".
  Toda a hierarquia na Idade Média estava vinculada a uma visão teológica da criação. Já na Renascença, essa visão hierárquica foi gradativamente perdendo essa característica  - ou fundamento - transcendente para se tornar apenas uma "exploração" de uns sobre outros. Como todos são iguais, a superioridade é uma usurpação ou, segundo o marxismo, uma exploração de uns sobre outros.
  Toda a diversidade, quer entre países, regiões, famílias ou pessoas, oriunda dessa visão anti-igualitária, tende a desaparecer no nivelamento provocado pela "igualdade" e pela "liberdade" revolucionárias. É o fenômeno da massificação, aqui explicado não apenas como efeito dos meios de comunicação, mas como conseqüência de uma transformação profunda de mentalidades.
  Como disse Talleyrand, quando emigrado  nos Estados Unidos e fazendo uma comparação com a França: "A França é um país de mil qualidades de queijo e uma só Religião, enquanto os Estados Unidos têm um só queijo e mil Religiões" . Esta frase sintetiza, de algum modo, a realidade medieval, onde existia a chamada unidade na diversidade. Unidade na Fé e diversidade nos costumes. Já nos Estados Unidos, encontra-se o contrário, diversidade na Fé e unidade nos costumes. Todos são livres para pensar o que quiserem; curiosamente, contudo, todos acabam tendo os mesmos hábitos.
  O Antropocentrismo, como valor referencial maior, gerou, na perspectiva deste trabalho, a massificação social e a conseqüente perda das diversidades culturais.
  Do início da Renascença até os dias atuais, as tendências implícitas de uma nova concepção de mundo, de uma nova cosmologia, foram sendo explicitadas. Até que, em 1789, se bradou: "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". Essa trilogia representa o ideal revolucionário de vida. Um ideal que nem a Revolução Francesa e nem a Revolução Comunista puderam realizar. Ideal esse, todavia, a ser alcançado na Pós-modernidade, onde "tudo que é sólido se desmancha no ar".
  Na medida que em que essa trilogia ganhou adeptos, a história do mundo foi se transformando. Ora de forma rápida, ora de forma lenta, mas sempre avançando rumo ao seu termo gnóstico, onde todos (a grande massa despersonalizada dos indivíduos) formam uma só realidade (monismo e panteísmo).
  Entrando na Pós-modernidade, a humanidade parece chegar ao crepúsculo da era das lutas e dos sacrifícios. Não como pensa Fukuyama, quando defende um suposto Fim da História na vitória do Capitalismo sobre o Comunismo , mas sim como o desfecho de um processo histórico do qual o Capitalismo moderno também faz parte. Mesmo porque, como demonstrado, a IIIº Revolução não desapareceu, e sim se metamorfoseou na IVº Revolução, a Pós-modernidade tribalista e gnóstica.
  De qualquer forma, a questão da Pós-modernidade ainda não está definida, pois existe um choque tendencial muito intenso na encruzilhada em que se encontra a História. Nem tudo nesse panorama está claro. Até onde vai essa Contra-Revolução tradicionalista? Será ela autêntica? Assim como grandes crises destruíram várias civilizações ao longo da História, o que impede que o mesmo volte a acontecer?
  Pelo que tudo indica, da resultante dessas tendências (teocêntricas ou antropocêntricas), nascerá a próxima sociedade, ou até uma nova cosmo-visão. Aonde nos levará? O que surgirá das cinzas de nossa civilização? Um mundo místico das sociedades (tribos) alternativas ou a civilização como ainda a entendemos? Uma Idade das Trevas, como crê Alvin Toffler, ou uma Idade da Luz? Essa resposta só o tempo dará!


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