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CRÔNICAS DA PSIQUE



ARCOS DA LAPA


A História do Rio Antigo foi marcada por esses Arcos. Nosso primeiro Aqueduto conserva, até hoje, sua imponência apesar dos maltratos. Berço da malandragem e da boêmia têm muitas lendas para contar, como a da irreverente "Madame Satã", misto de travesti e malandro, figura singular nos folhetins da época.
Atualmente, a vida noturna na velha Lapa continua intensa. Há vários lugares para dançar, cantar, beber e paquerar: Sementes, Fundição Progresso, Olodum, Asa Branca e outros mais. Os ritmos são os mais diversos e para todos os gostos. A agitação atravessa a noite e recebe com alegria os primeiros raios da manhã. Vale a pena conhecer esse lado tão marcante do Rio de Janeiro, minha cidade amada.


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UMA NOITE NOS ARCOS DA LAPA


Cá estou eu na Lapa, reduto dos perdidos, dos desvalidos da sorte. É um lugar exótico, alegre, maldito. Prostitutas se misturam com as meninas da classe média bem abastada - moças de família não deviam freqüentar esses lugares, censurariam seus pais.

Mas, cá estou eu, ouvindo rumbas, merengues e salsas: Cuba é aqui! Vejo olhares curiosos, faces tristes, numa falsa alegria, entorpecidas pelo álcool. Pessoas carentes à procura de "sabe lá por quem".

Minha mesa está cheia. Meus amigos riem, contam piadas e eu flutuo pela janela do casario, transformado em restaurante. Vejo os Arcos da Lapa, anos de História. Li em algum lugar, que por eles foram construído o primeiro aqueduto no Rio de Janeiro. Transpassa por entre eles, uma brilhante e solitária estrela, e eu penso em você. Relembro-me de suas cartas, suas doces palavras, quanta saudade.

O conjunto toca mais alto, em meio a euforia alcoólica: "Soy loco por ti, América, soy loco por ti, amor"... Uma mão estendida atravessa meu olhar e me convida para dançar. Como dizer não a um olhar tão carente e um sorriso tão belo? Tento advinhar como ele conseguiu me descobrir por detrás de tantas pessoas.

Um braço na cintura, outro estendido, mão no ombro e a outra, atada. Atacamos de merengue, com rodopios e pequenas inclinações. Escuto elogios e agradeço sinceramente.

Lá fora, um "chorinho" esquenta debaixo dos Arcos. Quero fugir para lá, ficar ao ar livre, solta. Devo controlar meus impulsos.

Após algum tempo e um sutil trabalho de convencimento ao componente de meu festivo grupo, consigo voltar ao Brasil. O "chorinho" toca ao coração: cavaquinho, violão, flauta, teclado, o conjunto ataca com Pixinguinha. A Velha Guarda delira. Mulheres gordas, de cabelos e olhos vermelhos dançam, com rebolados e dengos. Um bêbado, cambaleando, tropeça no degrau. Mais distante, avisto duas prostitutas atravessando a rua, indiferentes à balbúrdia. Hora de trabalho não se mistura com hora da diversão.
No céu, as estrelas cintilam, fazem coral, cantando mais uma velha canção. Encosto-me numa das paredes dos Arcos, tentando captar sua energia - deixo-me voar.

De volta para casa, com os pés doloridos, vejo a lua esfumaçada por detrás da nuvem que passa e agradeço. Foi uma grande noite.


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