Genealogia Cearense
Os irmãos Moreira de Azevedo
Sentados: Adolfo e Artur
1ª Geração1. CAP. MANUEL VIEIRA DE AZEVEDO, filho de Domingos Vieira da Graça e Teresa Caetana Pereira, nasceu por volta de 1728 em Ovar, pertencente à Diocese do Porto, Portugal, e faleceu em 1772 no Ceará, Brasil. Casou-se com MARIA DO CARMO DA CONCEIÇÃO, filha de Manuel da Fonseca Lisboa, falecido em 24 de junho de 1777 e de Ana de Sá Vasconcelos, falecida em 17 de janeiro de 1752.
Filhos de MANUEL e MARIA DO CARMO:
2ª Geração2. PANTALEÃO VIEIRA DE AZEVEDO, nasceu em Aquiraz, Ceará. Casou-se com MARIANA CARNEIRO DA SILVA, nascida em 1757, filha de Bento Carneiro de Souza, nascido no Porto, Portugal, e falecido no Ceará, Brasil, em 14 de março de 1771, e de Branca de Paiva da Cunha, nascida em 1710 e falecida em 4 de julho de 1771.
Filhos de PANTALEÃO e MARIANA:
3ª Geração3. MAJ. JOSÉ CARNEIRO DE AZEVEDO, nasceu em 26 de abril de 1787 em Fortaleza, Ceará, e faleceu em 4 de novembro de 1864, em Cauípe, Ceará. Casou-se em primeiras núpcias com MARIA FRANCISCA DE JESUS, filha de Manuel Monteiro de Oliveira Gondim, nascido em Russas, Ceará, em 5 de março de 1766, e Luiza Maria de Jesus Gondim. Casou-se em segundas núpcias com TEREZA MARIA DE AZEVEDO.
Filhos de JOSÉ CARNEIRO e MARIA FRANCISCA:
4ª Geração4. FRANCISCO CARNEIRO DE AZEVEDO, nasceu em 24 de agosto de 1817 em Caucaia (Soure), Ceará, Brasil e faleceu em 20 de janeiro de 1887. Casou-se em primeiras núpcias em 1837 com D. ANNA LIBÂNIA FREIRE, nascida em 1820 e falecida em 1878, filha de José Maria Lopes Freire, português, falecido no Ceará em 1862, e de Antonia Luiza da Conceição, falecida em 7 de fevereiro de 1863. FRANCISCO, que foi fundador da cidade de Pentecoste, Ceará, casou-se em segundas núpcias com CASSIANA FERREIRA DE GÓIS em 19 de novembro de 1879, em Guaramiranga (N. Sra. da Conceição da Barra), Ceará.
Filhos de FRANCISCO e ANA LIBÂNIA (primeiro matrimônio):
Nota: O Jornal Pedro II, em sua edição de 5 de janeiro de 1879, relata no obtituário de Anna Libânia, que ela e Francisco tiveram 17 filhos em seus 41 anos de casamento, sendo destes, 10 homens.
Filhos de FRANCISCO e CASSIANA (segundo matrimônio):
5ª Geração5. SEBASTIÃO CARNEIRO DE AZEVEDO, nascido em 28 de janeiro de 1850 e faleceu em 4 de outubro de 1920 em Pentecoste, Ceará. Casou-se com FRANCISCA MOREIRA DE AZEVEDO, nascida 3 de setembro de 1864 e falecida em 14 de maio de 1934, filha de Francisco Xavier Moreira, nascido em 1829, e de Maria Rita Nazareth
Filhos de SEBASTIÃO e FRANCISCA:
FRANCISCO CARNEIRO DE AZEVEDO
† 20 de janeiro de 1887
Se a Bernardino (Gomes Bezerra) cabe o título de fundador por ter sido quem primeiro habitou o quadrado de chão, onde no centro foi levantada a capela de Nossa Senhora da Conceição, ao Capitão Francisco Carneiro de Azevedo deve ser reconhecida a consolidação do projeto em terras de seu patrimônio. Mentalidade progressista, sua atuação não se restringiu somente àquela doação referida linhas acima. Era, isto sim, personalidade em torno de quem girava interesses locais, conforme o Tombo: "dispunha de recursos e gozava de muita estima e grande prestígio perante o povo desses lugares" Certamente por isso, à medida em que a povoação inaugurava algum serviço público, no primeiro momento era seu o nome era lembrado para a função correspondente, como ocorreu, ao ser criada a Cadeira de Primeiras Letras em 1867, ocupar o cargo de Inspetor Escolar e, ao ser instituído o Distrito Policial em 1869, receber nomeação de Subdelegado. Entre mais exerceu a função de Juiz de Paz, que, ao seu tempo, tratava-se de cargo eletivo, e em benefício da comunidade, durante a seca de 1877 - 79, foi membro da primeira Comissão de Socorros. Do que se há publicado sobre o assunto, merece transcrição Álvaro Gurgel de Alencar (Desembargador): "Foram fundadores de Pentecoste: Bernardino Gomes Bezerra e Francisco Carneiro de Azevedo..." É erro grave, por conseguinte, a municipalidade concorrer para o anonimato de Francisco Carneiro de Azevedo, personagem que garantiu a origem e possibilitou o desenvolvimento da povoação.
Do livro Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Barra - Pentecoste, de Francisco de Assis Herculano Verçosa.
O NASCIMENTO DE PENTECOSTE1862 a 1876
Naquele tempo o cidadão Bernardino Gomes Bezerra, profundo conhecedor destes campos e sendo bem relacionado com o povo, vinha planejando já algum tempo, construir uma casa de campo onde pudesse vez por outra vir passar dias com sua familia. Em agosto de 1862, dito cidadão vindo de um sítio na praia onde residia, chegando ao local já à noite, arranchou-se com a familia debaixo de umas oiticicas existentes ao lado esquerdo do rio Canindé, ao poente do local onde hoje localiza-se a cidade. No dia seguinte pela manhã, visitou o local que estava reservado para a construção da Igreja. Bernardino Gomes Bezerra, era pedreiro, e sentindo a aproximação da estação invernosa, resolveu construir uma casa de tijolos ao lado do poente do local reservado à Igreja, a fim de trazer a família para passar o inverno. Esta casa, enquanto não foi erigida a Igreja, servia de rancho aos Sacerdotes que vez por outra vinham em desobriga, pois era a única casa existente em Pentecoste naquela época. Certo dia, aproveitando a passagem do Pe. Francisco da Rocha, Bernardino consultou-o sobre a posição da Igreja a ser construida. Instruído a este respeito, aquele cidadão de comum acordo com o Capitão Francisco Carneiro de Azevedo e outros homens interessados, assentou os alicerces da Igreja, cuja primeira pedra foi colocada no dia 8 de janeiro de 1864, pelo Pe. Manuel Ribeiro, Capelão da Povoação de Jacu, Capela Filial da Matriz de Canindé. Os trabalhos foram iniciados imediatamente, e ainda no ano de 1864 a Igreja já se achava em ponto de ser celebrado o Sacrificio da Missa, o que aconteceu, tendo o Pe. Manuel Lins benzido-a e celebrado a primeira missa no dia de Pentecostes. A exemplo de Bernardino, os habitantes da localidade foram edificando suas casas em alinhamento, e por esta forma estava levantada a igreja e iniciada a Povoação que tomou a nome de BARRA, por causa dos rios Curu e Canindé encontrarem-se a menos de um quilometro de distância do Povoado e formarem em suas embocaduras um grande poço com a denominação “Poço-da-Barra”. Após a celebração da Missa, o Padre Manuel Lins aproveitando a oportunidade enquanto o povo ainda se achava aglomerado, depois de pedir que se fizesse silêncio, repetiu várias frases proferidas por ocasião da homilia pregada durante a celebração da Missa sobre a festa do Divino Espírito Santo, pedindo ao povo que para servir de memória àquele dia, o lugar fosse mudado de nome, isto é; de Barra para Pentecostes. A proposta foi aceita por unanimidade muito embora tenha se passado algum tempo sendo a povoacão chamada pelos dois nomes, isto é, Barra e Pentecostes, tendo havido um erro de imprensa quando foi registrado oficialmente o nome do municipio pois foi omitido o “S”, e finalmente Pentecoste não tem o verdadeiro sentido da palavra desejada pelo Padre Manuel Lins, mas mesmo assim o Divino Espírito Santo vem abençoando e derramando graças sobre o município fazendo-o crescer e desenvolver-se a passos de gigante. Com aquela capelinha embora apenas começada, os habitantes do lugar tinham conseguido em parte seus objetivos. Restava agora conseguir a vinda de um Padre para se colocar à frente, a fim de melhor estimular a continuação dos serviços da igreja e o desenvolvimento do lugar. Enquanto porém não conseguiam um Padre que se sujeitasse a vir morar na nova povoação, o povo ia conseguindo um todos os anos por ocasião da Páscoa e da festa do Natal, não só pelo dever religioso mas também com o objetivo de por meio do movimento festivo principalmente no Natal, angariar alguns donativos em benefício da continuação dos trabalhos da igreja. De 1864 a 1867 vieram celebrar as missas do Nascimento, os Padres Hipólito Gomes Brasil, José da Cunha Ferreira e Luis Vieira Perdigão. Este último, tendo vindo em 1867, não se quis demorar, retirando-se o mais depressa possivel com medo de ser atingido por uma febre de mau caráter que vinha grassando e fazendo vítimas na região. Em 1867, já existindo um certo número de casas de tijolos, o Padre José Ferreira de Sousa juntamente com o povo, conseguiu a criação de uma cadeira tendo sido a dita cadeira provida pelo Professor Raimundo Eugênio de Sousa que a regeu até 1869. Como continuava crescendo o número de pesoas bem como a de casas construídas, o povo foi se entusiasmando e alimentando esperança de elevarem a povoação à categoria de Freguesia. Esta pretensão motivou certa rivalidade por parte do povo de Jacu, povoado antigo que por isto mesmo alegava mais direito de passar a Freguesia visto ser Pentecoste um povoado novo que acabava de surgir. Por esta causa os jacuenses promoveram certa perseguição, não perdendo ensejo de notificar toda e qualquer medida que neste sentido tomavam os habitantes da nova povoação. Cada um dos ditos povoados por sua vez, encarecia suas vantagens para alcançar a preferência um ao outro, ficando assim o vencido sujeito ao vencedor na qualidade de capela filial. Importando porém a ambos este melhoramento, nenhum deles podia ser juiz em sua própria casa e cada qual tratava de engradecer sua localidade para melhor merecer o apoio no seio do Parlamento da Província e aprovação do mui digno Prelado Diocesano, visto que naquele tempo a igreja tinha muita influência nos setores civis administrativos. Com efeito a questão foi resolvida quando certo dia D. Luis Antonio dos Santos, Bispo da Diocese, de passagem em visita pastoral pela zona norte do Estado, teve de demorar em Pentecoste seguindo depois para o Jacu. Tomando conhecimento das rivalidades entre os habitantes das duas povoações, examinando bem os terrenos e a posição topográfica de ambos, declarou publicamente que Pentecoste dispunha de melhores condições para ser a sede da Freguesia, pelo seu solo fértil, relevo do terreno e vasta área apropriada para o desenvolvimento da agricultura e pecuária, enquanto as qualidades do solo da povoaçäo do Jacu tornavam-se inferiores em quase todos os pontos, destacando-se apenas algumas áreas apropriadas para a criacão do gado.
Do livro Pentecoste e sua História, de José de Anchieta e Silva.
Eu vim pra Fortaleza com 6 anos de idade. Quem mandou um vestido pra eu ir foi ela, a madrinha Lourdes. Era um vestido rosa, de babado, era muito frouxão e uma mulher “arrochou” todinho, pra eu ir. A minha madrasta dizia: não sei o quê que essa menina vai ver em cidade. Aí a criatura disse: que é que tem? não é a tia dela que manda buscar? pois pode carregar ela, que ela não tem mãe. Mas ela foi e disse assim, mas tem pai, aí essa mulher trouxe essa roupa, que era pra eu ir. Com certeza ela sabia que eu não tinha nada. Não tinha mala, não tinha nada. Não sei nem com quê que eu fui. Ai fui–me embora. Ele foi me deixar até uma altura, quando chegou defronte da rua lá de Pentecoste, daí o Artur Carneiro (Moreira de Azevedo), irmão da minha madrinha, foi quem me levou pra Fortaleza. Eu vim com gosto. Quando eu cheguei na madrinha tinha criança pequena, tudo da minha idade. A Eunice, a Idilva, o Ivan, do Dário não lembro muito não. A gente não queria que ele brincasse mais com a gente, ele tinha raiva, dai a gente mandava ele embora. Ele ia brincar sozinho, no jardim... isso na Barão do Rio Branco. Isso era quando chegava da aula. A madrinha Fransquinha brigava conosco, mandava a gente ir dormir, e a nós dizíamos: quem quer dormir uma hora essa? dormir é pra velho... A primeira casa foi na Barão do Rio Branco, perto da Santa Casa. Quando eu cheguei minha madrinha estava grávida. Era o Laerte. Eu peguei o Laerte no colo. Depois, moramos um tempo na Senador Pompeu. De lá, parece que eu sai pra casar. Depois foi a Zé Vilar, aqui na Aldeota. (quis dizer, rua Monsenhor Bruno) Mas ai já estavam tudo namorando. Morei com eles dos 6 aos 18 anos. A madrinha Lourdes não queria que eu casasse. Dizia que o meu marido era pobre, não tinha como me dar condições. O que eu fazia?...eu corria pra dar recado, chegava lá levava um carão, porque só saía na carreira, chegava de volta era outro carão. No Passeio Público, conheci, todas quinta feira tinha retreta, música, dança, tinha uns jogadores do exército lá embaixo... a gente ia olhar, ia passear naquele passeio velho. A Eunice tinha um namorado, era pernambucano. Eu e a Idilva nós tínhamos raiva. Ela não queria que a gente deixasse ela só.
A Idilva dizia:
E ela, nada. Agora nós vamos embora. Quando nós saíamos ela corria: Nós usavamos vestido bonito, quando iamos sair... um de crepe, uma corzinha tipo cremezinha, cor de café com leite só mesmo pingando, com uma gola muito bonita, gravata. Esse vestido era muito lindo. Eu usava pra ir para o cinema, um tal de Cine Luz, que hoje não tem mais. Ia eu, Ivan, o Dário, Eunice e Idilva. Eu gostava dos filmes. A gente ia de tardezinha, quase entrando na noite, terminava pelas 7 horas, por ai assim. Não ia pra praia não. Tinha duas moças velhas caducas. Elas não tomavam banho durante o dia, só tomavam de noite. A minha madrinha mandou eu ir tomar banho com elas, mas eu não queria ir porque era de noite. Elas tinham vergonha. Era a Maria Moreira, parece que era parenta também. Ela era enfermeira, ia lá em casa só pra dar injeção. Quando eu via essa Maria Moreira eu corria!
A Maria Grandeza era cozinheira. Foi quem me ensinou a lavar um pano, a cozinhar. A minha madrinha me achava pequena para ficar perto do fogão, mas deixava, porque a Maria dizia: Ficava em Fortaleza. Só ia para o sertão em tempo de férias, e passava o tempo todo no Pentecoste porque não tinha transporte para ir onde meu pai morava. Era uma légua. Pentecoste nesse tempo era uma coisinha. Ia eu e outra moça, passear na calçadona alta. Tinha a Nair Moreira, da tia Balbina, era prima. Eu ia com ela na garupa do cavalo pra São Luis do Curu. Quem me levava na garupa era o finado Nelson. Eu não sabia andar de cavalo... o pano da garupa caia. Esse Nélson me descompunha e só faltava me açoitar. As meninas já iam longe: a Nair, esperava por mim, lá... esse diabo derrubou o pano, não quero mais ela... eu ria. Só tinha um carro em São Luis do Curu. Buscava carga de algodão, às vezes. Porque o finado Artur tinha uma loja muito grande. Ele era irmão da minha madrinha (Lourdes). Conheci o finado Moreira (Chico Moreira). Era ateu. Eu via, com a dona Lunguinha, tirava o terço, ele não rezava. O Frederico é aquele que morreu aqui em Fortaleza, na Senador Pompeu. Minha madrinha, Fransquinha, era de crisma. De batismo era a madrinha Lourdes e o Paschoal. Fui criada com essas duas madrinhas.
Entrevista gravada em outubro de 2011
São João Batista, em Fortaleza, Ceará
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