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AFRICANIZAÇÃO
Márcio Accioly*
O Brasil já é uma África, não existe a menor dúvida. Mas, nossas autoridades insistem em nada enxergar: seja por falta de conhecimento ou por nunca terem sido pessoas acostumadas a pensar. Aqui, todo mundo quer ganhar dinheiro e “se dar bem”, sem ordem nem progresso. Na Namíbia, onde o número de aidéticos atinge cifra impressionante, difunde-se a crença de que se o homem tiver relações sexuais com uma virgem voltará a ficar “puro”. Por conta disso, estupros e assassinatos são cometidos, apodrecendo-se o quadro social. Bebês de meses de idade são violentados. A violência é fator integrado ao cotidiano.
No nosso caso, como iremos nos salvar do controle da televisão? Num país onde a prostituição infantil já superou todos os índices da dignidade humana? Nada se debate seriamente. A televisão está sempre ocupada com a biografia de jogadores, a transmissão de jogos, festas, novelas e pornografia explícita. O Brasil de hoje é o mesmo da época de D. João VI, em cenário ampliado. Com a mesma falha básica no que se refere à educação. D. João VI era um imundo malcheiroso e inculto. Hoje, por mais que se tente propagar a idéia de que a educação melhorou, a verdade é oposta: o analfabetismo está se alastrando. A desinformação é geral. Vai sendo eliminada até mesmo a outrora salutar “educação doméstica”.
No Brasil de FHC, um “representante do povo” como o senador ACM (PFL-BA) será ministro depois de deixar a Presidência do Congresso Nacional, para não perder o avião pago com dinheiro público, casa no Lago Sul de Brasília, seguranças, rapapé, mordomias e vantagens. O país inteiro é uma fraude: combustível adulterado, colarinhos brancos esbanjando impunidade e falcatruas, enquanto a africanização ocorre a olhos vistos e não se consegue enxergar. A periferia das cidades borbulha no barulho de intermináveis festas, prostituição e miséria. A falta de perspectiva futura é convicção generalizada.
A violência urbana de nossa guerra civil nasce nas favelas e no descaso secular de governantes predadores. Todos legislando em causa própria, criando condições legais que os livrem de responsabilidade pelos crimes que praticam. Falar-se de democracia numa sociedade ociosa, sem emprego, que não abre o livro, manipulada pela televisão, deveria ser “piada de português”, mas não é. Ainda bem que os ventos mudaram e os descendentes estão fazendo o caminho de volta. Portugal já está recebendo os nossos carnavais, a nudez libidinosa e a imagem da Rede Globo. É a África se vingando dos maltratos infligidos, exportando o produto Brasil.
*Márcio Accioly é jornalista