"Meu nome é Enéas"

Recentemente, o ministro da Justiça, Renan Calheiros (ex-líder do "governo" Fernando Collor de Mello), "jurista" de primeiríssima grandeza, afirmou que o governo está empenhado em prender o líder do MST, Pedro Stédile, pela defesa que este tem feito em torno de saques que vêm sendo efetuados por flagelados da seca. Sem entrar no mérito da questão, sejam os saques justos ou não, organizados ou insuflados, causa admiração o fato do ínclito, sábio, justo e ponderado ministro não estar defendendo, com o mesmo empenho, a prisão do proprietário e dos responsáveis pela Construtora Encol. Como se sabe, aquela empresa saqueou o dinheiro dos que investiram na compra de seus imóveis e nenhuma punição aconteceu.

O ex-deputado Sérgio Naya, apontado como bandido e ladravaz confesso, aplicou golpes pelo Brasil inteiro, construiu um prédio que desabou e matou oito pessoas, mas continua solto e gozando a impunidade desse país governado por bandidos e quadrilhas organizadas. O jogador Edmundo, que matou três pessoas numa madrugada qualquer, dirigindo irresponsavelmente um veículo importado, está solto e impune. Os anões do Orçamento, deputados que roubaram e praticaram falcatruas, liderados pelo ex-parlamentar João Alves, continuam soltos e fazendo das suas, com alguns, inclusive, candidatos, mais uma vez ao cargo de "representantes" da população no Congresso Nacional.

O Brasil é um país cheio de contradições: as emissoras de televisão vivem "bombardeando" às crianças e telespectadores, com uma das mais infames programações a que se tem acesso, mas a Tv Globo veicula noticiário, vez por outra, mostrando-se "preocupada" com o índice de adolescentes grávidas. Não existe estímulo à Educação e o país sofre com a evasão de jovens que, anualmente, abandonam o Brasil e viajam para o exterior em busca de melhores oportunidades. Estamos perdendo nossos jovens, nossas "cabeças" inteligentes, porque os ladrões e incompetentes vão dominando o serviço público e destruindo o que ainda resta de nação.

Como se pode acreditar no futuro de um país, em que jovens da classe média alta ateiam fogo num índio que dormia num banco de uma parada de ônibus, em Brasília, e nada acontece(!?) Como se recorda, a juíza que julgou o caso afirmou que "não houve intenção de matar o índio," tudo foi uma brincadeira, os rapazes queriam apenas se divertir(?) Vivemos o culto à loucura, a defesa irracional da bandidagem. Quando ainda estava no Ministério dos Transportes, o deputado Odacir Klein(PMDB-RS), ao retornar de uma "cachaçada" no Clube do Congresso, atropelou um pedreiro que morreu abandonado na pista da avenida principal do Lago Sul. O veículo era dirigido pelo filho do então ministro. Julgado, também em Brasília, por uma juíza que disse ser o rapaz "uma gracinha", o jovem não foi responsabilizado pelo fato de não ter socorrido a vítima, pois a juíza entendeu que não havia necessidade de prestar socorro, já que "o pedreiro morreu na hora."

O Brasil está se desmontando, estamos correndo sério risco. Ou começamos a agir racionalmente, buscando mudar o triste quadro com o qual convivemos, ou corremos o risco de uma guerra civil com suas terríveis conseqüências. As pessoas, principalmente a classe média, só começam a perceber os fatos quando não mais existem condições de remediar. É preciso que se esteja atento ao número de homicídios diariamente praticados pelos estados da Federação. Estamos chegando a perigoso limite. Está na hora de se tomar uma atitude.

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