Fé e vida
Este trabalho é um estudo longo. Pode ser dividido em partes (sugeri as divisões através da numeração 1 a 4)
1 - Perdição: o pressuposto
P. Rolf Joaquim Dietz
Lei e Evangelho: santidade de Deus exige castigo da culpa.
Qual é a gravidade da perdição, do pecado? Será que para nós a palavra salvação não significa simplesmente uma espécie de "seguro contra fogo" (do inferno)? Um bilhete de passagem para o céu? E barato, pois é de graça!?
Podemos reconhecer o drama da perdição, olhando no espelho da crucificação de Cristo. Ela nos mostra a gravidade do pecado e a miséria espiritual em que vivemos. Pela gravidade do que Cristo teve que passar para nos prover a salvação, podemos ver o reverso da moeda, a gravidade do pecado, ou seja, da nossa situação.
Quem não sente a gravidade do pecado, e portanto também a distância que há entre nós e Deus, nunca será salvo; Pois a salvação é resultado do impacto de entender isso: eu sou incapaz de me ligar a Deus, de me fazer ser aceito por ele, de merecer algo diante dele. Isto é perdição. Salvação é libertação dessa situação.
Antes de falar de fé e vida
Em primeiro lugar precisamos perguntar a quantas anda nossa fé. Em que, em quem, e como nós cremos?
> Crer em: início do discipulado, a base da vida cristã. Qual tua reação ao chamado de Cristo?
> Crer que: O discípulo vai conhecendo sempre mais verdades sobre o mestre.
Fé em quem: Deus e Cristo (quem são)
Crer em Deus somente não basta. Primeiramente todos crêem em Deus (até o diabo)
Quem é Jesus ?
João 1.1ss
João 14.6 -> falar da escada para Deus
Jo 9.1-41 (13-17, 34-39) -> Para entender este texto para nós não é tão difícil, pois sabemos que ele era/é Deus. Mas há um ponto que quero destacar: a adoração aqui oferecida a Jesus foi o resultado do impacto que significou Jesus para aquele homem, e não foi resultado de palavras. Jesus nunca dizia que ele era o messias, sempre eram as pessoas que viam e ouviam o que ele fazia é que reconheciam isto. Creio que se Jesus tivesse alegado ser o messias, não seria digno de crédito, porque "Louvor em boca própria é vitupério". Mas o que aconteceu foi que "A verdade fala por si." A pessoa e os atos de Jesus convenciam muito mais do que palavras. (v.25!)
Porque cremos?
Somos cristãos por pressão social (porque a família ou amigos pressionam)? Ou tenho experimentado o perdão de Deus?
Certeza da salvação
Por isso a pessoa salva não tem dúvidas de sua salvação: alguém que foi libertado da morte não tem dúvidas sobre este acontecimento.
Como ser salvo
Ser salvo não é difícil, é só dizer: "Meu Jesus, eu não quero mais viver assim (diga tuas angústias), toma a direção de minha vida, eu quero que viva em mim, venha preencher meu vazio. Eu te entrego minha vida toda, para que faça o que for preciso, toma o leme de minha vida totalmente, porque eu sei que sabes melhor me orientar os passos." Amém.
2 - Vida: consequências da fé
P. Rolf Joaquim Dietz
O discipulado é consequência da fé: consequência necessária: não devemos colocar o carro à frente dos bois: mas carro sem bois não dá nem v.versa.
Atos do discípulo: oração; vida devocional; sacerdócio geral; obras, etc.
Uma forma de viver a fé (lei)
Êxodo 22.21-27
Exemplo de como manter a consciência pura
"Segundo um escritor antigo, a nenhum frade capuchinho lhe é permitido tocar ou receber prata. Este metal lhes é anátema. Mas o capuchinho costuma ir acompanhado de um rapazinho que recebe e carrega toda a prata que lhe desejam dar..." Aqueles que pecam através de outros receberão o castigo em sua própria pessoa. (200 Ilustrações, C. H. Spurgeon).
O que está por trás desse exemplo: o que é legal vs o que é "legal" -> o que está dentro da lei nem sempre vai ao encontro dos dramas humanos. A lei muitas vezes é um escudo para os opressores.
Como cristãos não podemos entrar nesta forma de pensar, não podemos identificar pecado com quebra da constituição brasileira, ou seja se a lei permite a exploração, isto significa que explorar deixa de ser pecado?!
Já no tempo de Jesus se via isto: que a lei era interpretada pelos mestres da lei seu favor, para que pudessem explorar os outros ao máximo e ainda se sentir santos. Ler: Mc 12.38-40.
Como então se vive a fé?
A vida cristã não é somente deixar de fazer certas coisas. O cristão quer projetar o amor de Deus para dentro do mundo, ser luz.
Mateus 16.24-26 "Se alguém vir após mim..." > Renunciar a si mesmo: o discípulo mescla sua identidade com a de seu senhor (p.ex. como um casal, precisam abrir mão de sua individualidade para conviver); Tomar sua cruz > Jesus é realista: enquanto o mundo oferece prazeres, mas na verdade só resutam em frustração, Jesus oferece cruz, que vem a resultar satisfação.
Mateus 11.28-30: Tomar o jugo de Cristo (leve) > Jugo: canga > O jugo de Cristo limita nossa liberdade, mas então nossa vida adquire finalidade , assim como o boi, sem canga não serve para nada.
A comparação do futebol: o jogador se torna do time quando é contratado, mas apenas cumprirá seu objetivo quando jogar, assim a pessoa se torna Filho de Deus na conversão, mas precisa batalhar para crescer na fé, assim como uma criança, não basta nascer (Jo 3), precisa se alimentar e ultrapassar a fase infantil. A igreja é como um vestiário: é importante, serve para concentração, preparação, aquecimento, porém não tem fim em si mesmo; assim a igreja, é como um vestiário, é importante, mas seu fim está em preparar, alimentar o crente para que viva lá fora. Em outras palavras: "É preciso adquirir o que se herda" (como filhos que precisam se apossar da herança, para não desperdiça-la).
Obediência
Como Deus fala a nós?
1-Pela Palavra
2-Deus age no nosso dia a dia. Deus não faz show. Eventualmente faz algo de incomum, forma dos padrões da natureza, a isto chamamos milagre, mas essencialmente ele usa as coisas naturais para fazer sua obra.
O desafio que fica é abrirmos nossos olhos para aquelas coisas aparentemente pequenas, naturais, pelas quais Deus está querendo nos falar.
Leitura da Palavra / como ouvir o que Deus nos fala?
Hermenêutica legalista
Tenta fugir do que está escrito (como advogados: tentam desviar da lei)
Hermenêutica cristã
Parte do que está escrito, recebe com obediência e alegria, mas vai além, cria uma visão coerente de toda a escritura.
Testemunho
Testemunhar não é tarefa difícil, não exige conhecimento, mas só isso: ter sido salvo por Cristo. Testemunhar nada mais é do que falar de Cristo e o que ele pode fazer. Não é pregar religião, nem igreja, nem discutir sobre quem seja o melhor, mas é mostrar o que Cristo fez.
3. O último e mais importante desafio é respondermos a pergunta: será que minha fé é baseada em palavras transmitidas por pessoas, ou será baseada no impacto causado pelo encontro e convívio pessoal com Cristo?
*Lutero dizia que o critério para avaliar se uma pregação era boa ou não, deve-se perguntar: exalta Cristo, ou fala de coisas humanas?
Como testemunhamos? Testemunhar não é tentar provar, mas conduzir a Cristo ("Vem, e vê"), o qual se encarrega de fornecer o que for necessário ("Eis um verdadeiro...").
Princípio do cliente satisfeito: estamos felizes com o que Cristo faz por nós?
Mateus 13.24-30(36-43) A parábola do trigo e do joio
Uma pergunta que não fiz acima propositalmente: porque os incrédulos são descritos como joio? Aqui vemos algo muito importante que diferencia crentes e incrédulos: o joio é muito parecido com o trigo, porém não produz fruto, somente suga a terra, e sua única utilidade acaba sendo de alimentar o fogo (cf. V. 30). Cf. Lc 13.6ss: a videira que não produz fruto é adubada, podada, e caso persistir a falta de fruto, é cortada! Jesus é muito firme em ressaltar a importância de seus seguidores produzirem frutos, e não somente ser adubados.
3 - Desafio (ler João 12.24): como estamos nos saindo no papel de "trigo"?
P. Rolf Joaquim Dietz
1) Cair na terra: ! envolver-se no mundo.
2) A morte (morte do eu, confissão de culpa, humildade) do grão de trigo é necessária para sua frutificação;
3) Sua frutificação produz novas sementes, ele não está mais só (o cristão leva a palavra adiante no seu dia a dia).
4) É necessária: a videira que não produz frutos é podada e depois cortada! Trigo que não tem fruto, semente, não tem sentido, não tem utilidade, e seguindo o raciocício da parábola da figueira, este trigo será queimado junto com o joio!
Será que Cristo ensinou que devemos nos envolver nos problemas da sociedade?
O que Cristo fez?
Saiu da pureza do céu e "sujou as mãos", neste mundo, se envolveu com todo tipo de gente e problemas.
Se temos medo de "sujar as mãos", ainda não entendemos o que é ser seguidor de Cristo.
Conclusão
Este texto é um desafio contra nossa mesquinhez, nossa fraqueza, nosso medo de ser luz. Nossa luz como cristãos e igreja muitas vezes está mais para um vitral bonito, do que aquela luz que revela a sujeira.
Além de mim não há outro
Eu formo a luz e as trevas, a paz e o mal: Não somente a paz e as vitórias de Israel vieram de Deus, mas também a desgraça.
Idolatria: este texto é ótimo contra a idolatria, somando-se ao do cap. 44.9-20, formam um par ideal.
-> sobre Deus "Vede agora que EU SOU...Além de mim não há outro..."
4 - Uma palavra para nós como igreja
P. Rolf Joaquim Dietz
Somos Igreja
Uma afirmação curta, mas que mexe com a gente, porque às vezes pensamos: "será que fazemos jus a esse nome?", "será que estamos correspondendo ao que Cristo quer de nós?"
Não é apenas a origem da Igreja que está em Deus, mas sua existência tem seu sentido nele, pois ele é ekklesia tou theou ("congregação de Deus"). Essa igreja só vive porque experimenta a presença de Deus. "Assembléia de Deus": não é aquela assembléia que tem Deus como "posse", mas ao contrário, que só se entende a partir de ter ele como centro.
Aqui você tem lugar!
Quem é de Cristo é desafiado a fazer da igreja onde está um lugar de portas abertas, um lugar aconchegante, convidativo.
Como vimos acima, igreja é a comunidade de Deus, as pessoas chamadas por Deus que se reúnem. Se realmente é assim, aqui há lugar para todos.
O que acontece algumas vezes, é que por falha nossa temos afastado pessoas que Deus queria chamar, porque não aprendemos a distinguir o conteúdo, das formas, ou seja, distinguir o evangelho das nossas formas de viver este evangelho, da nossa forma de cultuar a Deus. Nós nos afastamos de pessoas que são diferentes, temos dificuldade de fazer como Cristo, nos achegarmos às pessoas simplesmente para levar a boa notícia do amor de Deus.
O diabo também têm muito mérito nisso, pois quando Deus chama alguém, vai o diabo e assopra uma série de problemas na mente desta pessoa. P.ex. Infelizmente há pessoas que vêm à igreja ano após ano, somente para ver a roupa de fulana, o cabelo do fulano... estão com seus corações cegados para as coisas espirituais, se prendendo às materiais, à pequenez de espírito. Outras não chegam no culto porque sabem que aqui vai encontrar uma pessoa que não simpatiza... -> é assim que "o diabo gosta".
Aqui você tem lugar! Deus quer que você saiba disto, que acima de tudo que as pessoas pensem ou digam ou façam, você têm lugar aqui, porque o dono disto aqui não é nenhuma pessoa humana, mas Deus.
Filipenses 1.12-26
1) A alegria de estar com Cristo
O viver é Cristo e o morrer é lucro. Esta é a frase central do texto. Como é que morrer pode ser visto como um lucro? Talvez a gente pense: ..bom, ele estava na prisão, sofrendo, morrer seria um alívio. O texto nos mostra que realmente não é isso. Paulo sabe que a maior alegria que o mundo possa dar é mínima perto da glória que será estar com Cristo. É esta espectativa que o faz querer ir para junto de Jesus. Paulo não era um suicida em potencial, ele não estava pensando em se matar, mas ele ansiava estar com seu Senhor.
2) A alegria de viver para Cristo
O outro prazer do crente é viver. O cristão tem o maior potencial para ter prazer em viver. Muitos acham que ser cristão é difícil, é um fardo a ser suportado, uma religião a ser obedecida. Nada disso! quem experimentou a libertação que Cristo oferece se sente livre, se sente leve, tem motivos para ser feliz, tem motivos de sobra para sorrir.
Gl 2.20 - Não sou eu quem vive, mas Cristo em mim... pela fé...
Rm 6.5 - se com ele foi crucificado nosso velho homem, não sirvamos o pecado como escravos
Rm 6.2 - Como viveremos nós no pecado, os que para ele morremos?
Jo 11.25 - Disse Jesus: eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que morra, viverá.
1 Co 15.43 - semeia-se em fraqueza, ressuscita-se em poder.
Fp 3.21 - O qual transformará nosso corpo de humilhação para ser igual ao seu corpo de glória...
Amém.