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ADIVINHAÇÃO E O ESPÍRITO CIENTÍFICO


JEAN BOTTÉRO, Professor Emérito e Diretor de Assiriologia da École Practique des Hautes Études, Paris. Fonte: Bottéro, J. (1987) Mesopotamia: writing, reasoning and the Gods. University of Chicago Press, Chicago, London,

Na história do pensamento científico, tem-se sugerido mais de uma vez que a ciência grega da astronomia teve suas origens em uma das práticas de adivinhação mesopotâmicas, a da astrologia. Mas ainda não tempos provas suficientes para estabelecer esta verdade, talvez pela impossibilidade da tarefa, pois existem muitas diferenças básicas entre astronomia e astrologia.

Entretanto, penso que a questão formulada desta forma não é apenas mal formulada, e se não podemos interpretá-la de outra forma, ao invés de seguir este ponto-de-vista retilíneo e simplista. Gostaria de mostrar, do contrário e guardadas as devidas proporções, que existem conexões entre adivinhação e ciência na Mesopotâmia. Em outras palavras, é errado reservar adivinhação para os Mesopotâmicos e ciência para a Grécia, pois na Mesopotâmia, desde cedo e muito antes dos gregos, a adivinhação havia-se transformado num tipo de conhecimento científico e era, essencialmente, já uma ciência. O que foi passado para os gregos foi este ponto-de-vista, o tratamento científico e o espírito científicos. Conseqüentemente, os gregos não desenvolveram sua concepção de ciência, que nós herdamos, a partir do nada; neste aspecto importante, bem como em tantos outros, eles têm um débito com a Mesopotâmia Antiga.

 

ADIVINHAÇÃO NA MESOPOTÂMIA

Como vimos, dois tipos de adivinhação podem ser atestados na Mesopotâmia: o primeiro, pela revelação dos deuses, ou adivinhação inspirada; o segundo, pela atividade mental das pessoas, por um tipo de dedução, ou adivinhação dedutiva.

A adivinhação inspirada não é muito conhecida e está restrita a algumas áreas que são delimitadas tanto cronológica quanto geograficamente. Não parece ser algo típico da civilização mesopotâmica, e não iremos discutí-la em profundidade.

A adivinhação dedutiva, por outro lado, é atestada, sem interrupções, do começo do segundo milênio ao período Selêucido, um pouco antes da Era Cristã. Ela deve Ter sido o tema de uma enorme quantidade de trabalhos e documentos, se julgarmos pelo material que chegou até nós. Não contando os documentos que tratam da parte prática, temos mais de trinta mil oráculos divididos em cerca de uma centena de tratados, pelo menos. A adivinhação dedutiva era sem dúvida uma das atividades intelectuais mais características da cultura da Mesopotâmia Antiga.

Esta gigantesca mina de informações parece não Ter sido suficientemente explorada por Assiriologistas. Hoje, temos poucos especialistas em textos adivinhatórios e eles se comportam como Talmudistas (estudiosos do Talmud, ciência mística judaica). Uma das razões por esta falta de interesse é talvez a extraordinária monotonia dos Tratados de adivinhação que constituem a maior parte de nossos dossiês. Mas fico pensando se a razão principal não é a de que consideramos, consciente ou inconscientemente, a adivinhação como algo supersticioso, trivial, ultrapassado e que não deve ser digno de atenção. Tal ponto-de-vista implica numa atitude que podemos chamar de egocêntrica, e é particularmente danosa para a disciplina da história. A vocação apropriada para um historiador não é apenas a redescoberta do passado através de testemunhos que chegam até nós, mas também para descobrir tal passado como ele era; não como vemos, sentimos e julgamos tal passado a partir do nosso ponto-de-vista, mas como este era visto, julgado e vivido pelos participantes de seu tempo. Se o(a) historiador(a) conhecer realmente sua profissão, ele ou ela sempre deixarão para trás a si mesmos e a seu tempo, para colocar-se no lugar e no tempo das personagens cujos feitos e obras ele ou ela estudam. Considerar, mesmo que subconscientemente, a adivinhação na Mesopotâmia como superstição é julgar em nossos termos. Tal julgamento irá nos impedir até mesmo de compreender este campo de expressão, e isto significa um erro crasso numa das regras essenciais da história como ciência. Portanto, tentemos considerar e julgar as técnicas mânticas colocando-nos tanto quanto possível na posição dos antigos mesopotâmicos. Naturalmente, estaremos lidando com a adivinhação dedutiva como uma atividade intelectual e determinado tipo de conhecimento.

 

O APARECIMENTO DOS TEXTOS DE ADIVINHAÇÃO

Os documentos essenciais, mais originais e típicos são aqueles aos quais chamamos de Tratados, coleções de oráculos (num montante de alguns milhares). Em cada tratado, todos os oráculos são retirados do mesmo objeto material considerado em sua forma particular e anormal: por exemplo, as posições de uma estrela, os aspectos normais ou anormais de um recém-nascido ou do fígado de um carneiro.

Se contarmos os objetos cuja aparência era considerada ser "portentosa" - para usar este sinônimo latininizado do termo adivinhação - e que estão listados nos Tratados, veremos que eles cobrem quase todo o universo material: as estrelas e os meteoritos, o tempo e o calendário, as configurações da terra, os rios, as áreas povoadas, os elementos inanimados, as plantas, o nascimento e a conformação dos animais e seus comportamentos, do homem em especial - aspectos físicos, comportamento, vida quando acordado e adormecido, e assim por diante. Além deste fenômenos, que estavam presentes para observação, outros temas estavam latentes e tinham de ser revelados, como a anatomia interna dos animais oferecidos em sacrifício. Os elementos também podiam ser virtuais e provocados, como a forma tomada pelo óleo ou pela farinha quando jogados na água.

Naturalmente, não podemos dizer que as múltiplas áreas de augúrios tinham sempre e em todos os locais o mesmo interesse aos olhos dos praticantes da adivinhação. Mas o que é importante se levar em conta aqui é que tudo podia ser considerado como possível objeto para exame e adivinhação dedutiva, que todo universo material era tomado como evidência a partir da qual o futuro poderia ser extraído de alguma forma depois de cuidadoso estudo. Havia já uma curiosidade enciclopédica notável, e este é um fato que nos chama a atenção de início.

Os irredutíveis elementos dos tratados, dos pontos-de-vista estilístico e da lógica, são os oráculos, cada um dos quais indica e explica o aparecimento portentoso de um objeto de tratado, então partindo para as deduções que nos permite predizer o futuro. Todos os oráculos, do primeiro ao último, são feitos dos mesmos padrões lógico e gramatical. A primeira parte da sentença, ou prótase, como dizem os gramáticos, seguida da Segunda parte, a apódose. A prótase é introduzida (pelo menos virtualmente) pela indicação de uma hipótese: se, supondo que, então baseado na aparência especial do objeto, o augúrio. A apódase mostra a parte do futuro que pode ser derivada do augúrio, ou seja, é o prognóstico ou a previsão. Exemplos:

 

SIGNIFICADO E ORIGEM DA ADIVINHAÇÃO DEDUTIVA

O mais importante para a compreensão da adivinhação como uma atividade intelectual, como uma forma de saber, está contido fundamentalmente na transição da prótase para a apodose. Como isto podia acontecer?

Para responder a esta questão fundamental, temos de entender a origem da adivinhação dedutiva na Mesopotâmia. Sabemos o suficiente para pelo menos conjecturar, com um alto de probabilidade, baseados em vários elementos divergentes. Muitas vezes temos de nos satisfazer com tais conjecturas ao escrever a história de um mundo tão antigo e afastado de nós.

A adivinhação parecer Ter sido, em princípio, inteiramente empírica, isto é, baseada numa simples observação a posteriori. Um certo número de oráculos específicos e bem antigos de uma grande coleção que estudamos faz-nos pensar desta forma, ao mesmo tempo que explica a origem da adivinhação. Eles tem sido chamados de oráculos históricos, pois seus prognósticos, ao invés de serem centrados no futuro, referem-se ao passado, a um evento na história da Mesopotâmia que os mesopotâmicos acreditam poder se repetir:

" Se no lado direito do fígado (de um animal oferecido em sacrifício, um carneiro, por exemplo), houver uma excrescência na forma de dois dedos (provavelmente o que os anatomistas chamam de processo piramidal), este é o augúrio de um período de anarquia (de acordo com os períodos entre 2188 e 2195, aproximadamente, augúrio este the precedeu em cerca de trinta anos a queda da dinastia da Acádia."

Outro exemplo: "Quando meu país se rebelou contra Ibbi-Sin (último rei da Terceira Dinastia de Ur, ou de 2027-2003), foi então que o fígado apareceu".

Deve-se notar que estes modelos são apenas meio século posteriores à revolta, o que reforça uma conexão próxima observada entre o aparecimento do fígado do animal oferecido em sacrifício num certo dia de revolta contra o último rei da Terceira Dinastia de Ur.

Além do mais, deve-se levar em conta que quase todos os eventos registrados pelos oráculos históricos são a partir de meio milênio entre o período da Terceira Dinastia de Ur e os primeiros anos do segundo milênio. Temos boas razões para supor que este foi o período no qual se desenvolveu, amadureceu e se estabeleceu a adivinhação dedutiva na Mesopotâmia.

...

As partes constituintes dos oráculos mais antigos têm portanto boas chances de terem sido originadas desta forma: da observação de uma seqüência de eventos que não possuíam aparentemente vínculo entre si, mas que foram observados serem seguidos um do outro numa determinada ocasião, pensando-se então que tais eventos seguir-se-iam um ao outro. Isto é o que chamaríamos de empirismo.

Parece que desde o início havia o desejo de, através da observação, ir além das aparências, em busca de uma conexão entre os dois eventos que formavam um oráculo. ...

Na Mesopotâmia, onde a escrita foi inventada no começo do terceiro milênio, e onde esta invenção desempenhou um papel importante na vida intelectual e material, imaginava-se que os destinos decididos desta forma eram inscritos pelos deuses na Tábua dos Destinos. Pensava-se que os deuses tivessem escrito estas decisões em coisas sempre que Eles as criavam ou dirigiam seus movimentos.

Não se deve esquecer, por outro lado, que a natureza básica da escrita cuneiforme exigia em primeiro lugar que todas as coisas fossem escritas. O uso de pictogramas faz com que certas coisas sejam derivadas de outras coisas, ou seja, o desenho de um pé para caminhar, or para ficar de pé; a figura de um triângulo para significar mulher, ou feminilidade. Portanto, a idéia poderia expressar uma série de conceitos correlatos, e dentro de um contexto específico, implicar mais do que o significado que inicialmente lhes era atribuído.

Esta forma de ver as coisas tornou-se uma norma não expressa mas sempre aplicada, baseada na regra que governava o sistema de escrita: sempre que o mesmo sinal ou signo aparecia num augúrio, poder-se-ia ler o mesmo num mesmo evento futuro. De fato, sempre que encontramos na descrição de um objeto oracular uma dualidade (esta deve ser anormal e inesperada, pois o que é comum, usual e que está de acordo com a regra não tem valor como augúrio), tem-se no prognóstico uma idéia de oposição, de rivalidade, confusão, conflito.

Poderíamos compilar numerosos exemplos para mostrar o grau em que a adivinhação realmente funcionava como um sistema de escrita na Mesopotâmia: decifrando-os em pictogramas. Naturalmente, há numerosos casos, tanto na adivinhação quanto na escrita, onde a conexão entre o significador e o significado não está clara, nem mesmo inteligível algumas vezes ou possível de ser imaginada por nós. Entretanto, este não era certamente o caso para os antigos mesopotâmicos, e este é o ponto que realmente importa.

É desta forma que a adivinhação passa de seu estado primitivo de simples observação empírica para o estado do conhecimento a priori, para o conhecimento "dedutivo". A partir do momento em que os Mesopotâmicos descobriram que um leão constituía um sinal ou símbolo (signo também), o ideograma da violência e poder, era inútil esperar pelos eventos que teriam sido indispensáveis num sistema empírico. Eles podiam prever sem erro a brutalidade, a carnificina ou dominação a partir do momento em que observavam a presença do leão numa circunstância de portentos e augúrios. Esta foi uma transformação capital e de considerável importância, pois de fato um conhecimento a priori, ou conhecimento dedutivo, constitui já o elemento essencial da ciência.

 

A CIÊNCIA ADIVINHATÓRIA E SEU REGISTRO EM TRATADOS

Tal caráter "científico" explica bem os elementos que são revelados a partir dos mais antigos Tratados. De forma notável, é o desejo de analisar e sistematizar que mais impressiona os leitores destes textos. Em cada tratado o objeto do oráculo é analisado num número surpreendente de contextos premonitórios. Por exemplo, a configuração da cabeça de um homem e em especial seus cabelos abrange nada menos do que sessenta e seis parágrafos no Tratado sobre fisionomia. Estas análises e classificações são em geral feitas de acordo com um certo número de categorias recorrentes: a presença de um objeto ou sua ausência; sua quantidade ou dimensões; sua disposição interna e posição relativa; coloração, que algumas vezes estende-se até dez diferentes matizes variando ao longo das cores principais, que naqueles dias eram o vermelho, o branco, o preto, o verde-amarelado; também a adição ou falta dos elementos essenciais, e assim por diante. Todas estas eventualidades eram classificadas numa ordem bastante rigorosa e constante.

Parece claro que pelo menos num certo número de casos nem todas as hipóteses poderiam ser observadas na realidade. Há mesmo casos que são inteiramente impossíveis. Portanto, no fígado de um animal oferecido em sacrifício são previstos dois fígados, o que pode ser um fenômeno imaginável, mas bastante raro (por isso portentoso). Mas então, levado pelo desejo de sistematização, o autor deste tratado fala sobre três, cinco e até sete fígados, números que são inteiramente fantásticos. Da mesma forma, aparecem o nascimento de gêmeos nascidos de uma mulher, de trigêmeos, quadrigêmeos, quíntuplos, sêxtuplos, até o nascimento de nove bebês de uma mesma mãe ao mesmo tempo!

Numa sistematização que rejeita todo empirismo, existe um interesse pela experimentação, pelas referências a dados controlados, existe um empenho em registrar não apenas tudo o que tem sido observado mas também tudo o que poderia ser observado na teoria, tudo o que poderia existir, mesmo que jamais tenha existido. E, de fato, para alguém que não tem nossa evidência biológica, se podem haver dois fígados, por que não poderiam existir mais, mesmo até sete fígados, se os deuses assim o quisessem?

Portanto, o caráter científico da adivinhação levou os mesopotâmicos além da realidade observada para a realidade possível; em outras palavras, em termos lógicos, adivinhação na Mesopotâmia tentou estudar seu sujeito ou objeto como universal, e de uma certa forma in abstrato, que é uma das características do conhecimento científico.

A adivinhação transformou-se, à sua própria maneira, numa ciência real a partir do final do Terceiro Milênio, criando também portanto a necessidade de ser grafada em Tratados. Os Tratados eram manuais de uma ciência que eles queriam difundir àqueles que manifestavam o desejo de aprendê-la, e esta definição também é válida para outras disciplinas comuns na Antiga Mesopotâmia: jurisprudência, medicina, e também matemática. Eles não ensinavam da forma que o fazemos, pela extração e formulação de princípios e regras: sabe-se que os Mesopotâmicos do passado nunca formularam tais abstrações, pois suas mentes não se inclinavam nesta direção, e que em seu vocabulário, não existe termo para indicar princípio, lei, ou conceito em qualquer campo. De conformidade com seu tipo de inteligência, eles ignoravam tais tudo o que fosse universal e abstrato em sua forma. Eles davam preferência aos casos concretos e individualizados que podiam acumular e transformar para mostrar  

 Os Tratados são manuais de casos: pela observação de elementos variáveis do mesmo objeto, reais ou imaginários, observados ou a priori, e aqueles que os assimilavam adquiriam um sentido de leis e princípios, sem Ter de aprendê-los em termos abstratos. Em nenhum lugar está dito que um leão anunciava tirania, carnificina, violência ou poder supremo. Mas pelo fato de o leitor encontrar leões em textos que falavam de prognósticos de império, massacre, opressão, ou força bruta, ficava claro para ele o elemento constante da lei, sem tê-la visto formulada. Fomos ensinados desta forma quando crianças, e nossas mentes ainda não podiam apreender a formulação abstrata dos princípios da aritmética e da gramática, que nos foram ensinados por tábuas de adição e multiplicação, e paradigmas de conjugação verbal, que são listas de causas variadas, como o eram os Tratados mesopotâmicos. Portanto, a existência destas obras enfatiza o caráter científico da adivinhação.

 

A DESCOBERTA DO "ESPÍRITO CIENTÍFICO"

Do conhecimento baseado puramente na observação, começando pelos casos individuais que eram acidentais e imprevisíveis, a adivinhação tornou-se um conhecimento a priori, mesmo antes do período dos nossos primeiros Tratados, ou seja, antes do final do terceiro milênio, pelo menos. Tal conhecimento era dedutivo, sistemático, capaz de prever fatos, tendo um objeto abstrato (de certa forma) e universal, e seus próprios manuais.

Isto é o que chamamos de ciência, no sentido adequado e formal da palavra, conforme nos foi dado pelos mestres da Grécia Antiga, segundo Platão e Aristóteles, e visão que ainda orienta a nossa idéia moderna de ciência - pelo menos para aqueles de nós que mantém nossas mentes suficientemente aguçadas e abertas para não reservar o termo apenas para as disciplinas matemáticas, como

Mas o método, o espírito, uma vez estabelecidos, não dependiam do objeto primário, e mantiveram seu valor mesmo quando o objeto era ignorado. A curiosidade enciclopédica, a forma de abordar a realidade universal pela observação de um conhecimento analítico, necessário, dedutivo e a priori, a atitude científica e abstrata ante as coisas, estas foram aquisições definitivas para a mente humana. Elas representaram um grande enriquecimento e um progresso considerável, que não pôde ser perdido uma vez alcançado, como o fogo ou a arte de fazer cerâmicas. Não tenho de repetir como os gregos aprenderam e assimilaram o espírito científico antes deles mesmos, nascido em outro país. Estou apenas procurando pelas origens, e creio que esta aconteceu na Mesopotâmia mais do que quinze séculos antes de Sócrates, Platão e Aristóteles. Seu nascimento e estabelecimento não podem ser observados de melhor forma fora da adivinhação, uma ciência que constitui uma das características essenciais e típicas da civilização da Mesopotâmia Antiga.

Temos de admitir que este constitui um grande momento na história da humanidade. Tal qual a descoberta do fogo, a domesticação das plantas e animais, a invenção da metalurgia e da escrita, esta invenção da abstração do conhecimento universal e racional, ou seja, do que chamamos espírito científico, pelo menos em suas raízes, representa um notável progresso, visto pela nossa ótica, ou, em outras palavras, em relação no que nos transformamos e no que ainda nos faz viver.

Tal fato não justifica em si mesmo a existência de Assiriologistas e de toda obra à qual nos dedicamos?

 

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