A Aventura (Re)Começa: Rumo ao Templo dos Mistérios da
Antiga Mesopotâmia
Respire profundamente algumas vezes e feche os olhos. Relaxe, deixe a Realidade Física, o mundo que o(a) cerca por alguns momentos de lado, na certeza de que se algo importante chamar a sua atenção, você estará de volta no mesmo instante ao Mundo Físico. Neste momento, você está sendo convidado (a) para seguir numa jornada rumo ao Templo dos Mistérios da Antiga Mesopotâmia. Com os Olhos da Imaginação, você se vê caminhando por entre uma névoa de luz. Você caminha com segurança, e aos poucos, as brumas se abrem e você se vê num porto, de uma cidade que não é nem moderna, ou antiga, mas que pertence a todos os Todos os Tempos e Espaços.
Uma brisa leve sopra no ar, trazendo um cheiro de mar. O porto está cheio de embarcações de todos os tipos, de todas as épocas, e você se detém um momento para admirar as linhas elegantes das naus que parecem mais antigas. Uma, em especial, está sendo descarregada, e você vê que dela saem os mais diversos produtos. Você vê produtos agrícolas, como cereais e cevada, sendo descarregados, e outros produtos, como animais domésticos, implementos agrícolas, como o arado, tijolos de argila para construção e outros tijolos inscritos com caracteres que você reconhece serem em escrita cuneiforme, a escrita dos Mesopotâmicos antigos. Você entende que esta nau vem exatamente das grandes cidades da Terra Entre os Rios Tigre e Eufrates, e que tais produtos mostram os valores de uma civilização milenar que tanto mantinha uma próxima à natureza, como também apreciava a cultura e, quem sabe, pelo que você vê de implementos agrícolas de diversos tipos e tamanhos, também a tecnologia.
Mas o tempo, pois você quer ir em frente. Mas para onde?
" Para o Leste", parece-lhe sussurrar uma voz interior, " onde a cada manhã aparece antes da aurora a Estrela Matutina cheia de esplendor".
E é também ao Leste que se ergue a cidade, compacta dentro das muralhas que lhe dão proteção. Você pára por uns breves momentos para admirar as paredes trabalhadas. Principalmente os desenhos e o colorido das muralhas chamam-lhe a atenção: os mosaicos são vibrantes, trabalhados com lápis lázuli, mostrando animais selvagens e cenas de caçadas, entremeadas de figuras humanas dirigindo carruagens, árvores de formas graciosas, cheias de rosetas e carregadas de frutos simbólicos, bem como homens e mulheres. Você entende que as figuras humanas representam tanto homens e mulheres como seus correspondentes divinos, os deuses e deusas. De imediato, você se dá conta que tais mosaicos falam de lendas e mitos de tempos onde começou a memória da humanidade. Você sorri. Um dia, você sabe, será capaz de identificar cada figura das muralhas com um mito ou história sagrada, um deus, uma deusa, herói e heroína, e com este pensamento feliz, você segue em frente.
Como as ruas da cidade ainda estão quase desertas, você intuitivamente sente que estas são as primeiras horas depois do amanhecer no dia da primeira lua nova da primavera. Pássaros cantam no ar, e a cidade está acordando para um novo dia, um novo ano. Sim, definitivamente há um clima de festa no ar, e esta impressão logo se confirma para você ao ver que, finalmente, as pessoas começarem a sair de suas casas nos seus melhores trajes. Você junta-se a elas. Estas pessoas são como você, mas de todas as faixas etárias, etnias e vestimentas. Todos parecem estar convergindo para o centro da cidade, rumo ao Templo e à Torre Sagrada, o ziggurat, o ponto onde o Céu se une à Terra, que estão situados no centro desta cidade dos Mistérios. Algumas pessoas trazem oferendas diversas, flores, frutos, etc. Se você quiser, pode pensar num presente ou oferenda para oferecer ao templo. Pense, e o que você quiser irá se manifestar na sua mão. Quem sabe uma flor, uma vela de cores alegres, um pedido especial? Faça seu desejo, e ele se concretizará. Ou você pode escolher nada levar, sendo sua presença já um presente. Algumas destas pessoas sorriem para você ao passar. Você sorri de volta, mas segue o seu caminho rumo ao templo. Haverá tempo para fazer contatos mais tarde.
Neste momento, você ouve o som de harpas e tamborins ao longe, pulsando num ritmo alegre e envolvente, e uma alegria imensa enche seu coração. À medida em que sua consciência se expande para abranger as realidades mais sutis, o rufar dos tambores parece ser o pulsar do universo, energia que se sente, mas não se vê, e que está presente em toda a criação, desde o início dos tempos.
" O essencial é muitas vezes só é visto com os Olhos do Espírito", sussura-lhe no ouvido a Voz Interior na qual você sabe poder confiar, pois Ela é a Verdade que se traduz em poesia que, você sabe, vem de uma sabedoria maior do que você.
Ao seu redor, homens e mulheres, velhos, jovens e crianças começam a cantar. Você sabe que este canto é entoado em todos os idiomas conhecidos, mas (maravilha das maravilhas!), você sente também que a letra das canções lhe são velhas conhecidas. Sua voz junta-se às deles. O templo agora está bem à sua frente, de linhas retas, imponentes e graciosas, cercado por um grande jardim, cujo ponto central parece ser uma Árvore carregada de Frutos, a Árvore da Vida, cujos Frutos são o Conhecimento para Melhor Servir à Natureza em todos os mundos. As muitas portas do templo estão abertas para todos. Na entrada principal, você vê sacerdotisas e sacerdotes sorridentes, dando as boas-vindas aos que se aproximam dos Pilares Sagrados da Misericórdia e da Severidade. Dois em especial, chamam a sua atençâo. Você intuitivamente sabe que ela e ele sao respectivamente a Alta Sacerdotisa e o Alto Sacerdote deste templo dos Mistérios, e eles lhe sorriem. Você é mais do que bem-vindo neste lugar.
Sentindo-se cada vez mais confiante, você percebe que seu caminho, a sua entrada para explorar o templo dar-se-á pelo Caminho do Centro, em busca do Fundação, da Beleza e do Auto-Conhecimento para chegar à Fonte de todos os Mistérios em Todos os Mundos, a Primeira Emanação do Divino, que está presente em tudo o que foi, é e será. Passando os Pilares, mas logo a frente deles, como numa perfeita continuação, duas estátuas atraem o seu olhar. Ambas estão situadas lado a lado, separadas por um altar de cubos duplos, sobre o qual está uma tocha de grande brilho e fulgor. Você deixa seus olhos admirarem as duas estátuas, cuja beleza fala de algo mais do que humano. Uma, a de uma deusa, a outra , a de um deus. Os dois são os símbolos do Eterno, do Princípio Masculino e Feminino, Distintos mas Complementares em sua Essência em todas as Esferas. Uma delas atrái em especial a sua atenção, e aos pés da Deusa ou do Deus é que você se detém numa breve prece ou para depositar sua oferenda.
Está na hora de voltar para o Mundo Físico. Antes de sair, você se despede da divindade escolhida, não sem antes contemplar o brilho da tocha, que parece ficar mais alegre com a carícia do seu olhar.
Você volta então para a entrada do templo, faz um aceno para a Alta Sacerdotisa e o Alto Sacerdotes, que lhe retribuem o cumprimento com um sorriso. Você sabe que depois desta primeira visita, poderá retornar quantas vezes quiser para explorar o Templo dos Mistérios.
Você acabou de fazer uma viagem de ida e volta ao mundo onde o riso, a paixão, a força e a sabedoria de Inana e Enki de 10.000 nomes reinam soberanos. Que a sua estada neste espaço dos Mistérios da Antiga Mesopotâmia tenha-lhe trazido inspiração e graça em todas as esferas de sua vida, agora e para sempre, e que você permaneça sempre no riso e na sabedoria da Deusa e do Deus!
Luz de Ishtar, Julho 1998 (originalmente feito para a Revista Europa, editada por Isobel da Lusitânia)