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A ESCOLHA DE ERESHKIGAL


 Ereshkigal, a irmã gêmea de Enki, é também a poderosa e temida deusa do Mundo Subterrâneo, as Grandes Profundezas, a terra dos ancestrais, da justiça e do após-morte. Pois foi assim minha experiência de como ela escolheu o Mundo Subterrâneo para seu reino. Mito de dragão capturando a donzela ou a donzela prendendo para sempre o poderoso dragão?

 Foi há muitos e muitos milênios atrás, mas nos primeiros tempos, depois que Anu, o deus do firmamento, foi separado de Ki, a montanha cósmica e Terra Mãe, sua esposa muito amada. Das esferas mais altas dos céus, as lágrimas que Anu verteu por Ki desceram para encontrar as águas do mar de Mãe Namu, que em seu seio, com carinho e compaixão, a inconsolável tristeza de Anu acolheu. Do abraço, do consolo e do aconchego que o Deus do Firmamento buscou nas águas profundas do mar, Namu fez nascer um casal, um menino e uma menina, gêmeos perfeitos, a quem um destino maior estava reservado. Ele, Enki foi chamado; ela, Ereshkigal.

`A medida em que o tempo passou, Enki e Ereshkigal cresceram com as bênçãos da aurora da criação. Se terra firme era o lar, e Enlil, o jovem deus do Ar, o melhor irmão que os gêmeos podiam desejar, era o mar o local preferido para passar o tempo e inventar toda sorte de folguedos. Curiosos, alegres e muitas vezes demonstrando uma sabedoria maior do que seus poucos anos, irmão e irmã muito brincavam todo dia nas águas profundas do mar de Mãe Namu. Mas enquanto Enki gostava de passar horas boiando na superfície das águas, Ereshkigal preferia as profundezas do mar, mergulhando em todo lugar.

- Ereshkigal! Onde está você? Volte deste mergulho tão longo, certo? Por que você tem de se esconder no fundo das águas quando há tanto para ver e fazer aqui fora também? Perguntou Enki com um suspiro.

- Uma pergunta retórica, irmaozinho, sem duvida, interviu Enki, com um sorriso divertido do ponto onde o jovem deus do Ar montava guarda sobre o Duku, a montanha sagrada e câmara da criação, honrando assim o juramento que fizera `a Grande Deusa e Terra Mãe, Ninhursag-Ki. Ereshkigal vai voltar para nós daqui a pouco. Pelo menos, eu posso muito bem passar alguns minutos sem ter de responder a todos os inúmeros por quês e para quês de Erehkigal!

- Isto eu ouvi, Enlil! Replicou Ereshkigal, aproximando-se rapidamente da costa na crista de uma onda. E creio que não posso ficar impassível frente a esta observação. Ao ataque!

Imediatamente, entre risos, Ereshkigal começou a reunir todos os esforços para levantar uma poderosa parede de água e espuma para molhar a rocha onde Enlil estava sentado. Tanto Enlil quanto Enki, que estava boiando no mar, justamente no meio do caminho entre Ereshkigal e Enlil, alegremente alarmados, buscaram alguma cobertura. Será que conseguiriam escapar da zanga molhada de Ereshkigal.... desta vez?

O que, evidentemente, eles não puderam fazer. Com um sorriso satisfeito, Ereshkigal, pingando água e tão fresca e saudável quanto as mais límpidas fontes da água da terra, sentou-se aos pés de Enlil e Enki.

- Então eu faço perguntas demais, meus irmãos? Pois com certeza! Eu quero saber e para saber eu devo primeiro perguntar. Pelo menos, e’ o que sinto que devo fazer, explicou pela milésima vez Ereshkigal, ignorando as expressões divertidas e resignadas de Enlil e Enki.

Ela prosseguiu com confiança:

- Há todo um mundo novo dento do mar, e creio que também no interior de tudo o que existe. Não sei direito como explicar, porque este mundo que sinto existir não e’ algo que se possa com as mãos pegar, como se faz no Mundo Físico, ou com as águas do mar. De alguma forma, porém, sinto este mundo intangível dentro de mim. Ele é sutil e envolvente, intenso, mas não tão diferente do que se passa aqui fora. De fato, e’ como se o mundo interior refletisse o mundo exterior, e vice-versa. Um dia, irei saber mais a respeito deste mundo novo. Pois enquanto você, Enlil, faz os planos da criação, e você, Enki, confere forma e sentido exterior a estes mesmos planos, talvez o que me interesse, a minha busca e jornada seja exatamente o intangível, a forca interior que une planos, formas e imagens em combinações de todas as sortes. Não sei ao certo como explicar, mas deve existir um modelo interior que liga palavras, formas, imagens e seres num todo, e e’ este modelo que quero compreender. Como, ainda não sei. Mas tenho uma vida pela frente para descobrir.

Uma sombra ligeira obscureceu a face sorridente e interessada de Enlil.

- `As vezes, bem que eu queria ver o mundo da forma com que o vês, Ereshkigal, para explicar o inexplicável. Vejamos Kur, por exemplo, e nossos irmãos e irmãzinhas que o seguiram aos confins do mundo. Por que eles são tão diferentes de nós, por que eles abandonaram a segurança do Duku, a montanha da criação, por que eles nos deixaram, indo para além das águas da Mãe Namu, mudando-se para tão perto de onde não queremos ir?

- De novo preocupado com Kur e os Guardiões das Trevas, Enlil? Por que você não os aceita pelo que são, energia pura, sem reconhecer controles ou limites? Perguntou Ereshkigal. - Ah, Ereshkigal, se tivesses visto Kur e os outros, entenderias a minha preocupação. Eles são tão diferentes de nós, tão instáveis e zangados.

- Mas por que teríamos de ser todos iguais, Enlil? Observou Ereshkigal. Sinceramente, basta olhar para ver que somos todos bem diferentes em forma, apesar de alguma semelhanças na aparência. Mas há alguma coisa mais que todos compartilhamos, e é nela em que todas as diferenças se fundem ou perdem o sentido, não sei bem ainda como explicar, porém. Posso estar bastante errada, Enlil, mas acho que se fixarmos a atenção em alguns detalhes exteriores, podemos correr o risco de perder outros detalhes que, apesar de não serem tão evidentes, conferem significado maior ao todo. O que existe no interior pode, quem sabe, também revelar e completar o exterior, basta saber procurar. E creio que isto vale para tudo o que existe, uma pedra, uma planta, um animal e para nós também.

- Sábias palavras, irmãzinha! Eu creio que algumas vezes levo demais a sério o meu compromisso de zelar pelo bem-estar de toda a terra, concordou Enlil. Mas amando a terra e a todos os meus irmãos, por tê-los visto nascer na aurora da criação, eu gostaria de entender Kur e todos os outros. Seja como for, eu, com toda certeza, mesmo se pudesse, não gostaria de visitar o lugar onde Kur e os outros escolheram viver. Onde quer que seja este lugar, concluiu Enlil.

- Sabem de uma coisa? Disse Ereshkigal, depois de pensar por alguns minutos. Eu tenho muita curiosidade a respeito de tudo aquilo que não conheço. Também não tenho receio do que ainda não sei, pois como poderia, se outras realidades ainda não experimentei? Gostaria de conhecer melhor até mesmo este Kur difícil de entender, Enlil. De fato, eu estou muito curiosa a respeito de Kur e dos confins do mundo, onde ele se refugiou. Onde ficam os confins do mundo, a propósito? Onde começa o Mundo Subterrâneo, talvez?

- Ninguém, só Kur e os outros foram aos confins do mundo, portanto não sei lhe dizer, respondeu Enlil com franqueza. Também creio que onde o Mundo Físico termina, começa o Mundo Subterrâneo. Mãe Namu disse que as Grandes Profundezas se estendem tão alto quanto o firmamento e vão tão fundo quanto as águas do mar. E além.

- Que maravilha! Um novo mundo onde ninguém jamais foi ou sobre o qual mal se sabe a respeito, encantou-se Ereshkigal. - Ah, irmãzinha, algumas vezes eu gostaria que mostrasses mais respeito pelo que ainda não sabes ou conheces. Só por segurança, suspirou Enki.

- Mas eu tomo os meus cuidados. Mesmo perguntadora e curiosa como sou, eu não corro riscos desnecessários.

‘ Mas não acho que Kur e o Mundo Subterrâneo, as Grandes Profundezas, sejam um risco tão perigoso assim,’ Ereshkigal pensou, mas guardou esta observação para si. ‘ Diferentes do usual, por isso desconhecidos, isto sim, mas perigosos, será? Não e’ o que eu sinto, e como gostaria de descobrir... um dia

E assim foi que Ereshkigal, a filha de Namu, as Águas do Mar e da saudade que Anu, o firmamento, sentiu por Ki, a irmã adorada e grande companheira de todos as horas e folguedos de Enki, cresceu com o desejo de conhecer o desconhecido e descobrir os meandros de padrões não explícitos. Todos os dias, ela e Enki saíam para brincar e explorar o mar, e ao voltar, Ereshkigal tinha sempre que a respeito de tudo e todos a Enlil perguntar. A cada dia, Ereshkigal mergulhava mais e mais fundo, nadava distâncias maiores, cada vez mais aproximando-se da linha do horizonte e dos confins do Mundo Físico. Ao voltar, pois Ereshkigal sempre voltava, ela estava quase sempre fisicamente cansada, mas cheia de energia e paixão pelos mundos que percebia existir além da superfície da percepção. Mais do que nunca, outras tantas perguntas também se formavam na mente curiosa de Ereshkigal, mas respondê-las todas não era mais a prioridade e desafio maior.

"Antes, eu queria todas as respostas, como se Saber fosse o Fim e não o Meio " raciocinava Ereshkigal. " Agora, quero todas as perguntas, quero a Eterna Aventura de Descobrir, e que esta Aventura nunca acabe, enquanto eu viver, tal qual um caleidoscópio de cores e formas, sempre girando e formando combinações de todas as sortes. Conhecimento e’ uma ferramenta, mas o que realmente importa e’ o fogo espiritual que dá sentido ao que se aprende ao se fazer as perguntas certas, ao se colocar em ação no mundo o que se pensou e descobriu para construir. Ah, como eu quero jamais deixar de fazer perguntas, e me maravilhar ante as respostas que conseguir revelar! "

Ao mesmo tempo, uma certeza maior também crescia dentro de Ereshkigal, sobre a qual ela também calava, com receio de Enki e Enlil magoar.

 

Algum tempo depois, num belo dia, Ereshkigal escolheu não mais retornar ao Mundo Físico. Isto aconteceu quando ela, tendo nadado ate’ perder de vista terra firme, por tanto tempo que não saberia dizer ao certo, encontrou Kur (foi ele quem a encontrou?), juntamente com os pequenos irmãos e irmazinhas de energia instável, a um tempo tão ferozes, os coitados.

Onde a terra, os mares, o Mundo Físico terminavam, lá se encontravam Kur e os Guardiões das Trevas, espalhados pelos limites da terra, na entrada do Mundo Subterrâneo. Tão solitários e isolados, pois todos estavam todos separados, mantendo seus espaços claramente delimitados. Eles também pareciam bastante ameaçadores.

‘ Tanta dor e solidão, tanta raiva e desejo por algo que eles nem sabem como definir, ou fazer um pequeno ou grande esforço para obter, ‘ Ereshkigal pensou, mas não disse uma palavra. " Não creio, porem, que sejam de todo maus. Só muito instáveis e irritados, e isto pode, naturalmente, torná-los extremamente complicados

Fiel a ela mesma, Ereshkigal lutou contra qualquer sentimento de medo ou revulsão que viesse de dentro e fora dela, para aceitar Kur e os raivosos irmaozinhos e irmazinhas pelo que realmente eram. Era verdade que eles realmente eram diferentes de tudo e todos que Ereshkigal havia conhecido até então, mas este fato não os fazia ameaçadores para ela. Kur e seus companheiros eram.... diferentes. De fato, Kur principalmente, com a sua pele escamosa, asas poderosas, Serpente Primordial e jeito feroz de dragão, parecia ser e ter a energia, a vitalidade da Terra Bruta, antes de ser trabalhada pelo esforço calmo e concreto da civilização. Kur era na verdade uma Fera, mas Ereshkigal sentia que havia beleza também dentro dele. E não importa o qual ameaçador ele quisesse parecer, Ereshkigal ainda não tinha medo dele, só a cautela natural ao se defrontar com o Desconhecido. De uma coisa, porém, Ereshkigal tinha a maior certeza: ela queria abraçar o desconhecido em Kur, nela mesma e ir além.

- Eu não tenho medo de ti, Kur, ou de vocês também, ela falou em alto e bom tom para ser entendida por todos. Tu és meu meio-irmão, Kur, bem como todos os outros espalhados por aqui. De alguma forma, eu sei que há beleza dentro de todos vocês, mesmo se vocês não tenham olhos para vê-la. Mas eu tenho. Ah, Kur, mergulha fundo na tua essência, e busca pela semente que trouxe a mim, a ti e a tudo o que existe à vida. Eu também vim daquela semente. Lá, neste exato lugar, encontrarás o que nos une, o que nos faz um com a Unidade, que criou todos os mundos, existências e diversidades. E para te provar que estas não são só meras palavras, vou fazer exatamente o que acabei de te dizer. Por ti, Kur. Para te entender. E a mim mesma também.

Ereshkigal então mergulhou na imensidão da perda e solidão de Kur, abrindo totalmente seu corpo, alma, mente, coração e espirito para ele. Somente desta forma ela seria capaz de descobrir todos os porquês dele. E os dela também.

- Eu jurei desafiar e lutar até o fim contra todos os que se aproximassem de mim, disse Kur.

- E eu aceito o desafio, respondeu Ereshkigal, se tiver o direito de estabelecer as regras do jogo. Eu vim de muito longe para chegar até aqui. Eu também quero desafios, Kur, pois anseio pelo estimulo de novas descobertas, mas não quero ou faço questão do combate sem razão, a destruição ou a guerra. Meu estandarte e’ a Tocha dos Espirito, meu Desafio Maior é mergulhar na Essência que nos faz um com todas as Existências, em todos os mundos. Tu és um grande desafio para mim, meio-irmão. Sinto que preciso entender-te tão bem quanto a mim mesma ao longo deste processo.

‘ Por que queres tanto isto?"

Ereshkigal ouviu a pergunta na sua mente, pois a proximidade com Kur era agora mais do que física.

- Nem eu mesma sei muito bem por que, mas simplesmente tenho de fazer isto. Talvez para crescer na compreensão do que sou, de quem e o que tu e nossos irmãos são. Para aprender e compartilhar deste conhecimento, que surge do meu desejo de fazer algo melhor em todos os mundos. Desta forma, quando eu tiver crescido em sabedoria a respeito de todas estas coisas, talvez eu mereça a minha coroa num mundo, num reino totalmente novo e inexplorado, ela respondeu com clareza.

A face de Kur retorceu-se toda, provavelmente no equivalente a um sorriso, pois a voz dele soou leve, com indisfarçável interesse:

- Diferente, quão diferente dos outros tu és, meio-irmã! Não vou lutar contigo... pelo menos não por agora. E onde é este novo reino, onde desejas conquistar a tua coroa? O que é ele também?

Ereshkigal voltou-se e apontou à distância, onde o Desconhecido, as Grandes Profundezas se situavam, ainda totalmente inexploradas.

- Lá, ela disse, bem longe, o Mundo Subterrâneo, as Grandes Profundezas, onde a aparência não conta, só a Essência. Talvez eu vá mais longe se explorar as Grandes Profundezas em todos os aspectos de minha vida. Talvez assim eu conquiste um novo mundo tambem. Quem sabe?

Kur aproximou-se mais e mais. Ereshkigal ficou firme no seu lugar, apenas esperando. Por isso, apesar de Kur poder pensar que era ele quem a estava fechando o cerco sobre ela, na realidade era ela, Ereshkigal, quem o havia não capturado, pois este não era o fim do Desafio de Ereshkigal. Muito antes pelo contrario, ela o havia cativado, fazendo dele seu companheiro, diferentes, mas parceiros. Desta forma, os dois iriam certamente expandir os horizontes um do outro.

Com o coração batendo, mas mantendo calma aparente, Ereshkigal sentiu sua percepção crescer `a medida em que Kur finalmente também se abria totalmente para ela. Ela sentiu as feridas que Kur tinha dentro de si, e das quais jamais falara ou dividira com alguém, o desejo dele de pertencer a alguém e a algum lugar, que ele jamais havia conseguido expressar. Surpresa, Ereshkigal também se deu conta do quão diferente ela sempre havia-se se sentido. Diferente mesmo de Enki e Enlil, a quem ela amava profundamente, de todo coracao e alma, mas que nunca haviam sido capazes de mergulhar nas profundezas que Ereshkigal almejava conhecer para faze-las suas e crescer.

Ereshkigal soltou um profundo suspiro, e olhou `a distancia por um breve momento, na direção onde Enki e Enlil provavelmente se encontravam naquele momento, em terra firme. Talvez a jornada de Ereshkigal fosse outra. Ela se voltou para Kur.

- No que irei me transformar a partir de agora, eu mesma devo descobrir, foi o seu comentário cifrado para Kur. Mas sabia que ele havia entendido o que era-lhe por enquanto difícil falar em voz alta.

- Tens... temos uma longa tarefa pela frente, Kur respondeu.

- Talvez se eu, se nós deixarmos cada dia trazer o que tiver para oferecer, e ver o que pudermos fazer com o conhecimento obtido, daí quem sabe possamos construir algo que chegue para ficar. Algo diferente, que nos faça crescer e compartilhar no mundo, trazendo um significado maior para a minha, a nossa e outras existências. O que achas? Será que vais gostar de ser meu companheiro nesta viagem?

Pensativa, mas com um sorriso encantador, Ereshkigal estendeu a mão para Kur, que retribuiu o sorriso e segurou na sua a mão delicada de Ereshkigal. Juntos, eles cruzaram o limiar para o Mundo Subterrâneo.

Sentir e experimentar o Desconhecido eram duas coisas que Ereshkigal sempre havia desejado. Neste momento, ela escolheu desbravar fronteiras não antes exploradas, ir aonde ninguém tinha ousado, ficar para sempre nos caminhos ainda não trilhados das Grandes Profundezas.

‘ Encher o vazio deste mundo com o meu ser, ajudar Kur e a outros tantos a olhar para dentro para poder crescer,’ foi o pensamento de Ereshkigal, o desejo de sua alma.

A voz de Ereshkigal então ressoou forte e clara em todos os mundos da Criação, as Esferas Mais Altas, o Mundo Físico, nos confins da terra e, pela primeira vez, no Mundo Subterrâneo, nas Grandes Profundezas:

- Eu escolho as Grandes Profundezas, o Mundo Subterrâneo para meu Reino.

Ereshkigal havia encontrado a Grande Aventura, a Jornada Maior de sua vida. Sem olhar para trás, ela cruzou o limiar para o Mundo Interior, para nunca mais voltar.

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