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PARTE II - SENHORES DA PAIXÃO, MÁGICA, CORAGEM E ALEGRIA:

DEUSES DA MESOPOTÂMIA


Uma pintura favorita de um xamã, de Susan Seddon-Boulet

De Lishtar

A recuperação do Divino Masculino apaixonado, corajoso, mágico e cheio de alegria constitui um passo tão importante quanto a recuperação do Divino Feminino para restabelecer a compleitude e o equilíbrio da psique humana. Especialmente no Ocidente, dois milênios de patriarcado restringiram o Divino Masculino às figuras do pai-todo-poderosos e do filho-muito-amado-que-é sacrificado, ambos sem a companhia do Divino Feminino, reduzindo assim enormemente a experiência do Divino Masculino em muitas esferas tanto para os homens como para as mulheres. Sem dúvida, eu afirmaria que existe em nossos dias uma necessidade fundamental de unir as imagens do Divino Masculino e Feminino como forças complementares e não opostas, a fim de se criar condições para uma real igualdade em todos os níveis, mental, emocional, físico e espiritual para todos, ou seja, homens e mulheres de nossos dias e futuras gerações.

Talvez alguns dos mais apaixonados, corajosos, mágicos e ditosos espelhos de masculinidade e compleitude dos tempos antigos possam ser encontrados na Mesopotâmia. A civilização brilhante que se desenvolveu entre os rios Tigre e Eufrates no alvorecer da história deixou como legado seus escritos em tábuas de argila que mostram diferentes formas de ser divino em ambos os sexos. O foco da série de ensaios que seguem será o Divino Masculino na Mesopotâmia, baseado em arquétipos ou imagens dos deuses daquela região. Através destas imagens, visamos mostrar que há muito mais na experiência de ser homem e deus que envolve mais do que ser apenas um pai onipotente ou um filho amado que se sacrifica por todos.

Para fins deste trabalho, arquétipos são descritos como imagens primordiais que são parte da psique humana e que mostram verdades universais e espirituais. A análise dos arquétipos escolhidos será baseada em mitos mesopotâmicos. Mitos podem ser descritos como narrativas usadas pelas civilizações para tentar fazer suas experiências compreensíveis para seus membros. Isto é feito através de imagens grandiosas, que atribuem valores filosóficos aos fatos da vida, do mundano ao extraordinário.

Fundamentalmente, os mitos mesopotâmicos abordados a seguir irão mostrar representações dramáticas das aspirações humanas e percepção do universe que irão revelar o Divino Masculino como um caleidoscópio, representando diversas formas de ser Homem, Divino e Humano, em todos os mundos: conheceremos em mais detalhes o Senhor do Firmamento, e amado da Mãe Terra, o Senhor dos Elementos, o Consorte Divino, o Fazendeiro-Guerreiro e Metalúrgico, a Criança Divina, o Senhor dos Animais e da Floresta, o Rei-Pastor, o Sábio que prefere a Existência que ele vai ajudar a construir aqui e agora, o Deus da Guerra e Juiz da Mansão dos Mortos, o Senhor da Mágica e da Sabedoria, o Escriba Dos Deuses, etc.

Deve-se salientar também que mitos envolvem valores políticos e morais da cultura fonte, que é neste caso a da Mesopotâmia, enquanto que ao mesmo tempo fornecem ferramentas para que possamos interpretar as experiências individuais e coletivas de uma comunidade específica dentro de uma perspectiva universal. É exatamente dentro desta perspectiva que os Deuses Mesopotâmicos ressurgem para tanto nos ensinar. A imagem de Deus como uma força poderosa e cheia de facetas é algo de grande importância tanto para os homens como para as mulheres de nossos dias, para que ambos possam ficar mais familiarizados com fontes de poder masculino que transcendam inclinações sexuais, que ultrapassem os limites da relação pai-e-filho ou o conceito do herói sacrificado. Na Mesopotâmia, as múltiplas facetas do Masculino em Relação com o Divino Feminino mostram um maior equilíbrio entre os sexos como manifestações de força secular e espiritual, e não alienação ou subserviência de um pelo outro.

A seguir, iremos analisar algumas faces do Divino Masculino, e nossa inspiração serão os mitos, hinos e poemas inscritos em tábuas de argila com o sistema de escrita cuneiforme inventado pelos antigos Mesopotâmicos, material este datado de tempos pré-bíblicos. A apresentação destes grandes arquétipos visa demonstrar a atualidade e sabedoria profundas que tais textos e personagens ainda guardam para nós aqui e agora.

Este é um trabalho em desenvolvimento, pois havia no mínimo 3.000 divindades na Antiga Mesopotâmia. Seja o que for que tentarmos reconstruir aqui e agora deve ser visto como um esforço genuíno que, mesmo incompleto, pretende ser um tributo aos Deuses de nossos ancestrais de alma.

"Alma cega, arma-te com a Tocha dos Mistérios e na noite da Terra, deves encontrar teu Guia Divino. Segue-o(a) pois Ele(Ela) têm as chaves de tuas vidas, passadas e ainda por vir" " (Gerhardt Dorn, alquimista suíço do século XVII) .

 

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